Copa América: Patrocinadores optam por não associar suas marcas ao torneio

Entre eles, Mastercard e Ambev se posicionaram cancelando as ativações no torneio em meio a polêmicas relacionadas à sua realização no Brasil; STF julga a realização do evento no Brasil

  • Data: 10/06/2021 08:06
  • Alterado: 10/06/2021 08:06
  • Autor: Alex Faria
  • Fonte: Estadão Conteúdo/ABCdoABC
Copa América: Patrocinadores optam por não associar suas marcas ao torneio

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Após a decisão de Mastercard de não ativar suas marcas na Copa América, torneio no qual ela é patrocinadora, outras empresas estão tomando o mesmo caminho. Nesta quarta-feira, 9, a Ambev anunciou sua decisão. “Ambev informa que suas marcas não estarão presentes na Copa América. A companhia segue com seu compromisso e apoio ao futebol brasileiro“, disse.

O afastamento de importantes patrocinadores ocorre em um momento turbulento da principal competição de seleções na América do Sul. Com o risco de o campeonato ser barrado pelo STF nesta quinta-feira, 10, com os ministros em sessão virtual extraordinária julgando três ações que buscam não permitir a realização da Copa América no Brasil em razão da pandemia da covid-19, as negociações do SBT das cotas de patrocínio estão prejudicadas e, até o momento, apenas três das seis cotas foram negociadas. Segundo Fábio Wolff, sócio-diretor da Wolff Sports & Marketing, a postura da Mastercard, e agora da Ambev, são inéditos. “Achei um posicionamento extremamente estratégico, nunca tinha visto uma situação como esta. A sacada da Mastercard faz com que outras sigam esse caminho. Não me surpreenderei se isso ocorrer“, comenta.

A Copa América que deveria ter sido disputada em 2020 foi adiada em função das medidas restritivas da pandemia de covid-19. A realização conjunta entre Colômbia e Argentina rompeu quando a Colômbia, por problemas sociais no país, desistiu de receber as partidas e a Argentina abriu mão de receber o campeonato pela dificuldade em lidar com o coronavírus.

COPA AMÉRICA NO BRASIL
Com a impossibilidade da realização do torneio tanto na Colômbia, quanto na Argentina, o Brasil, na contramão das medidas preventivas assumidas por diversos países do primeiro mundo, sinalizou que poderia receber o torneio, exatamente em um momento que a pandemia está com números altíssimos e a possibilidade cada vez mais concreta de uma terceira onda. “O evento vem demonstrando uma insegurança há um certo tempo e o cenário não é favorável à imagem do evento. Quando a gente pensa em evento esportivo, imagina algo alegre, que vai unir os povos, que terá interação. Mas as polêmicas provocam desgastes e o resultado disso é o posicionamento da Mastercard. Ela continua achando a Copa América um baita evento, mas preferiu não se associar neste momento“, explica Fábio Wolff.

O especialista em marketing lembra que as marcas estão se posicionando cada vez mais, seja de forma natural ou por pressão dos consumidores. “Uma postura como a da Mastercard e agora da Ambev mostra que as empresas não estão muito à vontade com o que está acontecendo. Então elas se posicionam de forma estratégica, mas também existe um marketing por trás disso, pois as pessoas enxergam os valores da empresa.”

Procuradas pela reportagem, outras empresas como Kwai, TCL, Betsson e Diageo, que patrocinam a Copa América ou estão próximas de fechar contrato, ainda não se manifestaram.

MAIS POLÊMICAS

A Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão (PFDC) encaminhou na segunda-feira, 7, ofício para que a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Estados e municípios sedes de jogos da Copa América sejam investigados por eventuais “atos violadores dos direitos à vida e à saúde“. Também serão alvos do Ministério Público Federal o SBT e a Disney, responsáveis pela transmissão dos jogos, além de algumas patrocinadoras.

Os procuradores alegam que a realização da Copa América no Brasil não tem garantias de que não haverá alta transmissibilidade e que o evento colocará em risco a saúde dos funcionários ligados à competição – jogadores, comissão técnica, jornalistas, seguranças e serviços auxiliares. Para piorar o cenário, nesta quinta, 10, o Supremo Tribunal Federal realiza uma sessão virtual extraordinária para discutir três ações que buscam a suspensão da realização da competição no Brasil. Duas ações são relatadas pela ministra Cármen Lúcia e uma pelo ministro Ricardo Lewandowski. Os ministros têm até a meia-noite de hoje para votar. A CNTM – Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos, o PSB e o PT foram os autores das ações.

TENSÃO NA CBF
Rogério Caboclo, presidente da CBF, está afastado por 30 dias do cargo para se defender da acusação de assédio moral e sexual por uma funcionária da entidade. Ele foi o principal articulador da vinda da Copa América para o Brasil junto à Conmebol e ao governo federal – o presidente Jair Bolsonaro está dando total apoio à realização do torneio no País.

A Copa América tem início agendado para domingo. Em Brasília, no estádio Mané Garrincha, às 18h, a seleção brasileira enfrenta a Venezuela, pelo Grupo B. No mesmo dia, às 21h, Colômbia e Equador duelarão na Arena Pantanal, em Cuiabá. Em 14 de junho, será a vez da Argentina começar sua jornada na competição, enfrentando o Chile, no Engenhão, às 18h. Mais tarde, às 21h, Paraguai e Bolívia jogam em Goiânia. A final do torneio está marcada para 10 de julho, no Maracanã.

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  • Data: 10/06/2021 08:06
  • Alterado:10/06/2021 08:06
  • Autor: Alex Faria
  • Fonte: Estadão Conteúdo/ABCdoABC









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