Dólar e Bolsa fecham estáveis, com incertezas sobre contas públicas e dados fortes dos EUA

O dólar fechou próximo à estabilidade nesta quarta-feira (30), com alta marginal de 0,03%, cotado a R$ 5,764. 

  • Data: 30/10/2024 19:10
  • Alterado: 30/10/2024 19:10
  • Autor: redação
  • Fonte: Folhapress
Dólar e Bolsa fecham estáveis, com incertezas sobre contas públicas e dados fortes dos EUA

Crédito:Reprodução

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A tônica do dia foi a repercussão da fala do ministro Fernando Haddad (Fazenda) da véspera, quando afirmou que não há prazo para o anúncio de medidas de contenção de gastos do governo. A moeda, que chegou a R$ 5,792 na máxima desta sessão, perdeu força no meio da tarde, em reação a novas declarações do chefe da ala econômica. 

O impulso inicial para o dólar também veio de dados do PIB (Produto Interno Bruto) e do mercado de trabalho dos Estados Unidos, em meio à proximidade do fim da disputa entre Donald Trump e Kamala Harris nas eleições da semana que vem. 

Já a Bolsa rondou a estabilidade neste pregão e fechou com leve variação negativa de 0,06%, aos 130.639 pontos. 

O mercado doméstico seguiu receoso quanto ao compromisso do governo com o equilíbrio das contas públicas. 

Na terça-feira (29), o dólar fechou em forte alta de 0,95%, cotado a R$ 5,762, puxado por um cenário externo adverso e impulsionado por declarações de Haddad. Essa foi a maior cotação para a moeda americana desde 29 de março de 2021, quando fechou em R$ 5,767. 

Em entrevista a jornalistas na terça, o chefe da ala econômica disse que as propostas de corte de gastos prometidas pelo governo estão sob análise do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e que cabe ao presidente definir quando o conjunto será fechado. 

A pretensão de encaminhar ao Congresso Nacional ainda em 2024 um pacote de revisão de gastos estruturais foi anunciada pela ministra Simone Tebet (Planejamento e Orçamento) em 15 de outubro. Na ocasião, afirmou que as medidas seriam enviadas após as eleições municipais, findadas no último domingo. 

O anúncio foi um aceno da ala econômica às preocupações do mercado quanto à estabilidade fiscal. Para os agentes financeiros, é preciso ajustes na ponta das despesas, e não só reforços na arrecadação. 

Para Matheus Massote, especialista em câmbio da One Investimentos, o fato de o pacote fiscal ainda precisar da aprovação de Lula pode “dificultar o processo e afastar a concretização das medidas”. 

Em resposta à reação do mercado, Haddad se reuniu com Lula no Palácio da Alvorada no final da noite de terça, em encontro que não estava previsto pelas agendas oficiais. Também participaram da reunião o futuro presidente do BC (Banco Central), Gabriel Galípolo, que é ex-número dois da Fazenda, além de Dario Durigan e Guilherme Mello, atuais secretários da pasta. 

Já nesta quarta, Haddad disse que há convergência com a Casa Civil em torno da elaboração do pacote, mas ressaltou que o plano passa por análise jurídica e ainda não tem prazo para ser apresentado. 

Em entrevista a jornalistas, ele afirmou que deve ser necessário aprovar uma emenda constitucional para efetivar medidas em análise, ressaltando que elas terão “o impacto necessário para o arcabouço ser cumprido”. 

“Tem esse desafio de redação. Invariavelmente, a proposta é de uma emenda constitucional”, afirmou. 

Na entrevista, o ministro afirmou entender a inquietação do mercado, argumentando que uma semana a mais de discussão no governo não vai prejudicar as propostas, mas “melhorar a qualidade do trabalho”. 

“As despesas obrigatórias, (o governo) tem que encontrar uma forma de caberem dentro do arcabouço, é isso que vai dar sustentabilidade”, disse. 

Uma reunião da JEO (Junta de Execução Orçamentária), colegiado de ministros responsável pelas decisões de política fiscal e orçamentárias do governo, ainda ocorre nesta quarta. 

Em princípio, vários temas orçamentários estão na pauta, mas a projeção é que o foro da JEO permita avançar na definição das medidas do pacote de corte de gastos. A reação do mercado à demora do anúncio aumentou o senso de urgência, segundo integrantes da área econômica ouvidos pela reportagem. 

A expectativa pela reunião fez o dólar zerar ganhos perto do fim da sessão, às 16h. “O mercado espera que saía algo ainda hoje sobre o corte, em torno de R$ 40 e R$ 60 bilhões, mas o que está puxando a volatilidade, de forma geral, é o cenário dos Estados Unidos”, diz Gabriel Meira, especialista e sócio da Valor Investimentos. 

A proximidade das eleições presidenciais americanas tem pautado os mercados globais. Uma nova pesquisa divulgada nesta tarde apresentou o ex-presidente Donald Trump com 49,8% das intenções de voto, ante 48,1% para Kamala Harris, atual vice e candidata democrata nesta eleição. 

O levantamento realizado pela Atlas/Intel indica empate técnico dentro da margem de erro, de 2 pontos percentuais. 

A pesquisa endossa a visão do mercado de que Trump poderá sair vitorioso da eleição. As chances de um retorno do republicano Casa Branca marcam 66% na plataforma Polymarket. 

As promessas econômicas de Trump incluem aumento tarifário sobre as importações, especialmente as chinesas, e um possível corte de impostos -medidas que são vistas como inflacionárias e que podem influenciar o Fed (Federal Reserve, o banco central americano) a manter juros elevados por mais tempo. 

Somado a isso, dados fortes da economia foram divulgados mais cedo. O relatório da ADP sobre o mercado de trabalho mostrou que 233 mil vagas foram criadas no setor privado em outubro, ante 159 mil do mês anterior. 

Economistas consultados pela Reuters projetavam uma desaceleração na abertura de vagas para 114 mil em outubro. 

Além disso, o PIB do país cresceu 2,8% no terceiro trimestre, um pouco abaixo da expectativa em pesquisa da Reuters de expansão de 3%, mas com os gastos das famílias e do governo subindo 3,7%. 

O número ainda ficou acima da alta de 1,8% que o Fed considera como um crescimento não inflacionário. 

Os resultados afastaram ainda mais a tese de desaceleração econômica e enfraquecimento do mercado de trabalho dos EUA, o que deve impactar diretamente os próximos movimentos do Fed na reunião da semana que vem. 

A autoridade americana, assim como o BC brasileiro, se reúne entre os dias 5 e 6 de novembro para decidir sobre juros. No encontro passado, o Fed iniciou o aguardado ciclo de afrouxamento monetário com um corte de 0,50 ponto percentual, levando a taxa à banda de 4,75% e 5%. 

Com dados fortes da economia dos EUA, o mercado projeta 98% de chance de um corte de 0,25 ponto ocorrer na semana que vem, segundo a ferramenta CME Fed Watch. 

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  • Data: 30/10/2024 07:10
  • Alterado:30/10/2024 19:10
  • Autor: redação
  • Fonte: Folhapress









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