Bolsonaro pede desculpas por vídeo, mas assessor repete comparação com hienas
Horas após de Bolsonaro pedir desculpas pelo vídeo postado em seu Twitter em que ele aparece como um leão duelando com hienas, o seu assessor repete as comparações
- Data: 29/10/2019 17:10
- Alterado: 29/10/2019 17:10
- Autor: Redação ABCdoABC
- Fonte: Estadão Conteúdo
Crédito:Reprodução
O assessor de Bolsonaro para assuntos internacionais Filipe Martins, ligado à ala ideológica do governo, fez nesta terça-feira, 29, novas comparações com os animais selvagens.
Segundo Martins, o “establishment” (grupo que detém poder) é um “punhado de hienas” que ataca quem ameaça seus privilégios. Para o assessor de Bolsonaro, este cenário só mudará “quando o Brasil se tornar uma nação de leões”.
“O establishment não gosta de se ver retratado, mas ele é o que ele é: um punhado de hienas que ataca qualquer um que ameace o esquema de poder que lhe garante benefícios e privilégios às custas do povo brasileiro. Isso só mudará quando o Brasil se tornar uma nação de leões”, escreveu Martins no Twitter.
Mais cedo, presidente Bolsonaro disse em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo que a publicação do vídeo em sua conta no Twitter foi um “erro”. Na montagem, divulgado na segunda-feira, 28, as hienas que ameaçam o leão levam o símbolo de instituições como o Supremo Tribunal Federal (STF), a Organização das Nações Unidas (ONU), o seu partido, PSL, e siglas de oposição – entre as quais o PT e o PCdoB -, além da imprensa.
A postagem inflamou a briga interna no PSL e foi criticada pelo ministro Celso de Mello, do Supremo. O vídeo foi apagado cerca de duas horas depois diante de forte repercussão negativa.
“Me desculpo publicamente ao STF, a quem porventura ficou ofendido. Foi uma injustiça, sim, corrigimos e vamos publicar uma matéria que leva para esse lado das desculpas. Erramos e haverá retratação”, disse o presidente durante viagem à Arábia Saudita.
Martins integra núcleo de assessores de Bolsonaro conhecido como “gabinete do ódio”. O grupo defende pauta de costumes, conservadoras, tem forte presença nas redes sociais e produz relatórios para orientar o presidente sobre fatos do Brasil e do mundo. O assessor para assuntos internacionais também é um dos nomes do Palácio do Planalto convocados para prestar depoimento à CPI mista das Fake News instaurada no Congresso Nacional.
No filme postado na segunda, 28, o animal que simboliza Bolsonaro se alia a outro leão, chamado “conservador patriota”, parte para o contra-ataque e vence seus inimigos. Bolsonaro disse ao Estado que o vídeo foi publicado em sua conta sem o devido cuidado e que orientou sua equipe a evitar este tipo de conteúdo. “O vídeo não é meu, esse vídeo apareceu, foi dada uma olhada e ninguém percebeu com atenção que tinham alguns símbolos que apareciam por frações de segundos. Depois, percebemos que estávamos sendo injustos, retiramos e falei que o foco (nas redes sociais) são as nossas viagens.”