Decisões cruciais de Trump: impactos nas relações internacionais e economia global
Trump anunciou tarifas elevadas sobre importações e suspendeu ajuda militar à Ucrânia, impactando relações comerciais e alianças globais.
- Data: 04/03/2025 21:03
- Alterado: 04/03/2025 21:03
- Autor: Redação ABCdoABC
- Fonte: Assessoria
No dia 3 de março, o ex-presidente Donald Trump anunciou duas decisões que prometem reverberar significativamente no cenário internacional. A primeira delas envolveu a imposição de tarifas elevadas, atingindo importações do Canadá e do México com uma taxa de 25%, além de um adicional de 10% sobre produtos chineses, que já enfrentavam tarifas anteriormente. Há a expectativa de que tarifas similares sejam aplicadas às importações da União Europeia, afetando assim economias que juntas representam cerca de 61% das importações de bens nos Estados Unidos.
A segunda decisão, considerada ainda mais impactante, foi a suspensão da ajuda militar dos EUA à Ucrânia. Essa ação deixa o país em uma situação delicada, colocando-o diante do que muitos interpretam como uma escolha entre rendição ou derrota. Tal movimento provavelmente agrada ao presidente russo Vladimir Putin, enquanto os Estados Unidos parecem estar se afastando de seus compromissos tradicionais com aliados ocidentais.
Essas deliberações são apenas uma parte do turbulento segundo mandato de Trump, mas suas implicações para a política externa dos EUA e para as relações comerciais globais são profundas. Elas sinalizam um afastamento das normas comerciais liberais e estabelecidas, que historicamente moldaram as interações econômicas com a nação mais poderosa do mundo. Além disso, demonstram uma mudança nas alianças dos EUA em favor de aproximações com adversários históricos.
De acordo com o ex-economista-chefe do FMI, Maurice Obstfeld, as dificuldades comerciais enfrentadas pelos EUA não são atribuíveis a práticas desleais por parte dos parceiros comerciais. Ao invés disso, estão ligadas ao elevado nível de gastos governamentais em relação à receita disponível, sendo o déficit fiscal federal um fator preponderante. Com o Senado controlado pelos republicanos buscando perpetuar os cortes fiscais implementados por Trump em 2017, espera-se que esse déficit continue a se expandir.
Trump frequentemente critica a União Europeia, alegando que sua criação teve como objetivo prejudicar os interesses americanos. No entanto, a realidade é que a UE foi estabelecida com o intuito de promover estabilidade econômica e cooperação política na Europa após períodos devastadores de conflito. A postura atual do ex-presidente representa um contraste gritante com a visão tradicional dos EUA sobre sua aliança com o continente europeu.
O economista dinamarquês Jesper Rangvid também ressalta que Trump ignora componentes vitais do comércio internacional, focando exclusivamente nas trocas bilaterais de bens e negligenciando aspectos como serviços e ganhos financeiros. O saldo das contas correntes entre os EUA e a zona do euro demonstra que os retornos das exportações de serviços compensam os déficits bilaterais em bens.
Para países como México e Canadá, as novas tarifas podem resultar em custos econômicos substanciais. Em 2023, as exportações para os EUA representaram 27% e 21% de seus PIBs, respectivamente. Por outro lado, as exportações da UE para os EUA foram responsáveis por apenas 2,9% do seu PIB no mesmo ano, embora isso não diminua o caráter agressivo da medida.
A suspensão da ajuda militar à Ucrânia é um ponto crucial e problemático; pode ser vista como uma pressão para forçar um acordo favorável aos interesses russos. Contudo, tal movimento mina a confiança não só em Trump, mas também no comprometimento dos EUA com suas promessas internacionais.
A Europa pode ter que reavaliar sua estratégia defensiva e sua relação com os Estados Unidos à luz dessas mudanças. Friedrich Merz, possível futuro chanceler alemão, enfatiza a necessidade urgente de fortalecer a capacidade europeia para garantir sua própria segurança e a da Ucrânia sem depender exclusivamente dos EUA.
Com uma população combinada entre a UE e o Reino Unido que é 3,6 vezes maior do que a da Rússia e um PIB quatro vezes superior em paridade de poder aquisitivo, recursos não faltam para uma cooperação eficaz que possa equilibrar as forças no continente. No entanto, desafios persistem quanto à produção de equipamentos militares cruciais.
A guerra econômica e política travada por Trump contra aliados poderá resultar em consequências severas para os Estados Unidos à medida que as relações internacionais se deterioram e a confiança entre países tradicionais parceiros se fragiliza.