Caso Covaxin: irmãos Miranda depõem na CPI da Covid
O deputado que promete complicar a vida de Bolsonaro ao depor nesta sexta-feira, 25, à CPI da Covid é conhecido por não ter papas na língua e envolver-se em polêmicas com frequência
- Data: 25/06/2021 16:06
- Alterado: 22/08/2023 22:08
- Autor: Redação ABCdoABC
- Fonte: Estadão Conteúdo
Caso Covaxin: "irmãos" Miranda prestam depoimento na CPI da Covid
Crédito:Reprodução
Antes aliado do governo, Luís Miranda (DEM-DF) procurou senadores, no início da semana, se oferecendo para dar seu testemunho, ao lado do irmão Luís Ricardo Fernandes Miranda, servidor do Ministério da Saúde, sobre o que chamou de “esquema de corrupção pesado” na compra da vacina indiana Covaxin.
Aos 41 anos, Miranda, o deputado, sempre foi apoiador de primeira hora de Bolsonaro e diz ter cobrado dele uma solução para o caso, que, nas suas palavras, envolvia antecipação de pagamento da vacina para uma empresa que não era a contratada, doses a menos e com prazo de validade curto, além de superfaturamento.
“Houve muita pressão no Ministério da Saúde para que fosse emitida a licença de importação da Covaxin“, disse Miranda. Em transmissão ao vivo pelas redes sociais, nesta quinta-feira, 24, Bolsonaro admitiu ter conversado com Miranda em março, no Palácio da Alvorada. “Ele não falou nada de corrupção em andamento. Passados quatro, cinco meses depois que ele conversou comigo – conversou sim, não vou negar isso aí -, não aconteceu nada”, afirmou o presidente. “Que corrupção é essa, se não recebemos nenhuma dose? Quem buscou armar isso daí vai se dar mal.”
Miranda tem rebatido declarações assim com o argumento de que a Covaxin só não chegou porque ele e o irmão impediram, denunciando as “irregularidades” no negócio. Luís Ricardo, o irmão, é servidor concursado do Ministério da Saúde, desde 2011, e, há cinco anos, chefia a área de importação do Departamento de Logística da pasta.
“Precisamos ter muita cautela neste momento. Uma denúncia dessas (contra o presidente) precisa ter alguns indícios que mostrem que ele está falando a verdade”, observou o presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM). “Vamos perguntar por que foi feito (o contrato), como foi feito, se ele sabia que o prazo de validade da vacina ia vencer (em maio) e quem é que pediu para agilizar.”
Ao contrário de outras vacinas, adquiridas diretamente pelo governo com os fabricantes, a Covaxin teve a compra intermediada pela Precisa Medicamentos. Alvo do Ministério Público Federal sob acusação de fraude na venda de testes para covid-19, a empresa está na mira da CPI, que quebrou os sigilos de um de seus sócios, Francisco Emerson Maximiano.
O senador Renan Calheiros (MDB-AL), relator da CPI, adiantou que a comissão tentará esclarecer o papel do coronel Élcio Franco no negócio. Em março, época em que o contrato para a compra da Covaxin já havia sido assinado, Élcio era secretário-executivo do Ministério da Saúde e o principal responsável pela aquisição de vacinas.
“Na conversa com a gente, ele (Miranda) disse que o Pazuello (Eduardo Pazuello, então ministro da Saúde) caiu porque não teve como resistir a esse esquema. Por isso, foi substituído”, afirmou Renan.