Daniel do Nascimento quer acabar com a hegemonia africana na São Silvestre

Atleta brasileiro chega embalado após conquistar a segunda melhor marca do País na história na maratona; aposentados, Marilson dos Santos e Iser Bem vão correr no pelotão geral

  • Data: 30/12/2021 18:12
  • Alterado: 30/12/2021 18:12
  • Autor: Redação ABCdoABC
  • Fonte: Estadão Conteúdo
Daniel do Nascimento quer acabar com a hegemonia africana na São Silvestre

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A fim de tentar quebrar a hegemonia dos corredores africanos na São Silvestre, Daniel do Nascimento pretende liderar o pelotão brasileiro e confirmar sua ótima fase. No início do mês, ele obteve a segunda melhor marca da história de um brasileiro na distância da maratona. Fez 2h06min11s em Valência, ficando atrás apenas de Ronaldo da Costa, que marcou 2h06min05s em 1998.

Claro que a distância na São Silvestre é bem menor que os 42.195 metros da maratona, mas o momento de Danielzinho, como é conhecido, ajuda a criar boas expectativas em relação ao desempenho do brasileiro, que foi um dos representantes do País nos Jogos de Tóquio e que tem apenas 23 anos.

Os principais adversários do atleta são o etíope Belay Bezabh, que ganhou a prova em 2018, e o queniano Elisha Rotich, recordista da Maratona de Paris neste ano. Ambos chegam com o favoritismo, mas Nascimento espera colocar o Brasil no lugar mais alto do pódio depois de nove edições.

Em 2010, Marilson Gomes dos Santos levou a melhor na São Silvestre, quebrando a hegemonia dos africanos. No feminino o jejum é maior ainda e vem desde 2006, quando Lucélia Peres ganhou a disputa.

Nesta edição, o grande destaque feminino é a queniana Sandrafelis Chebet. Logo depois vêm a etíope Yenenesh Dinkesa e Ludwina Chepngetich, do Quênia. Entre as representantes brasileiras estão Tatiele Carvalho, Valdilene dos Santos e Simone Ferraz.

Ex-campeões Marilson dos Santos e Iser Bem vão correr São Silvestre ao lado dos amadores
Dois brasileiros que já foram campeões da Corrida Internacional de São Silvestre vão disputar a prova desta sexta-feira, 31, no pelotão geral, no meio dos cerca de 20 mil participantes pelas ruas de São Paulo.

Emerson Iser Bem, campeão em 1997, e Marilson dos Santos, tricampeão e último atleta do País a subir no ponto mais alto do pódio, em 2010, vão correr entre os amadores na prova de rua mais tradicional do País. Isso significa que quem estiver correndo, no meio da prova, poderá ver – ou até tentar ultrapassar, quem sabe – dois atletas que já venceram a corrida.

Aos 44 anos, Marilson interrompeu a aposentadoria para conhecer o lado festivo da prova, algo que não conseguiu aproveitar durante a fase em que corria atrás do pódio. “Quando eu corría atrás da vitória, a tensão era maior. A gente ficava tão focado que não percebia a parte festiva. É isso que vou fazer neste ano. Vou correr de uma forma mais light, para festejar e promover a qualidade de vida”, diz o tricampeão da prova. “A cabeça vai querer correr mais, mas tenho que deixar isso, da cabeça de alto rendimento, para trás”, planeja.

Depois de dois títulos na Maratona de Nova York e três participações olímpicas na prova de 42 quilômetros, Marilson também espera ter um contato maior com os fãs. “Tenho recebido mensagens de pessoas que querem me conhecer no meio da prova. Antes isso não era possível. Vou ter um contato maior com as pessoas”, prevê.

Pela primeira vez, Marilson também vai poder disputar a prova ao lado da mulher, a também atleta Juliana Paula. Quando ele fazia sua última Olimpíada, nos Jogos Rio 2016, ela estreou nos 3000 metros com obstáculos. O casal se conheceu no fim de 2001, no alojamento do Clube de Atletismo BM&F, que já não existe mais. Da convivência diária, nas caronas para a pista de treinos, veio o namoro e o casamento. O filho, Miguel, já tem dez anos.

Líder Do Pelotão
A “diversão” do corredor vai até a página 2. Na reta final da preparação, o brasileiro treinou no parque do Ibirapuera com os corredores africanos que costumam dominar a prova, entre eles, o queniano Elisha Rotich e o etíope Gerba Beyata Dibaba. Na prova, Marílson vai liderar um pelotão de dez pessoas, formado por atletas de outras modalidades, colaboradores e médicos de uma empresa patrocinadora. O objetivo é fazer com que todos terminem bem a prova.

No grupo está o ginasta Leonardo Souza, que integra a seleção brasileira e também é um apaixonado por corrida de rua. “Sempre gostei muito de correr, mas como nosso treino é muito intenso nunca tive a oportunidade de fazer um treino longo. Quando veio a pandemia e fecharam todos os ginásios, e a única atividade permitida de vez em quando era ao ar livre, comecei a correr na rua”, contou Leonardo.

O atleta da seleção brasileira acredita que sua modalidade pode ajudar no desempenho ao longo dos 15 quilômetros. “A principal habilidade da ginástica que vai me ajudar na São Silvestre é a resiliência. Estou tendo que trabalhar, lutar e me preparar bem. Além disso, o condicionamento físico também vai ser fundamental”, afirmou Leonardo.

Emerson Iser Bem teve resultados expressivos, mas foi na São Silvestre de 1997 que ele obteve sua mais importante conquista. Ele derrotou o queniano Paul Tergat, maior vencedor da história da prova brasileira com cinco títulos.

No ano seguinte, sofrendo com lesões, Iser Bem foi o 6º colocado, sendo o primeiro brasileiro na prova. Em 1999, conseguiu o 3º lugar na meia maratona de Tóquio, com 1:01:14. Depois de sofrer algum tempo com uma tendinite nos dois calcâneos, Iser Bem decidiu parar em 2007. Hoje, Iser Bem vive em Taubaté, interior de São Paulo, e possui uma assessoria esportiva.

Disputa aberta

Marilson acredita que a edição 2021 da São Silvestre está aberta, com vários competidores em condições de vitória. Ele cita o brasileiro Daniel Nascimento, dono da segunda melhor marca em maratonas no País (2h06min11s em Valencia-2021) e que chegou a liderar a maratona nos Jogos de Tóquio. Foi o melhor brasileiro na São Silvestre de 2019 com o 11o lugar.

Ele também cita Ederson Vilela, medalha de ouro no 10 mil metros no Pan-americano (2019) e terceiro colocado na corrida Tribuna de Santos (2017).  “Nesse ano, as chances são reais de um brasileiro vencer a prova novamente. A gente tem o Danielzinho do Nascimento, que vem numa excelente forma, competindo muito bem”, avalia.

O principal competidor dos dois, na opinião do ex-campeão, será o queniano Elisha Rotich, que venceu a Maratona de Paris com 2h04min21s. “O que espero é correr muito bem, mas vai depender do tempo, da temperatura e de como os atletas vão correr também”, diz o queniano.

Entre as mulheres, as principais esperanças são Grazieli Zarry, melhor brasileira (11ª) da última São Silvestre, Andreia Hessel, ganhadora da Maratona Internacional de São Paulo 2018, e Tatiele de Carvalho, cinco vezes campeã dos 10 mil metros no Troféu Brasil de Atletismo.

A favorita é a queniana Sandrafelis Chebet, vencedora em 2018. A atleta chega ao Brasil com marcas que ratificam a condição de uma das grandes atrações da prova. Neste segundo semestre de 2021, ela foi a vencedora de duas meias maratonas, a Ijebu Heritage Half Marathon, em julho, e a Edreams Mitja Marato Barcelona, em outubro. E foi a terceira colocada na EDP Lisboa Half Marathon Elite Events, com 1h08min14s, em março, em Portugal.

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  • Data: 30/12/2021 06:12
  • Alterado:30/12/2021 18:12
  • Autor: Redação ABCdoABC
  • Fonte: Estadão Conteúdo









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