Capacitação em língua portuguesa possibilita recomeço para refugiados

A entrega dos certificados tornou-se um marco no processo de integração dos refugiados e migrantes em Brasília (DF)

  • Data: 24/07/2019 13:07
  • Alterado: 24/07/2019 13:07
  • Autor: Redação
  • Fonte: Fundação BB
Capacitação em língua portuguesa possibilita recomeço para refugiados

Hearty welcome for refugees in a German camp during language training: A female German volunteer is teaching young African (Gambia) and Arabic (Algeria and Tunesia) men the German language in a refugee camp quickly errected using accomodation containers. Over 1 million refugees arrived in Germany in 2015 alone, integration of these people requires enormous efforts by the government but also by thousands of volunteers providing basic training and services for the refugees.

Crédito:Depositphotos

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Comunicar-se não era um problema até que eles tiveram que deixar forçosamente às suas terras natais e aprender do zero um novo idioma, uma nova cultura num novo lugar.  Essa é a realidade de vários refugiados e migrantes que escolheram o Brasil para recomeçar suas vidas e enfrentaram o desafio de estudar uma nova língua para se reintegrar.

Neste cenário, a Casa de Direitos, mantida pela Cáritas Brasileira com apoio da Fundação Banco do Brasil, desenvolveu o projeto de Educação e Capacitação para Refugiados e Migrantes no Distrito Federal e Cidades do Entorno, que na sexta-feira (19) entregou os certificados de conclusão da segunda turma de alunos.

A iniciativa além de ter como objetivo potencializar o estudo da língua portuguesa, também ofereceu ferramentas para a integração dos migrantes e refugiados na sociedade brasileira, respeitando seus valores culturais e autonomia. Para isto também foram promovidas oficinas de legislação trabalhista brasileira, empreendedorismo, economia popular solidária, rodas de conversa, atendimento psicossocial e conversação mediada por professores de uma escola de idiomas.

O projeto também contou com a parceria da BB Tecnologia e Serviços e da Cisco Networking Academy Brasil, nas oficinas de inclusão digital.

Para Hildete Emanuele, coordenadora da Casa de Direitos, a capacitação foi muito além do aprendizado de um novo idioma. “O projeto é um gesto concreto de acolhida a essas pessoas em nosso país, com ações básicas de transmissão da língua portuguesa, da cultura brasileira e do suporte para o acesso aos direitos e garantia de dignidade“, explica.

Ao todo, foram 35 participantes residentes em Brasília de 17 nacionalidades: Togo, Marrocos, Congo, Cuba, Venezuela, Paquistão, Gâmbia, México, Bolívia, Egito, Síria, Gana, Haiti, Equador, Mauritânia, Índia e Tunísia.

A congolesa Edwige Kayi Bisiwi foi uma das participantes do curso e relatou que apesar de já entender bem o português, a capacitação foi essencial para a sua vivência no país. “Eu aprendi muito, porque agora sei como usar as palavras, a escrever e a me relacionar com as pessoas. Isso faz muita diferença: saber a aplicação de como se fala a língua e poder se comunicar nos lugares”, afirma.

No entanto, não foram só os estudantes que tiveram suas vidas impactadas por esta iniciativa. Durante três meses, uma equipe multidisciplinar composta por professoras de língua portuguesa e cultura brasileira também esteve dedicada a escutar as histórias de vida dos alunos, e se aprofundar e conhecer suas culturas. Como é o caso da professora de português, Jamile Maeda.

“Esse projeto transformou muito a minha vida! Foram três meses de nove horas por semana, três horas de aula por dia, tendo profundo contato, conhecendo e ensinando. E ver o crescimento e a felicidade deles hoje, é incrível! Ao longo desse período, estar com representantes de culturas diferentes me fez ter novos olhares, novas perspectivas, a desconstruir preconceitos e a tentar entender de outra forma como as pessoas pensam”, conta.

Segundo a Cáritas, a Casa de Direitos é um espaço muito procurado por refugiados e migrantes e há previsão para formação de novas turmas de alunos.

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