Dólar e Bolsa em baixa na primeira sessão do ano, enquanto Petrobras dispara
Valor da moeda chegou a atingir R$ 6,226 durante a máxima do dia, mas perdeu força no início da tarde, resultando em sua queda.
- Data: 02/01/2025 17:01
- Alterado: 02/01/2025 17:01
- Autor: Redação ABCdoABC
- Fonte: FOLHAPRESS
Crédito:REUTERS/Amanda Perobelli
Nesta quinta-feira (2), o dólar registrou uma cotação de R$ 6,162, marcando a primeira sessão do ano de 2025. A moeda americana apresentou uma desvalorização de 0,27%, reflexo das expectativas iniciais dos investidores em relação ao cenário fiscal do Brasil e às perspectivas da economia global.
A jornada foi caracterizada pela volatilidade, típica desse período de baixa liquidez. O valor da moeda chegou a atingir R$ 6,226 durante a máxima do dia, mas perdeu força no início da tarde, resultando em sua queda.
Em um pregão estendido devido ao horário de verão nos Estados Unidos, a Bolsa de Valores caiu 0,15%, atingindo 120.106 pontos às 17h. As ações da Petrobras se destacaram ao registrar um aumento superior a 2%, impulsionadas pela valorização do petróleo no mercado internacional.
Os investidores se preparam para o novo ano com foco nas condições econômicas internas e externas. No contexto brasileiro, o cenário fiscal continua sendo o principal ponto de atenção, especialmente após os receios que contribuíram para uma alta significativa do dólar em 2024, quando a moeda subiu 27% em relação ao real.
Especialistas afirmam que o governo tem utilizado receitas temporárias para cobrir despesas crescentes, o que levanta preocupações sobre a sustentabilidade do arcabouço fiscal. Thais Zara, economista-sênior da LCA Consultores, destaca que desde meados do ano passado tornou-se evidente que várias despesas estavam ultrapassando os limites estabelecidos pelo arcabouço fiscal anterior.
“Já vivenciamos essa situação anteriormente com o teto de gastos anterior. As projeções indicavam que as contas públicas voltariam a estar sob regras insustentáveis. O crescimento explosivo da dívida pública gera desconforto entre os investidores”, afirma Zara.
A pressão por cortes adicionais nas despesas é evidente. Em sua última sessão legislativa em dezembro, o Congresso Nacional aprovou um conjunto de medidas de contenção de gastos apresentadas pelo Executivo em novembro. Inicialmente, o Ministério da Fazenda previa uma economia de R$ 70 bilhões entre 2025 e 2026; no entanto, essa estimativa foi reduzida durante a tramitação das propostas.
Os parlamentares protegeram emendas obrigatórias contra bloqueios e relaxaram controles sobre supersalários, além de derrubar mudanças significativas no Benefício de Prestação Continuada (BPC). Tais decisões podem comprometer ainda mais as metas fiscais do país.
Em relação ao cenário internacional, dois fatores principais exercem pressão sobre o mercado: a nova administração dos Estados Unidos sob Donald Trump e as políticas monetárias do Federal Reserve (Fed). “Se Trump cumprir suas promessas de campanha, incluindo aumento de tarifas e deportações em massa, isso pode resultar em medidas inflacionárias significativas.”
Atualmente, as taxas de juros nos EUA variam entre 4,25% e 4,5%, após recentes cortes. A expectativa é que um aumento das tarifas sob a administração Trump leve o Fed a manter ou até aumentar suas taxas de juros, impactando negativamente moedas emergentes como o real.
A crescente atratividade da economia americana durante períodos de juros elevados tende a direcionar investimentos para os EUA, fortalecendo o dólar enquanto afeta negativamente mercados considerados mais arriscados.
Esse movimento já foi parcialmente antecipado no final do último ano; entre outubro e novembro, o dólar valorizou mais de 5% em comparação a outras moedas fortes. Para 2025, as previsões indicam que o dólar continuará em níveis elevados. De acordo com o último boletim Focus do Banco Central, economistas projetam que a moeda encerre o ano cotada a R$ 5,96.
Matheus Massote, sócio da One Investimentos, aponta que as flutuações cambiais estarão intimamente ligadas à performance econômica interna do Brasil: “Embora esperemos um dólar mais forte no próximo ano devido à administração Trump, a valorização ou não das demais moedas dependerá fundamentalmente das ações fiscais adotadas no Brasil.”