Dólar cai e Bolsa bate máxima histórica com força de dados econômicos dos EUA
Por volta das 12h51, a moeda norte-americana caía 0,17%, cotada a R$ 5,460 na venda.
- Data: 15/08/2024 14:08
- Alterado: 15/08/2024 14:08
- Autor: Redação
- Fonte: FolhaPress
Crédito:Freepik
O dólar recuava nesta quinta-feira (15), conforme dados sobre a atividade dos Estados Unidos mostravam uma economia mais forte do que o esperado e continuavam a afastar temores de recessão.
Por volta das 12h51, a moeda norte-americana caía 0,17%, cotada a R$ 5,460 na venda.
Já a Bolsa brasileira avançava 0,79%, aos 134.372 pontos, ultrapassando a máxima histórica de 134.193 pontos registrada no fechamento de 27 de dezembro do ano passado.
Na máxima, chegou a 134.522 pontos, batendo, também, o recorde diário de um pregão durante o período de negociações, atingido em 28 de dezembro de 2024, aos 134.391 pontos.
Novos números vindos dos Estados Unidos continuavam a pintar o cenário da maior economia do mundo para os investidores.
Os pedidos de auxílio-desemprego, divulgados nesta quinta-feira pelo Departamento do Trabalho, diminuíram para 227 mil na semana encerrada em 10 de agosto, ante expectativa de 235 mil de analistas consultados pela Reuters. Na semana anterior, haviam sido 234 mil pedidos, em dado revisado para cima.
Além disso, as vendas no varejo por lá cresceram 1% em julho, bem acima da projeção de 0,3% de economistas. Em junho, os dados, antes em estabilidade, foram revisados para queda de 0,2%.
Na quarta-feira, o CPI (índice de preços ao consumidor, na sigla em inglês) ainda veio em alta modesta para julho, com a inflação em 12 meses caindo abaixo de 3%.
Os novos dados trouxeram ainda mais alívio aos temores de recessão que derrubaram Bolsas pelo mundo na semana passada.
“Nós projetamos um pouso suave (da economia norte-americana)”, afirmou o economista-chefe Suno Research, Gustavo Sung.
A percepção de uma economia mais forte balizava as apostas sobre a política monetária norte-americana. Agentes financeiros dão como certo que o Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA) irá começar o ciclo de cortes de juros na próxima reunião, marcada para setembro, mas com uma redução mais branda por causa da resiliência econômica.
Agora, um corte inicial de 0,25 ponto percentual na taxa de juros, atualmente na faixa de 5,25% e 5,50%, se tornou o de maior probabilidade, com endosso de quase 75% dos investidores, segundo a ferramenta CME FedWatch.
Antes, com os temores de uma desaceleração acentuada na economia, agentes apostavam em uma redução de maior magnitude, a 0,50 ponto, e até especulavam a possibilidade de uma reunião extraordinária do Fed para adiantar o corte.
Somando ao otimismo, duas autoridades do Fed apoiaram publicamente a possibilidade de início do ciclo de afrouxamento monetário no próximo encontro.
“Agora parece que o equilíbrio dos riscos para inflação e desemprego mudou. Pode estar chegando o momento em que um ajuste para uma política moderadamente restritiva pode ser apropriado”, disse Alberto Musalem, presidente do Fed de St. Louis, que antes adotava uma postura mais cautelosa sobre o assunto.
Em entrevista ao Financial Times, o presidente do Fed de Atlanta, Raphael Bostic, disse também estar aberto a um corte em setembro, mudando a previsão anterior de apenas uma redução de 0,25 ponto no último trimestre.
“Agora que a inflação está entrando na faixa, temos que olhar para o outro lado do mandato e, nesse caso, vimos a taxa de desemprego aumentar consideravelmente em relação às mínimas”, disse Bostic. “Mas isso me faz pensar sobre qual é o momento apropriado e, portanto, estou aberto a que algo aconteça em termos de mudança antes do quarto trimestre.”
Em tese, quanto mais o banco central dos EUA reduzir os juros, pior para o dólar, que se torna comparativamente menos atrativo frente a outras moedas quando os rendimentos dos títulos ligados ao Tesouro, chamados de Treasuries, caem.
Já no cenário doméstico, agentes financeiros seguem de olho na percepção crescente de que o BC (Banco Central) deve manter a taxa Selic no atual patamar de 10,50% ao ano ou até mesmo elevá-la antes do final de 2024.
Em audiência pública na Câmara dos Deputados na terça-feira, Roberto Campos Neto, presidente da autarquia, afirmou que o BC tenta “manter a taxa de juros o mais baixa possível fazendo a inflação convergir para a meta”.
A autoridade monetária trabalha com a meta em 3%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima e para baixo. Na leitura de julho do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), o resultado anual veio em 4,5% exatamente no limite da banda.
A taxa Selic, principal instrumento do BC para controle da inflação, é alvo de críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) desde antes mesmo do início do atual mandato.
Nesta quinta, ele afirmou que é preciso reduzir os juros para o que chamou de “patamar razoável” e que, caso o Fed de fato reduza a taxa norte-americana em setembro, o caminho para que o BC faça o mesmo será facilitado.
Lula falou ainda que as coisas vão mudar, mencionando a indicação do sucessor de Roberto Campos Neto no Banco Central, mas sem citar nomes.
“Estamos hoje um pouco pressionados pela inflação americana e o valor do dólar. Se os americanos começaram a baixar taxa de juros deles agora em setembro, isso vai fazer com que isso crie no Brasil mais facilidade para baixar [a Selic]”, disse, em entrevista à rádio T, do Paraná.
“Estou trocando presidente do BC, vou ter que indicar agora porque será substituído no fim do ano. As coisas vão mudando. Não pode fazer nenhuma loucura. Economia não tem loucura, tem bom senso. Se eu fizer uma loucura e eu perder o controle, a gente vai levar o povo ao desastre. Não quero que inflação volte”, afirmou.
Na cena corporativa, a resseguradora IRB disparava 24,26% com resultado acima das expectativas no segundo trimestre.
Petrobras subia mais de 2%, em linha com a alta do petróleo Brent no exterior. Ambev e o setor bancário ajudavam a dar mais fôlego ao Ibovespa.
Vale tinha alta tímida de 0,18%, mesmo com mais um dia de desvalorização do minério de ferro na China.
Petz era destaque na ponta negativa, com perdas de 8,64% após lucro abaixo do esperado por analistas.
Na quarta-feira (14), a moeda norte-americana fechou em alta de 0,37%, aos R$ 5,469, e a Bolsa brasileira avançou 0,69%, aos 133.317 pontos, o maior patamar desde 27 de dezembro do ano passado, quando atingiu a máxima histórica de 134.193 pontos.