Dilma diz que jamais cogitou renunciar

A presidente Dilma Rousseff disse na noite desta quarta-feira, 12, que jamais cogitou renunciar ao cargo

  • Data: 13/08/2015 09:08
  • Alterado: 16/08/2023 14:08
  • Autor: Redação ABCdoABC
  • Fonte: Estadão Conteúdo
Dilma diz que jamais cogitou renunciar

Presidente Dilma em entrevista no SBT

Crédito:Divulgação

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“Jamais cogito em renunciar”, disse em entrevista ao SBT Brasil. A quatro dias das manifestações previstas em todo o País, cujo um dos motes será o seu pedido de impeachment, Dilma argumentou que em uma democracia não se afasta um governante eleito “legitimamente pelo voto popular” por causa de divergências de posição política.

A presidente disse que há uma intolerância crescente no Brasil, não da sociedade, mas das elites. Ela disse que apesar das críticas e do clima acirrado, não vê contra si uma movimentação de golpe, mas reconheceu o que chamou de uma “iniciativa incipiente”. “Vejo uma tentativa ainda bastante incipiente e muito artificial de criar um clima desse tipo”, destacou.

Ao citar a postura de Carlos Lacerda contra Getúlio Vargas, Dilma fez uma construção histórica para afirmar que no passado recente da história brasileira “sistematicamente houve tentativa de golpe contra todos os presidentes”. E sustentou a argumentação de seu governo de que é preciso defender a democracia e as instituições. “A democracia exige respeito à instituição, o que é fundamental não para mim, mas para a instituição (Presidência da República) e para todos os presidentes que vierem depois de mim.”

Sobre os protestos marcados para domingo, 16, Dilma disse que é necessário “conviver com as diferenças”, mas que é preciso “evitar a intolerância, pois ela divide o País”. Com uma estratégia de se blindar contra a possível escalada de ataques, alertou que é preciso cuidado para evitar que os atos gerem violência. E ponderou não acreditar em um “Brasil fascista”, pois o País é composto de diferentes etnias e lida bem com as diferenças.

Sobre impeachment e as condições do governo de barrar um eventual processo para afastá-la no Congresso, Dilma disse que não comentaria. “Quando ocorrer e se ocorrer (a abertura do processo de impeachment), a gente conversa.”

A presidente também se esquivou da pergunta sobre a reforma ministerial, que deve fazer em breve com provável redução das 39 pastas. “Não vou adiantar medidas que ainda não estão prontas e não foram profundamente discutidas”, disse, admitindo no entanto que mudanças estão “no radar” do governo.

Michel Temer

Sobre a polêmica fala de seu vice, Michel Temer, de que seria preciso “alguém para reunificar o País”, Dilma negou veementemente que tenha sido algum tipo de ameaça velada ao seu governo. “De maneira alguma vejo assim. Quero dizer que muito pelo contrário, o vice-presidente, antes dessa declaração, falou comigo. Ele estava extremamente emocionado diante do fato impossível que foi aquela votação. Ele estava se referindo à reunificação da base.”

Na véspera da declaração de Temer, em 5 de agosto, o governo não conseguiu barrar o reajuste salarial aos servidores da Advocacia-Geral da União (AGU) na Câmara nem conseguiu evitar o alijamento do PT de CPIs como a do BNDES e a dos Fundos de Pensão.

“Não há intriga entre eu e o Temer, não acredito nesse tipo de especulação. A contribuição do vice-presidente ao meu governo tem sido sistemática”, completou Dilma.

Grau de investimento

Dilma Rousseff disse não acreditar que o Brasil vá perder o grau de investimento, considerado um selo de bom pagador dos países dado pelas agências de classificação de risco. E afirmou que as agências têm mostrado “grande empenho na questão da governabilidade da política”, demonstrando terem a avaliação de que a economia brasileira tem um “roteiro de saída”.

Ontem a Moody’s rebaixou a nota do Brasil, mas manteve no patamar de grau de investimento. Apesar do rebaixamento na classificação de risco, a agência revisou a perspectiva de negativa para estável, o que foi visto como um alívio para o governo brasileiro, que ganhou tempo antes de uma eventual perda do grau de investimento.

Ainda falando de economia, a presidente reforçou sua avaliação de que o Brasil tem condições de retomar o crescimento a partir do fim do ano ou a partir de 2016.

Dilma também comentou a Agenda Brasil, conjunto de propostas organizado pelo presidente do Senado Renan Calheiros (PMDB-AL). A presidente chamou a agenda de “valorosa” e de “grande iniciativa do presidente Renan”, ressalvando que há pontos que o governo não concorda, mas que isso não tira a importância das propostas. “A grande vantagem dessa agenda é que ela coloca a necessidade de uma pauta que seja construtiva para o País”

Mensalão e Lava Jato

Dilma se esquivou de dar um posicionamento sobre as grandes investigações de corrupção durante o seu governo e do seu antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva. Ela repetiu a argumentação de que não pode julgar ou criminalizar, enquanto presidente da República.

A presidente disse defender a independência do Ministério Público – citando a indicação de Rodrigo Janot para recondução ao cargo de Procurador-Geral da República – e a autonomia da Polícia Federal. E disse que, igualmente, precisa defender o “direito da defesa” de quem é investigado. “Sou a favor que se investigue e que se puna todos os crimes e malfeitos previstos em lei, respeito esse arcabouço”, completou.

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  • Data: 13/08/2015 09:08
  • Alterado:16/08/2023 14:08
  • Autor: Redação ABCdoABC
  • Fonte: Estadão Conteúdo









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