Brasileiros vítimas de tráfico deixam Mianmar e aguardam Itamaraty
Jovens brasileiros aguardam assistência da embaixada para retornar ao Brasil após fuga de cativeiro no Mianmar, com o apoio da organização The Exodus Road.
- Data: 12/02/2025 17:02
- Alterado: 12/02/2025 17:02
- Autor: Redação ABCdoABC
- Fonte: FOLHAPRESS
Dois jovens brasileiros foram transportados em veículos militares tailandeses até a cidade de Mae Sot, localizada na fronteira com Mianmar. De acordo com informações prestadas por Luckas em uma ligação para sua mãe, Cleide Viana, eles seriam posteriormente levados a uma base militar na província de Tak.
Os cidadãos brasileiros relataram que ainda estão em busca de assistência por parte da embaixada do Brasil. Em contatos breves realizados com familiares no Brasil durante a tarde desta quarta-feira, eles informaram que apenas embaixadas de outras nacionalidades estavam presentes em Mae Sot para resgatar seus nacionais.
O Itamaraty se manifestou afirmando que está “tomando as providências necessárias” para facilitar a repatriação dos jovens. Em uma nota divulgada na tarde desta quarta-feira, o Ministério das Relações Exteriores esclareceu que, através da Embaixada em Bangcoc, está prestando assistência aos dois brasileiros que foram liberados após serem vítimas de tráfico de pessoas na fronteira entre Mianmar e Tailândia. O governo brasileiro está atualmente trabalhando nas medidas necessárias para garantir o retorno deles ao Brasil.
Familiares dos jovens ainda não foram contatados por representantes das autoridades brasileiras. Eles relatam dificuldades para estabelecer comunicação com a embaixada brasileira em Bangcoc desde as primeiras horas do dia. “Outras embaixadas estão enviando equipes para resgatar seus cidadãos, enquanto a do Brasil ainda não se manifestou ou fez contato”, declarou Antonio Calos Ferreira, pai de Phelipe.
De acordo com a organização The Exodus Road, que acompanha o caso dos brasileiros, a embaixada brasileira deverá entrar em contato com os jovens nesta quinta-feira (13). Cintia Meirelles, porta-voz da entidade civil internacional dedicada ao combate ao tráfico humano, informou que o órgão diplomático fará a comunicação com Luckas e Phelipe na manhã do horário local tailandês para iniciar os procedimentos necessários à sua volta ao Brasil.
No entanto, Meirelles alertou que o processo de repatriação poderá levar alguns dias. “É provável que a liberação deles não ocorra rapidamente”, afirmou ela em um áudio enviado à família. Os jovens deverão permanecer em um centro de referência para vítimas de tráfico humano na Tailândia até que possam retornar ao país.
A situação dos brasileiros é crítica, tendo em vista que eles conseguiram escapar no último sábado e foram encontrados por um grupo armado em Mianmar na segunda-feira (10). Segundo informações fornecidas pelos familiares, ambos conseguiram fugir do local onde estavam sendo mantidos como reféns junto a centenas de estrangeiros, também vítimas do tráfico humano no país asiático, que vive sob um regime militar autoritário há quatro anos e é marcado pela presença de milícias que apoiam ou se opõem ao governo.