Da vida nas ruas para Repúblicas da rede socioassistencial
Mais de 100 pessoas conseguiram emprego e moradia em 2023
- Data: 21/11/2023 11:11
- Alterado: 21/11/2023 11:11
- Autor: Redação
- Fonte: Prefeitura de São Paulo
Imagem ilustrativa
Crédito:Tânia Rêgo - Agência Brasil
A rede socioassistencial da Prefeitura de São Paulo busca, diariamente, desenhar um horizonte de esperança para aqueles que querem deixar a situação de vulnerabilidade social e sonham em reconstruir sua vida fora dos serviços de acolhimento. Para isso, entre as 25 mil vagas para acolhimento de pessoas em situação de rua, estão 17 Repúblicas onde vivem pessoas em situação de rua que estejam em um processo de construção de autonomia para a saída qualificada da rede socioassistencial.
Somente em 2023, as Repúblicas da rede de acolhimento da Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social (SMADS) intermediaram 115 saídas qualificadas.
As Repúblicas oferecem acolhimento provisório sob o sistema de cogestão. Os moradores são orientados a distribuir entre si a organização compartilhada da casa, além de ter a independência para organizar seus pertences e cozinhar a própria comida.
Nesses serviços, a palavra “acolhimento” vai muito além de apenas fornecer moradia. Os profissionais buscam diariamente auxiliar os atendidos com trabalho, família, resolução de conflitos e, principalmente, suporte emocional. A República São Lázaro I, localizada no Aricanduva, zona leste, é um grande exemplo disso.
O carpinteiro José Fernando dos Santos, de 62 anos, está há mais de um ano no serviço e contou que, além do atendimento, a boa relação com a equipe socioassistencial colabora para que o convívio diário seja ainda mais leve. “Percebo que eles querem o melhor para a gente. O psicólogo e a assistente social sempre nos aconselham em questões de trabalho, em como administrar nosso dinheiro. Sinto que tudo que fazem é sempre pensando no nosso bem-estar”, disse.
Para Neli da Silva, gerente do serviço, apoiá-los é uma forma de ajudar a superar desafios. “Nós prestamos todo o auxílio necessário e os acompanhamos até mesmo quando saem daqui. Mesmo que alguém deixe o serviço, mantemos sempre o contato, porque não podemos abandonar quem passou tanto tempo conosco. É um vínculo extremamente importante, ainda mais para quem não tem a família perto”, contou.
Além do atendimento diário, os orientadores socioeducativos da República São Lázaro I se dedicam a promover a inclusão. O serviço costuma atender pessoas de diversas nacionalidades e culturas. Com isso, os moradores mais antigos recebem orientações para tornar o ambiente cada vez mais acolhedor para quem deixa seus países e seus costumes.
Luiz Castro Peres, de 39 anos, era artista de rua na Venezuela e se mudou para o Brasil em busca de oportunidades de estudos. Ele foi acolhido pela República há três meses e, desde então, sonha em conquistar sua autonomia para constituir uma família. “Desde que cheguei, almejo muito um bom emprego, algo que eu goste. Também penso que seria um presente da vida poder me casar, ter filhos. As pessoas pensam apenas em trabalho e dinheiro e se esquecem de como é bom ter alguém para dividir a vida. Para mim, a felicidade está dentro de nós e nas pessoas que amamos, não nas coisas materiais”, finalizou.
Saídas qualificadas
As saídas qualificadas ocorrem quando um acolhido adquire a capacidade para viver de forma independente, sem o suporte ou supervisão da rede socioassistencial. Nas Repúblicas, das 115 saídas qualificadas contabilizadas de janeiro até o dia 9 de outubro deste ano, 91 foram saídas para moradia autônoma. Severino Ramos, de 41 anos, partiu para sua moradia autônoma há um ano, depois de ter vivido 10 anos em situação de rua. Hoje ele trabalha e está concluindo um curso técnico de enfermagem.
“Graças ao trabalho multiprofissional da República São Lázaro I e de todas as pessoas que atuam no serviço, estou na minha casa. Assim como uma fênix, eu ressurgi das cinzas. O serviço me deu essa oportunidade, e eu sou muito grato pela dedicação da equipe”, contou, com um sorriso largo no rosto.
Rede socioassistencial
Os encaminhamentos para as Repúblicas são feitos pelos Centros de Referência Especializados para População em Situação de Rua (Centro POP), Centros de Referência de Assistência Social (CRAS) e Centros de Referência Especializados de Assistência Social (CREAS).
Esses equipamentos podem ser voltados para o atendimento específico a homens ou mulheres e adultos ou jovens de 17 a 21 anos. Atualmente, 390 vagas de acolhimento são disponibilizadas para as Repúblicas. Os atendidos podem permanecer nos serviços por até dois anos, período que pode ser estendido conforme a avaliação da equipe.