Dólar cai e Bolsa brasileira atinge novo recorde: Expectativas altas para juros e inflação
Dólar em leve queda e Bolsa brasileira bate recorde; analistas aguardam decisões de juros em "superquarta" e impactos da IA na economia.
- Data: 27/01/2025 18:01
- Alterado: 27/01/2025 18:01
- Autor: redação
- Fonte: Folhapress
Crédito:Reprodução
Na sessão desta segunda-feira (27), o dólar apresentou uma leve desvalorização de 0,08%, fechando a R$ 5,912. O movimento reflete as reações do mercado às recentes declarações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, acerca das tarifas de importação. Além disso, os avanços da inteligência artificial na China também influenciaram o comportamento dos mercados globais.
Em um marco significativo, a Bolsa de Valores brasileira encerrou acima dos 124 mil pontos pela primeira vez em 2023, atingindo 124.861 pontos, o que representa um aumento de 1,97%. Este avanço ocorreu após um início fraco, onde o índice chegou a cair para 122.206 pontos. Essa pontuação é a mais alta desde 17 de dezembro do ano passado, quando a Bolsa fechou em 124.698 pontos.
Os analistas financeiros se preparam para a chamada ‘superquarta’, quando os bancos centrais do Brasil e dos Estados Unidos anunciarão suas novas taxas de juros. O Banco Central Europeu também divulgará sua decisão na quinta-feira (30).
As expectativas variam entre os diferentes mercados financeiros. No Brasil, o Banco Central já sinalizou um possível aumento na Selic de um ponto percentual, elevando-a de 12,25% para 13,25% ao ano. Em contraste, os analistas americanos preveem que o Federal Reserve manterá sua taxa entre 4,25% e 4,5%, enquanto as expectativas na Europa são de uma redução de 0,25 ponto percentual.
O boletim Focus indicou uma deterioração nas previsões para a inflação brasileira tanto para este ano quanto para o próximo. Economistas aumentaram suas estimativas para a Selic em 2026.
Diante do recesso parlamentar no Congresso Nacional, as movimentações nos mercados têm sido predominantemente influenciadas por notícias internacionais, especialmente relacionadas ao segundo mandato de Trump e suas políticas econômicas.
Na abertura da sessão de hoje, investidores avaliaram as tensões entre os Estados Unidos e a Colômbia, que quase resultaram em uma guerra comercial no domingo (26). No início do dia, o dólar à vista chegou a ser cotado a R$ 5,955 antes de estabilizar. Embora os dois países tenham chegado a um acordo posteriormente, o episódio deixou sua marca nos mercados ao longo do dia.
A ameaça de Trump de aplicar tarifas alfandegárias de 25% sobre produtos colombianos gerou incertezas entre os investidores sobre a continuidade das políticas comerciais rigorosas do presidente americano. O conflito teve origem na recusa do presidente colombiano Gustavo Petro em aceitar voos militares dos EUA com deportados colombianos.
A recusa foi motivada por denúncias envolvendo brasileiros que chegaram algemados ao país e alegaram agressões por parte de agentes de imigração dos EUA. Após retaliações americanas, a Colômbia acabou aceitando os voos e, como resultado, Trump desistiu da imposição das tarifas.
Eduardo Moutinho, analista de mercados do Ebury Bank, comentou: “A imposição de tarifas provavelmente foi apenas postergada e não cancelada. A situação com a Colômbia reforça a imprevisibilidade das ações de Trump e sugere que ainda é prematuro para os mercados retomarem uma busca mais ousada por riscos”.
No cenário internacional, o destaque foi a ascensão do aplicativo de inteligência artificial da chinesa DeepSeek ao primeiro lugar nas listas de downloads da Apple tanto nos EUA quanto na China. Isso levantou questões sobre a liderança americana no setor tecnológico.
A ferramenta chinesa utiliza chips mais acessíveis e requer menos dados que seus concorrentes americanos tradicionais. Essa mudança impactou negativamente as ações das grandes empresas tecnológicas dos EUA, resultando em uma perda coletiva superior a US$ 1 trilhão em valor de mercado apenas nesta segunda-feira.
Empresas como Nvidia viram suas ações despencar 6,9% nas negociações pré-abertas do mercado americano; AMD e Micron Technology recuaram 3,7% e 6,4%, respectivamente. Microsoft e Meta tiveram queda semelhante de 3,3%, enquanto Apple caiu 1,4%. A Alphabet também registrou perdas significativas.
As ações europeias ligadas à tecnologia também refletiram essa tendência negativa devido ao impulso da inteligência artificial chinesa.
Ben Barringer, analista da Guilter Cheviot, destacou: “O sucesso da DeepSeek levanta questionamentos sobre o quanto é realmente necessário investir para desenvolver um modelo competitivo no setor”.
Por outro lado, a Bolsa brasileira seguiu uma trajetória oposta às quedas acentuadas observadas nas bolsas americanas devido à presença reduzida de ações tecnológicas no Ibovespa.
Entretanto, as ações da WEG enfrentaram forte desvalorização durante o pregão – caindo mais de 8% – e fecharam com uma queda total de 7,87%, cotadas a R$ 53,31. Este foi o pior desempenho da Bolsa no dia após uma sequência de seis altas consecutivas.
A movimentação reflete as expectativas em torno da tecnologia chinesa que demanda menos recursos computacionais e data centers potentes; isso penaliza empresas como WEG que fornecem equipamentos elétricos.
No âmbito doméstico, o Banco Central divulgou novas projeções que indicam uma Selic mais elevada até o final do próximo ano e um aumento nas expectativas inflacionárias para 2025 e 2026 conforme evidenciado pelo boletim Focus. As projeções apontam agora para uma Selic em torno de 12,50% até o fim do próximo ano.
A taxa atual está fixada em 12,25% ao ano após um recente aumento significativo promovido pelo Banco Central. A instituição já sinalizou mais duas elevações nas próximas reuniões deste ano.
Por fim, as previsões apontam para um crescimento do PIB brasileiro em torno de 2,06% neste ano – ligeiramente acima das expectativas anteriores – enquanto para 2026 projeta-se uma desaceleração para cerca de 1,72%. Essas informações são cruciais para entender o panorama econômico atual e suas implicações futuras.