Cerca de 40% dos jovens negros enfrentam exclusão profissional no Brasil

Além da exclusão social, o estudo indicou que 30% dos jovens negros enfrentaram dificuldades para acessar ambientes e recursos no trabalho

  • Data: 20/11/2024 12:11
  • Alterado: 20/11/2024 12:11
  • Autor: Redação
  • Fonte: Agência Brasil
Cerca de 40% dos jovens negros enfrentam exclusão profissional no Brasil

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Crédito:Marcello Casal Jr - Agência Brasil

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Um estudo recente conduzido pelo Ensino Social Profissionalizante (Espro), em colaboração com a Diverse Soluções, revelou desafios significativos enfrentados por jovens negros no mercado de trabalho brasileiro. A pesquisa, que contou com a participação de 3.257 adolescentes e jovens entre 14 e 23 anos, destacou que 41% dos jovens negros já sofreram exclusão de grupos sociais em seus locais de trabalho. Ademais, 38% desses jovens relataram que suas ideias não foram devidamente reconhecidas.

Os participantes do levantamento estavam ou estiveram envolvidos em programas de desenvolvimento profissional oferecidos pelo Espro, como cursos gratuitos de capacitação, o Programa Jovem Aprendiz e estágios. Do total, 53% dos entrevistados identificaram-se como negros, sendo 70% pardos e 30% pretos. As respostas foram colhidas entre 16 de setembro e 31 de outubro de 2024.

Além da exclusão social, o estudo indicou que 30% dos jovens negros enfrentaram dificuldades para acessar ambientes e recursos no trabalho. Incidentes de violência verbal, física ou psicológica foram relatados por 29% dos entrevistados, enquanto 19% afirmaram não terem sido considerados para promoções devido às suas características pessoais. Além disso, 32% dos participantes já foram desclassificados de vagas de emprego por motivos relacionados à sua identidade.

Um caso emblemático é o de Rayane Júlia Xavier da Silva, uma jovem aprendiz que enfrentou injúria racial em seu local de trabalho anterior. Ela narrou um episódio em que um colega fez comentários racistas sobre sua falta de interesse por pessoas brancas. Apesar de ter reportado a situação aos superiores, nenhuma ação foi tomada pela empresa na época.

Comparativamente, os jovens que não se identificam como negros apresentaram índices menores nos mesmos aspectos avaliados pela pesquisa: 37% relataram exclusão social e apenas 24% enfrentaram barreiras no acesso a recursos no ambiente laboral.

Alessandro Saade, superintendente executivo do Espro, observou que, apesar das dificuldades enfrentadas em várias esferas da vida cotidiana, muitos jovens negros percebem o ambiente corporativo como relativamente mais acolhedor e inclusivo. Ele acredita que debates e iniciativas de conscientização nas empresas podem proporcionar um suporte essencial para esses indivíduos.

O estudo também constatou que uma significativa parcela dos jovens negros (66%) nunca se sentiu pressionada a ocultar sua diversidade étnica, religiosa ou sexual no ambiente profissional. Entretanto, quando se trata de preconceito vivido ou testemunhado, os índices aumentam consideravelmente em instituições públicas e educacionais.

Particularmente preocupante é a situação das jovens negras pertencentes à comunidade LGBTQIAPN+, das quais 86% relataram ter experienciado preconceito em serviços públicos e ambientes educacionais. No trabalho, esse índice é reduzido para 45%.

Beatriz Santa Rita, especialista em diversidade e diretora da Diverse Soluções, destacou a importância do apoio contínuo aos jovens negros no início de suas carreiras profissionais. Ela enfatizou a necessidade de reforçar mecanismos nas empresas para prevenir discriminação e ressaltou como experiências discriminatórias contribuem para afastar esses jovens do mercado formal de trabalho.

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  • Data: 20/11/2024 12:11
  • Alterado:20/11/2024 12:11
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