Diadema valoriza memória das vítimas da Ditadura Militar
Ações culturais destacaram os 60 anos do Golpe Militar com homenagens às vítimas, preservação da memória e reflexões sobre a resistência democrática.
- Data: 13/12/2024 11:12
- Alterado: 13/12/2024 11:12
- Autor: Redação
- Fonte: PMD
Crédito:Arquivo Pessoal
O Brasil tem lotado salas de cinema para assistir ao premiado filme “Ainda Estou Aqui”. Dirigido por Walter Salles e com Fernanda Torres, Selton Mello e Fernanda Montenegro no evento, o filme narra o desaparecimento do ex-deputado Rubens Paiva, um dos milhares mortos pela Ditadura Militar. Lembrar esse período nefasto da história é importante para que as futuras gerações possam impedir novos ataques à democracia, e em Diadema, no ano em que se lembrou os 60 anos do golpe militar, a Secretaria de Cultura fez a sua parte para eternizar a memória e o legado de vítimas políticas e artistas que resistiram aos “anos de chumbo”.
Foram muitas as ações realizadas ao longo de 2024, com destaque para a presença de nomes importantes da resistência à ditadura. Camilo Vannuchi, secretário de Cultura, afirma que a extensa programação foi feita para as pessoas saberem mais sobre os principais nomes e a forma como o regime autoritário lidava com pessoas que eram a favor da democracia “No início dos preparativos, reparamos que muitas pessoas leem e frequentam centros culturais que carregam o nome de personalidades que foram assassinadas durante a Ditadura, mas não têm ideia de quem sejam”, relatou. “É necessário saber quem foi, por exemplo, Vladimir Herzog, Heleny Guariba e as vítimas desse regime autoritário, para que a história não se repita”, completou o secretário.
Confira abaixo um resumo das atividades:
60 Anos de Resistência
Entre os dias 25 e 26 de março, a Secretaria de Cultura realizou o evento “60 Anos de Resistência” nos Centros Culturais Diadema e Vladimir Herzog. A programação incluiu bate-papos, apresentações musicais, um espetáculo de dança e uma exposição temática.
No primeiro dia Amelinha Teles, militante feminista e ex-presa política, foi ao palco do Teatro Clara Nunes ao lado de Frei Betto, autor de “Batismo de sangue” entre outros livros que abordam o período, e foi responsável pela mediação “Ditadura Nunca Mais”.
Já no segundo dia, Ivo Herzog, filho do jornalista Vladimir Herzog, esteve no Centro Cultural que homenageia seu pai para conversar com a plateia sobre o legado de Vladimir para a história brasileira. Na ocasião, uma placa em homenagem ao escritor foi inaugurada na frente do equipamento cultural.
Ausências Brasil
Em conjunto com o Núcleo de Preservação da Memória Política, a museóloga Katia Felipini e o fotógrafo argentino Gustavo Germano exibiram, no Museu de Arte Popular (MAP), do dia 02 de outubro a 03 de novembro, a exposição Ausências Brasil. A mostra tem como objetivo educar a população sobre o abuso de poder, as perseguições, as mortes e os desaparecimentos ocorridos durante a Ditadura Militar no Brasil.
A primeira versão da exposição foi apresentada no final de 2007 na Argentina, buscando retratar, por meio de comparações fotográficas, a “presença das ausências” dos assassinados e desaparecidos ao longo da ditadura no país.
A ideia alcançou outros países da América Latina, e presta uma homenagem às vítimas da Operação Condor, uma rede de cooperação entre ditaduras militares do Cone Sul na década de 1970, para reprimir e eliminar opositores de esquerda. Por fim, o projeto chegou ao Brasil em 2012, sob o título “Ausências Brasil”.
Revitalização histórica dos Centros Culturais Vladimir Herzog e Heleny Guariba
Com a proposta de ampliar a experiência cultural dos cidadãos e eternizar os legados de figuras importantes que lutaram contra a Ditadura Militar, a Secretaria de Cultura de Diadema revitalizou, entre os meses de março e maio de 2024, os Centros Culturais Vladimir Herzog, no Campanário, e Heleny Guariba, no Jardim Ruyce.
Camilo Vannuchi, secretário de Cultura, manifestou a importância da reforma “Muitas pessoas que frequentam esses dois equipamentos, principalmente os mais jovens, não sabem quem foram Vladimir Herzog e Heleny Guariba. Optamos por fazer uma intervenção que, além de recuperar e restaurar salas e paredes, trouxesse a identidade e a memória dessas duas personagens. Em ambos Centros Culturais, foram feitos murais pelo artista Edinho Street, com os rostos das personalidades e foram fixadas placas com uma mini biografia de cada um”, compartilhou.
Vladimir Herzog foi um jornalista iugoslavo naturalizado brasileiro, preso ilegalmente e torturado até a morte, no DOI-CODI de São Paulo em 1975, durante o golpe de 1964, e Heleny Guariba, atriz, professora e diretora de teatro, com passagem por Santo André, desaparecida política morta, em 1971, também durante a Ditadura.
Acervo Ditadura Nunca Mais
Inaugurado no segundo semestre de 2024 na Biblioteca Olíria de Campos Barros, o acervo “Ditadura Nunca Mais” chegou com a proposta de educar e de contar histórias de políticos ou de figuras artísticas que foram perseguidas durante as duas décadas da Ditadura Militar.
Ruimar Soares, coordenador da Rede de Bibliotecas do município, ressaltou a relevância de preservar a memória histórica e cultural do país por meio do acervo literário. “Em 2024, o Golpe Militar completou 60 anos e, com a ascensão da extrema direita e a presença de um número crescente de pessoas que se esquecem desse passado sombrio, é importante lembrar e enfatizar que os livros desse período trazem todos os fatos que precisam ser rememorados”, explicou. “Para que ninguém mais tenha dúvidas e possa buscar mais conhecimento, a Biblioteca Central tem um espaço especial, com obras de cunho histórico, biográfico e literário, como Feliz Ano Velho e Ainda Estou Aqui, de Marcelo Rubens Paiva, filho de Rubens Paiva, vítima dos Anos de Chumbo, e O Corpo Interminável, de Cláudia Lage”, complementou.
Ele também reforçou que o espaço está aberto a todos os públicos e busca fomentar o debate e a reflexão crítica sobre o período da ditadura militar no Brasil. “Além dessas obras, temos também materiais audiovisuais, fotografias e documentos históricos que permitem um mergulho mais aprofundado nesse contexto, para que possamos entender nosso passado e evitar a repetição de erros no futuro”, finalizou.
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