Demência cresce na América Latina, afetando 8,5% dos idosos

Estudo da USP sugere que 50% dos casos são evitáveis com prevenção adequada

  • Data: 29/01/2025 09:01
  • Alterado: 29/01/2025 09:01
  • Autor: Redação
  • Fonte: SBT News
Demência cresce na América Latina, afetando 8,5% dos idosos

Crédito:Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

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A demência representa um desafio crescente para a saúde pública na América Latina, onde 8,5% da população acima de 60 anos enfrenta essa condição. Especialistas alertam que esse percentual deve aumentar à medida que a população envelhece, exigindo atenção redobrada às estratégias de prevenção.

Um estudo recente, conduzido pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) em colaboração com oito instituições acadêmicas, revelou que até 50% dos casos de demência poderiam ser evitados através de intervenções adequadas. Os resultados foram publicados na renomada revista acadêmica The Lancet.

Os pesquisadores analisaram dados provenientes de sete países da região: Argentina, Brasil, Bolívia, Chile, Honduras, México e Peru. O estudo destaca que o controle dos fatores de risco associados à demência é essencial para mitigar a incidência da doença.

Entre os principais fatores identificados estão: nível educacional, hipertensão, obesidade, sedentarismo, tabagismo, depressão, isolamento social, perda auditiva, alcoolismo, traumas cranianos, diabetes e poluição do ar. A prevalência desses fatores varia significativamente entre os países analisados.

No Brasil, a pesquisa indica que a baixa escolaridade e a hipertensão são as condições mais recorrentes entre os indivíduos diagnosticados com Alzheimer e outras formas de demência. Ambas as questões são potencialmente evitáveis, o que implica que ações proativas podem retardar ou mesmo prevenir o desenvolvimento dessas doenças.

Roni Mukamal, superintendente de medicina preventiva da MedSenior, enfatiza a ligação entre o envelhecimento da população e o aumento dos casos de demência. “As demências são condições que afetam a cognição e estão fortemente relacionadas ao envelhecimento”, explica Mukamal. Ele destaca que o Brasil está passando por um envelhecimento acelerado, prevendo-se que até 2030 o número de idosos ultrapassará o total de crianças na faixa etária entre zero e 14 anos.

Com isso em mente, surge a pergunta: como mitigar rapidamente os fatores que contribuem para o surgimento da doença? Mukamal sugere a necessidade urgente de desenvolver políticas públicas voltadas para a prevenção. Ele alerta que muitos não percebem que uma baixa estimulação cognitiva também é um fator associado à demência. Portanto, fortalecer a educação desde cedo é fundamental para garantir maior alfabetização e atividade cognitiva ao longo da vida.

“Incentivar estudos contínuos é uma forma eficaz de manter o cérebro ativo e aumentar nossa reserva cognitiva”, acrescenta Mukamal.

A amostra do estudo foi representativa da população dos países envolvidos. No México, por exemplo, foram avaliadas mais de 107 mil pessoas com mais de 18 anos; Honduras contou com 89 mil participantes; Peru teve 81 mil; enquanto Argentina incluiu 29 mil indivíduos. No Brasil, foram analisados dados de aproximadamente 9.400 pessoas.

Mukamal também ressalta que além das iniciativas governamentais, ações individuais são cruciais na luta contra a demência. Medidas como controle do consumo de álcool entre os idosos, promoção de atividades sociais em grupo e tratamento da depressão podem contribuir significativamente para a prevenção dessa condição devastadora.

O desafio está lançado: agir agora pode ser a chave para garantir um futuro mais saudável para as próximas gerações na América Latina.

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  • Data: 29/01/2025 09:01
  • Alterado:29/01/2025 09:01
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