Caminhos da Reportagem revela aumento da violência contra idosos
Produção da TV Brasil mostra tendência de alta na ocorrência de casos
- Data: 24/08/2023 15:08
- Alterado: 24/08/2023 15:08
- Autor: Redação
- Fonte: TV Brasil
Crédito:Divulgação / TV Brasil
No ano em que o Estatuto do Idoso completa duas décadas, o programa Caminhos da Reportagem denuncia o crescimento do número de casos de violência contra idosos no país. A TV Brasil apresenta a edição inédita “Respeitem os meus cabelos brancos”, que aborda o envelhecimento dos brasileiros e investiga as diversas violências sofridas por essa parcela da população, neste domingo (27), às 22h.
A produção jornalística da emissora pública acompanha pessoas da terceira idade e consulta especialistas no assunto. A proposta é fomentar a reflexão sobre a necessidade de se olhar com mais atenção e amorosidade para os idosos, grupo que está cada vez maior na pirâmide social do país. O conteúdo da matéria especial também fica disponível no app TV Brasil Play.
Avanços nas leis e desafios no cotidiano
Em outubro de 2023, o Estatuto do Idoso completa 20 anos. Nessas duas décadas, o Brasil teve avanços em relação aos direitos dos idosos, como a prioridade no atendimento na fila do supermercado, do banco e em transportes públicos, além das vagas prioritárias para estacionar. Foi a primeira legislação que, de fato, passou a regular os direitos dos idosos. No entanto, ainda há muito o que fazer.
Alexandre Kalache, gerontólogo e presidente do Centro Internacional da Longevidade, alerta que o país não está preparado para o rápido envelhecimento observado em território nacional. Ele ressalta que, hoje em dia, o Brasil tem em torno de 15% da população com mais de 60 anos.
De acordo com o especialista, a projeção é que em 2050 mais de 30% dos brasileiros estejam nessa faixa-etária. “Nós vamos sair de uma população de cerca de 33 milhões para, daqui 27 anos, nós termos 68 milhões de pessoas idosas”, pontua Kalache.
Monize Marques, juíza e coordenadora da Central Judicial do Idoso do TJDFT (CJI – Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios), afirma que o país precisa de políticas públicas fortes para lidar com os desafios que se apresentarão. “O Brasil ainda não está preparado para circunstâncias que o envelhecimento traz, não somente no contexto doméstico, mas também no contexto social”, defende.
A magistrada destaca a demanda de mercado de trabalho para pessoas idosas, bem como programas específicos de saúde para que os hospitais tenham condições de oferecer maior dignidade e proteção. Monize Marques ainda aborda as necessidades associadas à assistência social e a instituições de longa permanência. “São diversas circunstâncias que envolvem o envelhecimento e que exigem do Estado uma política pública bastante consistente”, pondera.
Agressões dentro de casa e padrão de vítima
O Caminhos da Reportagem ainda aborda outro desafio sério para esse grupo de brasileiros. O programa joga luz sobre uma questão dramática: a violência contra os idosos. Dados da CJI mostram que a maior parte das violências é perpetrada por familiares próximos.
A juíza Monize Marques afirma que existe uma vítima padrão. “Uma mulher idosa que tem entre 60 e 69 anos e sofre violência por parte dos seus filhos. No âmbito da Central Judicial do Idoso, os dados revelam que 66% das violências são praticadas por filhos”, explica a magistrada.
O psicólogo Demétrius França comenta as dificuldades que os idosos enfrentam para denunciar. “Se você é o cuidador primário daquela pessoa, ela reconhece isso e ela sente uma necessidade de lealdade com você”, pontua o doutor em Psicologia Clínica.
O especialista diz que os idosos encaram um dilema. “A gente fica entre a cruz e a espada. Porque se o seu cuidador é a pessoa que de alguma forma te maltrata, te agride ou abusa de você financeiramente… Como se defender dessa pessoa?”, questiona Demétrius França.