Dólar sobe após Brasil e EUA divulgarem decisões sobre juros
Mercado reage às decisões do Copom e do Federal Reserve, com impacto na bolsa e projeções sobre a inflação.
- Data: 30/01/2025 14:01
- Alterado: 30/01/2025 14:01
- Autor: Redação ABCdoABC
- Fonte: FOLHAPRESS
Crédito:Divulgação/Freepick
O mercado financeiro brasileiro observou uma elevação no valor do dólar nesta quinta-feira, dia 30, refletindo as recentes decisões sobre taxas de juros no Brasil e nos Estados Unidos.
No cenário internacional, o Federal Reserve (Fed) manteve sua taxa de juros inalterada, interrompendo uma sequência de cortes. Já o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil decidiu aumentar a taxa Selic em 1 ponto percentual, elevando-a para 13,25% ao ano, conforme previsto pelo mercado.
Às 12h13, a cotação do dólar apresentava um aumento de 0,47%, chegando a R$ 5,894. Em contrapartida, a Bolsa de Valores brasileira registrava alta de 1,74%, atingindo 125.586 pontos.
A reunião do Copom foi a primeira sob a liderança de Gabriel Galípolo, considerado próximo ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A decisão foi unânime e abriu espaço para um novo aumento na próxima reunião em março, citando um “cenário adverso para a convergência da inflação”. No entanto, o Copom evitou se comprometer com um ritmo específico de ajuste para maio.
A Selic tem como principal função controlar a inflação. O último boletim Focus indica que o IPCA deve fechar o ano em 5,50%, acima da meta de 3%, que tem uma margem de 1,5 ponto percentual.
Diante da expectativa de inflação elevada, especialistas sugerem que a taxa de juros pode ultrapassar 15% ao ano. Sem ajustes fiscais adequados para equilibrar as contas públicas, juros altos se tornam necessários para conter os preços.
O economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini, alertou que o ciclo de alta da Selic pode se estender mais do que o previsto: “Esperávamos que a Selic chegasse até 15%. Agora teremos que reavaliar essa expectativa com base na ata do Copom da próxima semana e podemos chegar até níveis próximos a 16%.”
Por outro lado, a falta de diretrizes claras para além de março gerou interpretações divergentes sobre o pico da Selic. O Copom reforçou que a intensidade do aperto monetário dependerá do compromisso com a convergência da inflação, considerando fatores como preços, expectativas do mercado e nível de atividade econômica.
O analista de mercados do Ebury Bank, Eduardo Moutinho, observou que o tom do comunicado sugere que a Selic terminal pode não alcançar os níveis esperados anteriormente: “Embora o tom tenha sido firme, não ficou claro se a nova gestão adotará uma postura tão rigorosa quanto a anterior.”
Essa percepção impactou a curva de juros, onde as taxas futuras para contratos curtos caíram mais de 10 pontos-base na sessão. O Ibovespa acompanhou a tendência positiva, com quase todas as ações em alta.
Nos Estados Unidos, o Fed manteve sua taxa entre 4,25% e 4,5%, como esperado. O novo comunicado omitindo progresso na redução da inflação reforçou que os preços seguem elevados.
A inflação americana acima da meta de 2%, um mercado de trabalho forte e incertezas políticas levaram o Fed a adotar uma postura mais cautelosa, com menos cortes nas taxas até 2025.
Em coletiva, Jerome Powell, presidente do Fed, afirmou que ainda é cedo para avaliar os impactos das políticas e que é necessário mais tempo para entender suas implicações.
Desde sua campanha eleitoral, Trump tem defendido tarifas sobre importações da China, o que, segundo especialistas, poderia afetar fluxos comerciais e aumentar custos internos nos EUA.
Enquanto isso, o Banco Central Europeu (BCE) cortou suas taxas novamente e sinalizou possíveis novos afrouxamentos monetários, diante do risco de estagnação econômica no continente.
Os dados do PIB dos EUA no quarto trimestre de 2024 indicaram um crescimento de 2,3%, abaixo dos 3,1% do trimestre anterior, evidenciando uma desaceleração econômica.