Discussão sobre permissão da CNH para jovens de 16 anos ganha destaque no Brasil
Especialistas apontam que as condições atuais do sistema de trânsito brasileiro e a infraestrutura existente não são adequadas para essa mudança.
- Data: 07/02/2025 17:02
- Alterado: 07/02/2025 17:02
- Autor: Redação
- Fonte: CTB
A proposta que visa permitir a obtenção da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) por jovens a partir dos 16 anos no Brasil tem gerado um intenso debate. Diversos projetos de lei estão em tramitação, mas enfrentam objeções relacionadas à segurança e à preparação dos novos motoristas. Especialistas apontam que as condições atuais do sistema de trânsito brasileiro e a infraestrutura existente não são adequadas para essa mudança.
O aumento das discussões é respaldado por dados preocupantes. Segundo a Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar, uma parcela significativa dos adolescentes já dirige sem habilitação, o que destaca a necessidade de reavaliar a CNH como um mero documento, mas sim como um símbolo de responsabilidade. Isso evidencia um descompasso entre as normas legais e a realidade vivenciada pelos jovens, especialmente em relação ao entendimento das obrigações que vêm com a direção.
Um dos pontos centrais desse debate é a maturidade dos adolescentes ao volante. O especialista em trânsito Celso Mariano enfatiza que o atual modelo de formação para novos condutores no Brasil ainda não oferece preparo adequado aos jovens para uma condução segura. Muitos enxergam a CNH apenas como um documento de identificação, desconsiderando as implicações profundas que a posse dessa licença implica.
Mariano ressalta a importância da educação no trânsito, que deve focar na conscientização sobre os riscos associados à direção, especialmente entre os adolescentes, que frequentemente não possuem o julgamento necessário para lidar com situações adversas.
Outros países já permitem que jovens se habilitem antes dos 18 anos, sustentados por sistemas robustos de educação e controle no trânsito. Na Bélgica, por exemplo, existem regulamentações que exigem que o jovem dirija na presença de um motorista experiente. Essa abordagem contrasta fortemente com a realidade brasileira, onde tanto a infraestrutura viária quanto o sistema educacional enfrentam sérios desafios.
Especialistas como David Duarte Lima enfatizam que melhorar a segurança no trânsito demanda não apenas novas legislações, mas também investimentos significativos em infraestrutura e educação para motoristas.
A possibilidade de habilitar-se aos 16 anos eleva consideravelmente os riscos de acidentes, uma vez que estudos demonstram que adolescentes tendem a assumir comportamentos mais arriscados ao volante, incluindo participar de rachas. Além disso, seria necessário revisar a legislação brasileira para lidar com infrações cometidas por essa faixa etária, um desafio ainda não enfrentado com seriedade.
Apesar das inquietações levantadas, projetos de lei como o PL 3973/19 advogam pela concessão da CNH aos 16 anos. Os defensores dessa medida argumentam que esses jovens já exercem direitos cívicos, como o voto, e, portanto, deveriam ter igual direito de dirigir. No entanto, essa proposta exige não apenas modificações no Código de Trânsito Brasileiro, mas também traz implicações sociais e estruturais relevantes.
Em suma, antes da implementação de tal medida, há um consenso entre os especialistas sobre a necessidade de um compromisso sustentável para aprimorar tanto a educação no trânsito quanto as condições das vias. Sem essas melhorias fundamentais, a proposta de permitir que jovens tirem a CNH aos 16 anos continua sendo percebida como uma ameaça à segurança pública.