Butantan negocia compra de mais 20 milhões de doses da Coronavac, diz Doria

O Instituto Butantan está em negociações para comprar mais 20 milhões de doses da vacina contra o coronavírus desenvolvida pela chinesa Sinovac Biotech

  • Data: 05/02/2021 12:02
  • Alterado: 05/02/2021 12:02
  • Autor: Redação ABCdoABC
  • Fonte: Estadão Conteúdo
Butantan negocia compra de mais 20 milhões de doses da Coronavac, diz Doria

Doria diz que Butantan está em negociação de mais 20 milhões de doses da vacina Coronavac

Crédito:Governo do Estado de São Paulo

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Essa foi a informação do governador de São Paulo, João Doria (PSDB), em entrevista à Reuters nesta quinta-feira, 4. O instituto já havia garantido 100 milhões de doses até setembro.

Até agora, o Ministério da Saúde assinou apenas um contrato com o Butantan para adquirir 46 milhões de doses do Coronavac para distribuição nacional, mas Doria disse estar confiante de que assinará mais 54 milhões de doses em breve. A intenção já foi sinalizada pelo ministério na sexta-feira, 29, que prometeu firmar novo contrato nesta semana. “Não vamos, diante de uma situação de vida ou morte, apenas esperar para ver o que acontece”, disse.

A vacina vem sendo envasada no Butantan após o recebimento do insumo farmacêutico ativo (IFA) importado da China. Uma nova fábrica está sendo construída para a produção completa da vacina pelo Butantan, que deve iniciar a fabricação em escala a partir de janeiro. Do Butantan saem todas as doses da Coronavac destinadas ao Programa Nacional de Imunização.

A ideia é que os 54 milhões de doses que devem ser acertadas nesta semana sejam entregues até setembro. Os 20 milhões de doses adicionais atualmente em negociação atenderiam este período entre setembro e janeiro, quando a fábrica brasileira deve começar a produzir 100% da vacina. Doria manifestou confiança de que a aquisição será concretizada.

“Está na etapa de negociação, mas o laboratório Sinovac tem sido um bom parceiro, muito correto e muito solidário às nossas necessidades aqui do Brasil, e não tenho dúvida nenhuma de que nos atenderá nessa solicitação”, afirmou o governador.

Depois de um atraso na entrega dos insumos da Coronavac, o Butantan recebeu na noite de quarta-feira, 3, o IFA para o envase de 8,6 milhões de doses da vacina, com entrega prevista a partir do dia 25. Na próxima semana, também na quarta-feira, deve chegar ao Brasil um novo lote de insumos, dessa vez para a produção de mais 8,7 milhões de doses do imunizante.

Doria disse que as negociações para a liberação dos insumos pelo governo chinês foram feitas pelo governo paulista, que tem um escritório de representação em Xangai, com o apoio da embaixada da China no Brasil.

O governador disse que a representação do governo federal em Pequim não participou das tratativas, embora tenha declarado que mantém boa relação com a embaixada brasileira na China. Ele disse ainda que as futuras importações de insumos da Sinovac para o Butantan agora devem ser “constantes”.

“Muito provavelmente receberemos lotes de vacinas semanalmente, ou na pior das hipóteses a cada 10 dias”, disse o governador.

Prazo de pagamento

De acordo com o governador, até o momento o Ministério da Saúde ainda não pagou pelas 8,7 milhões de doses da Coronavac já entregues pelo Butantan, apesar de o presidente Jair Bolsonaro, desafeto político de Doria, ter assinado uma medida provisória que destina 20 bilhões de reais para a compra de vacinas contra covid-19.

O Butantan está vendendo a dose da Coronavac ao Ministério da Saúde por US$ 10,30 dólares. O contrato inicial do instituto com a Sinovac, que previa a entrega de 6 milhões de doses prontas e 40 milhões em insumos, além da transferência de tecnologia, foi de 90 milhões de dólares.

“Ainda não recebemos. E há um prazo a ser cumprido. Até o final deste mês de fevereiro, portanto até 28 de fevereiro, o governo deve cumprir o pagamento das doses que já recebeu. Se não o fizer, não receberá mais doses da vacina do Butantan”, disse Doria.

“Aí voltamos àquelas prerrogativas dos governos estaduais. Não havendo compra pelo governo federal, os governos estaduais farão essa compra para a imunização das suas populações. Mas isso de certa forma quebra o pacto federativo, porque sempre foi o governo federal que fez a aquisição de vacinas… Seria uma lástima quebrar mais essa referência do Programa Nacional de Imunização.”

Doria repetiu o ultimato que deu ao ministério recentemente apontando que, caso o contrato para o lote adicional de 54 milhões de doses não seja assinado até esta sexta, o Butantan venderá a vacina diretamente aos Estados. A pasta disse que assinaria o acordo nesta semana.

Além das doses da Coronavac entregues pelo Butantan, o ministério tem, até o momento, 2 milhões de doses da vacina desenvolvida pela AstraZeneca em parceria com a Universidade de Oxford no Programa Nacional de Imunização. Nesta quinta, o ministério disse que espera para sábado a chegada de insumos da China aguardados desde janeiro para o início do envase da vacina da AstraZeneca pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

Indagado sobre o ritmo de vacinação em São Paulo – até a noite de quinta-feira, cerca de 660 mil pessoas haviam sido vacinadas no Estado, o que significa um percentual menor da população do que em outros Estados -, Doria reconheceu que “é possível acelerar” a imunização contra a covid-19.

“Eu determinei à área de imunização que acelerasse esse processo, dado ao fato de que nós agora estamos seguros que o Instituto Butantan receberá semanalmente doses da vacina para poder atender à necessidade da população do Estado de São Paulo”, afirmou.

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