Conheça os benefícios do concreto autocicatrizante
São indicados para projetos que tenham contato direto com água e solos, como reservatórios, tubulações, fundações, paredes de subsolos e túneis
- Data: 03/05/2023 09:05
- Alterado: 03/05/2023 09:05
- Autor: Redação
- Fonte: IMT
São indicados para projetos que tenham contato direto com água e solos
Crédito:Divulgação
Inventado há mais de 2 mil anos, o concreto continua a ser um dos materiais de construção mais usados, pois é sólido, durável, fácil de produzir em larga escala e barato. Entretanto, o concreto é suscetível a fissuras, que podem comprometer toda a estrutura de uma edificação. Se as rachaduras não forem detectadas e preenchidas enquanto estiverem pequenas, podem levar a danos catastróficos.
No entanto, parece que os dias de concreto fissurado podem estar chegando ao fim. Cientistas revolucionaram a indústria com o desenvolvimento do concreto autocicatrizante, ou seja, que consegue se recuperar de um dano anterior, por meio de reações internas que selam as fissuras e reduzem os efeitos das deteriorações causadas em sua estrutura.
Heloísa Cristina Fernandes Cordon, engenheira e professora doutora no curso de Engenharia Civil do Instituto Mauá de Tecnologia (IMT), lembra que a primeira pesquisadora a estudar o tema foi a professora Carolyn Dry, do Departamento de Arquitetura da Universidade de Illinois (EUA), em 1994. Em 2005, o material foi estudado pelo comitê técnico SHC 221, da International Union of Laboratories and Experts in Construction Materials, Systems and Structures (RILEM), e em 2011, o Departamento de Materiais do ITA iniciou os estudos no Brasil.
“Existem dois tipos de processos de autocicatrização. A autógena ocorre espontaneamente nos concretos convencionais, por fatores como inchamento das partículas, hidratação continuada do cimento e formação de carbonato de cálcio com base nos materiais constituintes originais, mas é limitada pela falta de indução das reações químicas necessárias ao selamento das fissuras. Já a autônoma acontece pela incorporação ou adição de materiais capazes de induzir o processo de autocicatrização, chamados de aditivos redutores de permeabilidade por cristalização, cujo objetivo é reagir com a água presente na fissura, para gerar o carbonato de cálcio que realizará seu fechamento”, detalha Heloísa Cristina.
Vantagens
Os aditivos redutores de permeabilidade por cristalização são incorporados ao concreto na fase de mistura, ou seja, antes de o material ser introduzido nas fôrmas das estruturas. Dessa maneira, sua aplicação é feita obrigatoriamente durante a obra. “Do ponto de vista ambiental, a vantagem da utilização desses materiais autocicatrizantes é aumentar a vida útil das estruturas, bem como reduzir a necessidade de manutenções muito constantes, o que evita a geração de resíduos provenientes de demolições ou reformas frequentes”, detalha a especialista.
Indicados principalmente para elementos de concreto que tenham contato direto com água e solos, como reservatórios, tubulações, fundações, paredes de subsolos e túneis, o concreto autocicatrizante já é bastante utilizado no Brasil, em importantes obras recentes, como: Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro; Museu do Ipiranga, em São Paulo; Projeto Aquapolo, em São Paulo; Usina Termoelétrica Pampa Sul, no Rio Grande do Sul; e reservatório de água potável da Embasa, em Salvador.
“Vale lembrar que a manutenção periódica deve ser um hábito para qualquer estrutura. Entretanto, com essa tecnologia, a frequência pode ser menor”, finaliza a engenheira.