Café pode ficar mais caro nos próximos meses
A seca e altas temperaturas impactam a produção de café no Brasil, elevando os preços em até 25%
- Data: 06/02/2025 07:02
- Alterado: 06/02/2025 07:02
- Autor: Redação
- Fonte: Abic
Crédito:Governo de SP
A combinação de seca severa e temperaturas elevadas no ano passado impactou negativamente a produção de café no Brasil, resultando em aumentos significativos nos preços do produto nas prateleiras dos supermercados.
De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), os preços do café, que já vinham aumentando desde maio de 2023, devem continuar em ascensão. Nos próximos dois meses, a expectativa é que haja um incremento de até 25% nos valores praticados no varejo.
Atualmente, o café já ocupa a posição de item mais caro na cesta básica, apresentando uma alta de 37,4% em 2024 em comparação ao ano anterior. Essa elevação foi mais acentuada do que a observada em outros produtos essenciais, como leite (18,4%), arroz (15%) e óleo de soja (26,6%), conforme dados do Instituto de Economia Agrícola (IEA), citados pela Abic.
Até dezembro do ano passado, o preço médio de um pacote de café tradicional de 1 kg era de R$ 48,90. Pavel Cardoso, presidente da Abic, atribui o aumento à necessidade da indústria em repassar os custos que dispararam — o preço do café subiu 116,7% em 2024 em relação a 2023. Apesar das perspectivas de melhora na segunda metade do ano, as altas taxas atuais refletem um mercado sob pressão.
A seca e as altas temperaturas do ano anterior foram os principais fatores que afetaram a produção cafeeira. Além disso, questões como a valorização do dólar frente ao real tornaram o mercado internacional mais atraente para exportadores brasileiros, somadas ao aumento dos custos logísticos.
Embora tenha havido um crescimento de 1,1% na quantidade de café comercializada no Brasil, esse aumento não acompanhou o crescimento populacional, resultando em uma queda de 2,22% no consumo per capita. Cardoso observa que os consumidores estão adotando uma abordagem mais cautelosa em relação ao consumo da bebida devido aos altos preços.
Em média, cada brasileiro consome cerca de 1.430 xícaras de café por ano. A crise climática que afetou a produção inclui episódios recorrentes de geadas e ondas de calor nos últimos quatro anos. Durante esse período, o custo da matéria-prima aumentou em impressionantes 224%, enquanto os consumidores enfrentaram uma elevação nos preços que chegou a 110%.
Adicionalmente, fatores como conflitos geopolíticos também elevaram os custos logísticos associados à exportação do café. As guerras no Oriente Médio têm encarecido o transporte marítimo e afetado diretamente os preços dos contêineres utilizados para embarques internacionais.
No entanto, há também um panorama otimista: o café é a segunda bebida mais consumida no Brasil e no mundo. Os produtores brasileiros estão se expandindo para novos mercados internacionais; por exemplo, a China subiu rapidamente na lista dos maiores importadores brasileiros de café.
A expectativa é que a safra de 2025 seja superior à anterior, com uma previsão de produção de 51,8 milhões de sacas — um aumento estimado de 4,4%. Entretanto, só será possível avaliar se haverá uma redução nos preços após setembro deste ano, quando se encerra a colheita atual.
Cardoso menciona ainda que o investimento contínuo na produção por parte dos agricultores e da indústria pode ajudar a estabilizar ou até reduzir os preços no futuro próximo. Em 2024, o setor alcançou um faturamento recorde de R$ 36,82 bilhões, representando um aumento significativo em relação ao ano anterior.
Por fim, algumas empresas estão explorando novas opções de embalagens com variações no peso do produto para diversificar as faixas de preço disponíveis aos consumidores.