Delatores do PCC estão sob ameaça e enfrentam riscos crescentes
Morte de empresário em Guarulhos expõe falhas na proteção de delatores; advogado critica responsabilidade do Estado e desvios criminosos
- Data: 13/11/2024 15:11
- Alterado: 13/11/2024 15:11
- Autor: Redação
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Crédito:Arquivo/Agência Brasil
A trágica morte do empresário Antônio Vinícius Gritzbach, ocorrida na última sexta-feira (8) no Aeroporto de Guarulhos, levanta questões complexas sobre a segurança e as consequências de sua delação ao Ministério Público e à Corregedoria da Polícia Civil. De acordo com o advogado Guilherme Flauzino, que anteriormente representou Gritzbach, outras mortes podem estar relacionadas a este caso.
Flauzino, que se tornou amigo de Gritzbach durante o tempo em que o representou legalmente, optou por abandonar a defesa quando o empresário decidiu colaborar com as autoridades em um acordo de delação premiada. O advogado expressou preocupações sobre os riscos associados à delação e a insuficiência das garantias de proteção oferecidas ao seu cliente. “O perigo era evidente desde o início”, afirmou Flauzino, destacando que evitou se envolver na colaboração justamente por conta dos riscos iminentes.
Atualmente, Flauzino representa três dos cinco policiais militares que escoltavam a família de Gritzbach no dia do incidente fatal. Ele argumenta que a ausência de provas concretas contra os policiais e a condenação pública apressada sugerem uma tentativa do governo paulista de mostrar resultados rápidos no caso. O advogado defende a inocência dos PMs e ressalta que qualquer erro cometido não está diretamente ligado à morte do empresário.
De acordo com relatos dos policiais à investigação, problemas mecânicos impediram parte da escolta de chegar ao local de desembarque do aeroporto, deixando apenas um policial no local, sem condições de evitar o ataque. Flauzino critica ainda o que considera ser uma tentativa de prejudicar a reputação de Gritzbach e dos policiais para encobrir falhas do Estado na proteção do empresário.
Investigações continuam em andamento, e alguns envolvidos veem uma conexão próxima entre os PMs e atividades criminosas. Contudo, Flauzino argumenta que apontar os policiais como culpados serve também para desviar a atenção das responsabilidades estatais na falta de segurança proporcionada a Gritzbach.
Sobre os responsáveis pela morte do ex-cliente, o advogado afirma ser prematuro apontar culpados definitivos. Ele refuta alegações de envolvimento direto da cúpula do PCC no assassinato e nega rumores de desvio de dinheiro por parte de Gritzbach. Embora admita que seu cliente lavou dinheiro para criminosos, Flauzino insiste que essas acusações são exageradas e distorcidas.
A tragédia levanta questões críticas sobre a eficácia das proteções fornecidas aos colaboradores da justiça e as implicações legais para aqueles indiretamente envolvidos nas investigações. A busca por respostas continua enquanto as autoridades tentam desvendar os verdadeiros motivos por trás deste assassinato brutal.