Bora Testar apresenta primeiros dados sobre a Covid-19 após testagem em Paraisópolis

A ação ocorreu entre os dias 8 e 12 de setembro.

  • Data: 22/09/2020 10:09
  • Alterado: 22/09/2020 10:09
  • Autor: Redação
  • Fonte: Assessoria
Bora Testar apresenta primeiros dados sobre a Covid-19 após testagem em Paraisópolis

Infográfico Resultados de Paraisópolis

Crédito:Divulgação

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O projeto Bora Testar, criado para levar testes de diagnóstico às maiores favelas do país com o objetivo de ajudar na prevenção da saúde dessa população e gerar dados que traduzam a realidade desses territórios, finalizou a primeira etapa da campanha ao atender moradores de Paraisópolis, em São Paulo e apresenta os resultados dessa primeira operação.

Dividida em sete quadrantes compostos por 42 setores censitários, os mesmos utilizados pelo IBGE para mapear a região, três equipes compostas por enfermeiros e entrevistadores se organizaram para visitar as casas, realizar a triagem para os testes e, quando necessário, aplicar os exames diagnósticos. A ação ocorreu entre os dias 8 e 12 de setembro.

As equipes percorreram os sete quadrantes de Paraisópolis e fizeram a triagem com 400 moradores. Desse total, 28% foram encaminhados para os exames e 6,3% tiveram resultado positivo para a Covid-19. “Esta é uma amostra probabilística que trabalha com o número de entrevistas correspondentes aos locais, os quais são divididos de maneira proporcional ao número de domicílios e nos dá confiança de resultados”, explica Emilia Rabello, sócia-fundadora da OutDoor Social, uma das idealizadoras do projeto. 

A partir do questionário também é possível traçar um perfil dos moradores. Entre os que apresentaram resultado positivo para o coronavírus, 48% têm renda familiar até R$ 1045. Não há distinção entre o grau de instrução, foram contaminados igualmente 40,7% dos que têm o fundamental incompleto e os que têm ensino médio e superior incompletos.  Mas o contágio se deu com maior incidência entre os moradores que saem de casa para trabalhar (51,9%). 

O levantamento deixa claro que pessoas que trabalham com atendimento presencial (serviços) estão mais suscetíveis à contaminação com 40% dos resultados positivos e 50% que servem na área de saúde.

A triagem traz também perguntas sobre sintomas apresentados anteriormente à data do questionário e no dia da visita, e esses dados apresentam mudanças. Entre os sintomas anteriores (entre março e agosto), a falta de olfato e paladar eram as principais manifestações e afetaram 23% das pessoas, além de tosse 22% e febre e calafrios 21%. Na data da visita, apenas 4% apresentavam os sintomas mais conhecidos da doença: a ausência de olfato e paladar, enquanto a tosse e nariz congestionado eram 6,5%. Entre os que tiveram sintomas, apenas 11% disseram ter procurado orientação médica.

O formulário utilizado para triar e encaminhar as pessoas para o diagnóstico foi criado por um grupo de médicos, parceiros do Bora Testar, e desenvolvedores da plataforma Ciente (https://app.ciente.net/covid/), por meio da qual os comunitários são questionados sobre seus sintomas. A partir destas informações é possível o cruzamento de dados para retratar a pandemia nas favelas brasileiras, de comunidade em comunidade, até o final da campanha.

“A testagem é uma das principais ferramentas para zelar pela saúde e pela vida dessas pessoas, mas a triagem é fundamental para otimizar a utilidade e o desempenho dos testes para que os resultados sejam mais fidedignos – como funciona melhor, com maior precisão e maior confiabilidade”, explica a médica infectologista Juliana Arruda de Matos, uma das desenvolvedoras da plataforma Ciente.

Censo das Favelas – No Brasil, existem mais de 6.300 favelas, segundo o IBGE, que abrigam 13,4 milhões de pessoas, retratando uma grande desigualdade social de acesso à saúde. Por isso, uma das maiores preocupações com o contágio da Covid-19 tem sido a disseminação e a letalidade do coronavírus nessas comunidades, que se caracterizam por terem residências muito próximas, famílias vivendo em casas de cômodo único, dificuldade no abastecimento de água, pouco acesso ao saneamento básico e socialmente distantes de serviços de saúde adequados.

Paraisópolis é uma das maiores favelas do Brasil, com aproximadamente 60 mil habitantes e faz parte do grupo G10 – um bloco de líderes e empreendedores de impacto social que reúne as 10 maiores favelas do Brasil e que participa como parceiro logístico para a realização da triagem e dos testes aplicados pela Campanha Bora Testar nessa comunidade.

“Nossa preocupação, além de levar os testes aos que mais precisam para cooperar com a prevenção da doença, é poder contribuir com dados que ajudem a traçar políticas públicas para o atendimento de uma das populações mais vulneráveis de nossa sociedade”, complete Claudia Daré, diretora executiva da LatAm Intersect PR, também idealizadora da Campanha Bora Testar.

A metodologia aplicada na triagem também auxilia no combate à COVID 19 de maneira objetiva, pois relevou que os casos positivos estao concentrados em três unidades censitárias, com prevalência no quadrante seis, no setor um (ver mapa).

Segundo Gilson Rodrigues, coordenador nacional do grupo G-10 das Favelas, esta é a região central da comunidade, onde há maior concentração de pessoas, e próxima a um córrego, onde o esgoto corre a céu aberto. “Não resta dúvidas que essas condições são fatores propícios para a contaminação. Apesar de todo o esforço que dedicamos para dar melhores condições aos moradores, políticas públicas são ainda mais necessárias” afirma.

Outras ações da Campanha Bora Testar já estão programadas em São Paulo e no Rio de Janeiro. O projeto conta com apoio de empresas solidárias e também com uma plataforma de crowfunding para compra de testes e suporte logístico. A próxima comunidade a ser testada será Heliópolis, também em São Paulo. Para contribuir com a campanha, com qualquer valor a partir de 10 reais, basta acessar a plataforma.

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  • Data: 22/09/2020 10:09
  • Alterado:22/09/2020 10:09
  • Autor: Redação
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