Dias com ondas de calor dobraram em 20 anos no Brasil
Levantamento do INPE com dados de seis décadas mostra que quantidade de dias com ondas de calor mais que dobrou nos últimos 20 anos
- Data: 14/11/2023 11:11
- Alterado: 14/11/2023 11:11
- Autor: Rodilei Morais
- Fonte: Folhapress
Crédito:Jonathan Borba/Unsplash
Um novo estudo do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), feito a pedido do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, revelou que a frequência de dias com ondas de calor mais que dobrou nas últimas duas décadas em território brasileiro.
O levantamento foi feito a partir de dados climáticos reunidos nos últimos 60 anos, buscando identificar as tendências na quantidade de chuva, na temperatura máxima e em três outros índices relacionados a extremos climáticos — o número de dias secos consecutivos (CDD), a precipitação máxima ao longo de cinco dias (RX5day) e a ocorrência de ondas de calor (WSDI).
Os dados, coletados a partir de 1.252 estações meteorológicas e 11.473 pluviômetros em todo o Brasil, foram divididos em quatro blocos. O primeiro, entre 1961 e 1990, foi usado como referência para as análises, realizadas para as décadas de 1991-2000, 2001-2010 e 2011-2020.
Dias mais quentes e ondas de calor mais frequentes
Já na década de 1991 a 2000, observou-se um aumento na temperatura máxima em cerca de 1,5 ºC. Quando se analisa o intervalo de 2011 a 2020, porém, o aumento acumulado chega a quase 3 ºC, com índices maiores na região Nordeste e em suas proximidades.
Em relação às ondas de calor — quando os máximos de temperatura se estendem por vários dias — a maior parte do país, exceto a região Sul e a porção sul dos estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul, passou por um aumento gradual na quantidade de ocorrências. Se no período de referência não havia mais que sete dias com ondas de calor, de 1991 a 2000 a frequência subiu para 20 dias. O intervalo entre 2001 e 2010 atingiu 40 dias e, por fim, na década de 2011 a 2020 este valor chegou a 52 dias.
O diretor do Departamento para o Clima e Sustentabilidade do MCTI, Osvaldo Moraes, afirmou que “essas informações são a fonte que podemos reportar como fidedignas daquilo que está sendo sentido no dia a dia da sociedade. Estamos deixando de perceber para conhecer. Esse é um diferencial de termos essa fonte de dados robusta”
Para além dos dados de temperatura, o levantamento retornou variações no acumulado de chuvas pelo país entre 2011 e 2020. Nota-se uma queda na taxa média de precipitação, com variações entre -10 e -40% do Nordeste ao Sudeste, ao mesmo tempo que a região Sul e parte dos estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul passaram por aumentos de 10 a 30%.