Brechas Urbanas deste mês trata da construção de cidades possíveis _x000D_

A partir de pontos de vista distintos, o debate mensal promovido pelo Itaú Cultural convida o público a ponderar como os dois conceitos impactam a construção do futuro

  • Data: 25/07/2019 17:07
  • Alterado: 25/07/2019 17:07
  • Autor: Redação
  • Fonte: Itaú Cultural
Brechas Urbanas deste mês trata da construção de cidades possíveis _x000D_

Morena Mariah

Crédito:Valda Nogueira

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O Brechas Urbanas de julho acontece no dia 31 (quarta-feira), às 20h, no Itaú Cultural. O tema desta edição, Entre Utopia e Distopia, a Cidade, propõe a reflexão sobre a construção de cidades possíveis. Para endossar esse assunto, foi convidada Morena Mariah, coordenadora de políticas de igualdade racial, da Secretaria Municipal de Cultura do Rio de Janeiro, e pesquisadora dedicada ao resgate do legado cultural africano e afro-brasileiro. Ela divide o palco da Sala Vermelha com Fábio Fernandes, professor de tecnologia em jogos digitais e jornalismo da Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP), que atualmente também desenvolve pesquisa ligada à narrativa de sociedades utópicas.

O pensamento de Fernandes em relação ao tema se alinha com o que postula Kim Stanley Robinson, autor norte americano de ficção científica e objeto de sua pesquisa de doutorado. Ele tem como conceito de fundo o Antropoceno, ou seja, a época dos humanos. Suas obras dizem respeito de caminhos possíveis tendo em vista o atual nível de devastação do meio ambiente. Robinson opta por pintar personagens que entram em conflito com o sistema e se arriscam na construção de outros mundos e possibilidades, dedicados a causas políticas ou ecológicas e ao fomento de um sistema diferente. 

Sendo assim, Fernandes tem em mente as utopias, já que elas colocam as ações de cada um no centro das saídas para estas questões enfrentadas pelas sociedades na construção das cidades, que, na contemporaneidade, passam necessariamente pelo binômio progresso e devastação. A partir deste ponto, ele pensa que em São Paulo algumas iniciativas poderiam ser ampliadas para que a vida nos centros urbanos se torne mais fácil, como o aumento do transporte alternativo, das hortas comunitárias e das trocas que não usem dinheiro. 

“O poder público e as empresas não estão interessados em resolver os problemas. Temos que continuar lutando todos os dias. Essas iniciativas são pequenas, mas existem. Pedem para nós não usarmos canudinho, mas as empresas o continuam fabricando. Ou a gente morre ou levanta todo dia para trabalhar,” diz o professor que vislumbra nas utopias uma inspiração para a construção constante de comunidades mais sustentáveis.

Enquanto o pensamento de Fábio Fernandes se origina nos desequilíbrios do presente, para Morena, tanto a distopia quanto a utopia percorrem primeiro o caminho da história. Ela parte do ponto de vista das pessoas negras, moradoras das favelas e periferias ao colocar que, quando se pensa em um futuro distópico, para alguns a ideia de violência e opressão já é uma realidade presente. “A experiencia de viver na cidade pode ser muito tranquila e agradável, para uns. Para outros, pode ser violenta, da ordem da destruição e da morte”, completa a pesquisadora que salienta a importância de perceber sobre qual ponto de vista está se falando. 

Para ela, apesar de opostas à ideia de distopia, as utopias navegam na mesma margem, uma vez que o conceito também deve partir de um referencial. “A ideia de utopia é diferente para grupos distintos”, afirma. Morena acredita que enquanto essa concepção de bem-estar coletivo pode parecer longínqua para os povos do Ocidente, ela já foi uma realidade destruída pelo processo de descolonização, no tocante aos povos indígenas e africanos. “Para as pessoas com uma bagagem ocidental, a ideia de bem-estar coletivo e equidade parece algo utópico, como se não houvesse vida para além do capitalismo, mas muitas sociedades viveram isso antes da colonização”, finaliza.

SOBRE O BRECHAS URBANAS
O Brechas Urbanas foi criado a partir da aposta do Itaú Cultural de que é cada vez mais urgente repensar a vida nas cidades, tendo a arte como elemento transformador potente nesta reflexão.

“Essa pesquisa proporcionada pelos encontros nos move a propor inovações no mundo contemporâneo”, acredita Ana de Fátima Sousa, gerente do Núcleo de Comunicação do Itaú Cultural, que também assina a curadoria da programação.

Monique Evelle, a nova mediadora do encontro, destaca importância de poder aprofundar o debate sobre as cidades a partir de diferentes narrativas. “Vai ser um território de aprendizagem ao lado de pessoas que estudam e vivem cada assunto abordado.”

Brechas Urbanas tem a proposta de reunir mensalmente representantes de diversas áreas da arte e da cultura para fazer uma reflexão atual e propositiva sobre a vida na cidade. Além da transmissão ao vivo do programa, também com interpretação em Libras, o Itaú Cultural disponibiliza todos os eventos do gênero já realizados no endereço: http://www.itaucultural.org.br/secoes/videos.

SERVIÇO

BRECHAS URBANAS – ENTRE UTOPIA E DISTOPIA, A CIDADE 
Data: 31/07
Horário: às 20h
Local: Itaú Cultural, Sala Vermelha – piso 3
Endereço: Avenida Paulista, 149, Estação Brigadeiro do Metrô
Entrada gratuita

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Crédito:Valda Nogueira
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Crédito:Valda Nogueira Morena Mariah

  • Data: 25/07/2019 05:07
  • Alterado:25/07/2019 17:07
  • Autor: Redação
  • Fonte: Itaú Cultural









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