Datafolha: 52% dos brasileiros acreditam que Bolsonaro tentou dar golpe
O levantamento revela uma divisão no Brasil sobre as ações do ex-presidente Jair Bolsonaro após sua derrota nas eleições de 2022
- Data: 18/12/2024 11:12
- Alterado: 18/12/2024 11:12
- Autor: Redação
- Fonte: Folha
Jair Bolsonaro
Crédito:Carolina Tavares/Presidência da República
Uma recente pesquisa realizada pelo Datafolha revela que uma parcela significativa da população brasileira acredita que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tentou orquestrar um golpe para permanecer no poder após sua derrota nas eleições presidenciais de 2022 para Luiz Inácio Lula da Silva (PT). De acordo com os dados, 52% dos entrevistados sustentam essa crença, enquanto 39% não compartilham dessa opinião e 7% se mostram indecisos.
O levantamento, que envolveu 2.002 eleitores e foi realizado entre os dias 12 e 13 de dezembro, apresenta uma margem de erro de dois pontos percentuais. Os resultados refletem um leve declínio na percepção de intenção golpista de Bolsonaro em comparação com março deste ano, quando 55% acreditavam que ele tinha essa intenção. O número de pessoas que consideram sua inocência permaneceu estável em 39%.
Investigações e alegações de Bolsonaro
A pesquisa ocorre em um contexto onde Bolsonaro enfrenta investigações relacionadas a um suposto plano golpista, sendo indiciado ao lado de 39 indivíduos, incluindo 28 militares. O ex-presidente defende sua inocência e alega ser alvo de uma perseguição política, afirmando que as discussões sobre manter-se no poder não passavam de conversas sem consequências. Por outro lado, a Polícia Federal discorda dessas alegações e há expectativa de que o Ministério Público possa apresentar denúncias contra ele, com possíveis julgamentos marcados para 2025.
Além disso, a situação de Bolsonaro é agravada pela inelegibilidade até 2030, resultante de uma condenação pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) devido à sua campanha contra as urnas eletrônicas. A pressão sobre o ex-presidente intensificou-se com a prisão de Walter Braga Netto, seu candidato a vice na eleição passada.
A pesquisa também revela que a percepção sobre as intenções golpistas de Bolsonaro varia conforme fatores socioeconômicos. Indivíduos menos instruídos (59%), pertencentes às classes mais baixas (60%) e residentes no Nordeste (64%) tendem a acreditar mais na tentativa de golpe. Em contraste, aqueles com nível superior (47%), os mais ricos (49%), moradores do Sul (50%) e evangélicos (52%) são mais propensos a defender sua inocência.
Quando questionados sobre o risco de um golpe nos meses finais de 2022, 68% dos entrevistados afirmaram que existiu essa possibilidade, sendo que 43% consideram que o risco era grande. Essa percepção é mais acentuada entre os eleitores de Lula (89%) e os nordestinos (78%). Por outro lado, apenas 30% dos homens e 34% dos entrevistados das classes mais altas acreditam que não houve risco.
Conhecimento sobre plano para assassinar Lula
A pesquisa também investigou o conhecimento da população acerca das investigações relacionadas a um suposto plano para assassinar Lula e outros membros do governo. Aproximadamente 63% dos participantes afirmaram estar informados sobre o caso, embora esse índice caia para 37% entre os jovens com idades entre 16 e 24 anos. A compreensão da situação influencia diretamente as opiniões sobre a possível participação de Bolsonaro no plano: entre aqueles cientes do caso, 50% acreditam em sua implicação direta, enquanto entre os desinformados, essa proporção inverte-se.
Polarização das opiniões políticas
Esse panorama geral ilustra a polarização existente na sociedade brasileira atual. No total, apenas 46% dos entrevistados creem que Bolsonaro não estava ciente do plano em questão, enquanto 39% acreditam que ele estava informado. Uma parcela significativa de 15% não soube opinar sobre o assunto.
As divisões observadas nas respostas refletem as linhas de fratura já evidentes nas discussões políticas do país.