Bolsonaro fala em implodir o PL
Ex-presidente Jair Bolsonaro sugere implodir PL após líder do partido elogiar presidente Lula (PT)
- Data: 16/01/2024 07:01
- Alterado: 17/01/2024 09:01
- Autor: João Pedro Mello
- Fonte: ABCdoABC
O presidente do Partido Liberal (PL), Valdemar Costa Neto, apelou às redes sociais
Crédito:Reprodução
Na manhã de ontem (15) o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), em uma frase provocativa sem citar o líder de seu próprio partido Valdemar da Costa Neto (PL), disse em vídeo em que a imprensa teve acesso, que o Partido Liberal (PL), poderia ser implodido, por conta do dirigente ter elogiado o presidente Lula (PT).
A pegado do Bolsonaro
A conversa ocorreu numa gravação em tom informal entre os próprios correligionários do partido no Rio de Janeiro, e surgiu quando um dos integrantes afirma que o PL poderia chegar com força em 2024, é nesse momento em que o Bolsonaro afirma que essa semana havia tido um problema sério com alguém que não iria comentar.
“Se continuar assim, você vai implodir o partido. Pessoa do partido dando declarações absurdas, dizendo que o Lula é extremamente Popular. Tá. Manda ele [Lula] vir tomar uma 51 aqui na esquina”, finalizou Bolsonaro.
Após declaração em entrevista, Valdemar foi as redes sociais falar em lealdade a Bolsonaro depois de ter sido criticado por elogios ao presidente Lula, afirmando com suas declarações foram retiradas de contexto. Além disso, acusou a matéria de não colocar o trecho em que elogia Jair Bolsonaro por diversas vezes.
Tudo começou com a fala atrapalhada do líder do PL, o que iniciou toda confusão durante uma entrevista, quando fez a seguinte afirmação:
“Ele é um camarada do povo, é completamente diferente do Bolsonaro. E é um fenômeno ele chegar aonde chegou. O José Alencar era vice-presidente, nós fizemos parte do governo. E Lula foi bem no governo também, elegeu a Dilma depois. Não tem comparação com Bolsonaro. Primeiro que o Lula tem muito prestígio, ele não tem o carisma que Bolsonaro tem, mas tem popularidade”, disse Valdemar da Costa Neto.
A língua é o chicote do corpo
Para muito apostadores, Jair Bolsonaro nem chegaria a terminar seu mandato, mas contrariando muito palpiteiros de plantão, supreendentemente, ele conseguiu, em meio a tantas polêmicas e maracutaias que conseguiu abafar para garantir governabilidade. Acerca da declaração de Bolsonaro, primeiramente, não se pode esquecer que, foi o mesmo Bolsonaro que destruiu o Partido Social Liberal (PSL), antes de virar a União Brasil, partido este que nem era direito um partido, foi praticamente criado em torno dele.
Muito embora se tenha tentado minimizar o fato, não há dúvidas que o vídeo caiu como uma bomba entre os integrantes do partido. Não literalmente, mas quase como manda o jargão, durante a presidência, Bolsonaro conseguiu a façanha de “morrer pela boca” inúmeras vezes, como denuncia o ditado, portanto, mesmo não sendo peixe, todo cuidado é pouco em mares que não domina, longe do cercadinho de cobras que diziam “amém” para tudo que fazia.
A declaração do líder do PL gerou faíscas entre apoiadores e correligionários, entretanto, vale destacar que a crise interna no Partido Liberal, poderia ter sido apagada e até tentada por Valdemar que garantiu a pessoas próximas que a paz já foi selada. Entretanto, a fala do próprio Bolsonaro, não ajudou em nada, só tornou tudo pior, fazendo com que as rachaduras do partido fossem ficando cada vez mais evidentes, ou, em bom português: se continuar assim, o próprio Bolsonaro vai se implodir. A bem da verdade, o ex-presidente, se sentiu claramente desprestigiado e atacou Valdemar na primeira oportunidade, mesmo assim, é necessário que Bolsonaro tome tenência, pois é também Valdemar quem paga os advogados que cuida das ações que ele enfrenta e prestará pelos crimes durante seu governo, então é bom que ele calcule seus passos e falas daqui por diante.
É importante destacar que, pela primeira vez em 35 anos, Jair Bolsonaro está tendo que cuidar o que fala, e, falhando miseravelmente. Fogo amigo é o pior tiro possível, ainda mais quando agora que está exposto, sem a proteção de um mandato, e mais, o dom de se implodir é uma quase um dom meio toque de midas, só que às avessas. Mesmo sem citar a principal liderança de próprio partido, o ex-presidente Jair Messias Bolsonaro (PL), não gostou nada de saber que Valdemar da Costa Neto (PL), fez comentários elogiosos ao presidente Lula (PT). É necessário que se tenha muita cautela, pois, diferentemente de quando se é a situação (o governo), conta-se com todo um aparato estatal para bancar as barbaridades que se fala, então desta vez, ele não pode mais se dar a este luxo.
Infelizmente, o fanatismo ainda segue dividindo pessoas, se apropriando de valores individuais com os mesmos tons que seitas faziam na década de 70, o curioso é perceber que partidos de verdade (não como no caso do PSL), possuem identidade própria, ou seja, não giram em torno de apenas um nome para coexistir. Em outras palavras, Bolsonaro deve se cuidar, pois desta vez, ele não é mais a última bolachinha do pacote. Então, mesmo que o presidente do PL, Valdemar da Costa Neto, tenha vindo a público, colocar panos quentes na situação, a qualquer momento os correligionários, podem simplesmente cansar das aboborinhas e fanatismos do bolsonarismo, e dar um basta nessa loucura. E lembrando, a burrice é tamanha, que se indispor com um de seus maiores aliados não faz o menor sentido, (mesmo que recentemente tenha sido dito que ele iria mudar de endereço, por hora), ainda é mesmo líder do PL, Valdemar da Costa Neto (PL), quem paga sua residência alugada em Brasília.
No frigir dos ovos, a frase do ex-presidente, retrata muito da velocidade de sua meteórica ascensão política. De um deputado completamente desconhecido no cenário nacional – lembrado apenas por suas opiniões controversas em programas de auditório bizarros -, que pouco a pouco foi ganhando notoriedade, virando candidato a presidência da república, até finalmente sentar-se na cadeira do maior cargo político do país. Vale lembrar também, que ele não tem mais foro privilegiado, portanto, não se pode dar ao luxo de falar as mesmas groselhas de outrora, pois corre o risco de ser investigado e preso.
O topo é sempre perigosamente sedutor, por isso existem tantos “ismos”, por isso eles ainda irão perduram por muito tempo. Não adianta, o ego é sempre implacável, geralmente o maior inimigo do bom senso, ainda mais na política, quando se chega tão alto deve ser muito difícil passar a olhar para as pessoas de igual, mas o preço chega para todos também, às vezes demora, mas é certo que sempre a galope vem.
Partidos implodem sem “ismos”?
Não é segredo para ninguém que Lula impediu o surgimento de novas lideranças que potencialmente poderiam desabrochar no Partido dos Trabalhadores (PT). O petista sempre foi a sombra inabalável do PT, tanto para o bem, quanto para o mal. A máxima é tão verídica, que no período em que esteve preso, o partido nunca conseguiu descolar sua a imagem de seu maior expoente, e nem poderia, Lula jamais permitiu. Ainda assim, o PT sempre foi independente, antes mesmo do surgimento do petista. Lula não criou a esquerda, mas sem dúvidas é um só com partido, tanto que parte do termo e expressão nasce com as divergências da própria esquerda, daí surge o tal “lulismo”, e, portanto, as ramificações intrapartidárias se dividem entre os próprios correligionários do partido em disputas internas.
O mesmo ocorre no bolsonarismo, mas diferente da característica de progressismo, e tal pra frentex, (mas que ao mesmo tempo carregava hipocrisia ao defender ditaduras de estimação), no ultraconservadorismo, se adota uma filosofia mais ufanista (com o patriotismo exacerbado), e até hipócrita, no quisto moralidade, como nos costumes, porque de resto, partidos são partidos, mudam conforme a conveniência. No caso do Partido Liberal (PL), é um caso completamente diferente, visto que além do partido não depender de Bolsonaro para seguir vivo, o Bolsonarismo em si, ainda é muito recente, seus apoiadores na realidade são nada mais do que eleitores ex-tucanos que ficaram viúvos de uma oposição consistente, e outra parte se trata eleitores insatisfeitos com os governos de corrupção petista. O bolsonarismo faz um papel semelhante à de um partido formal, ora migra para um lado, ora para outro, meio como aquela brincadeira de criança, “faça o que seu mestre mandar”, sendo neste caso, um “vá, aonde seu mestre for”.
O lulismo, muito embora explore sua de grande liderança, advém de um partido de verdade, o PT, partido que caminha com seus próprios pés, tem um diretório, com reuniões, estratégias partidárias e todas uma estrutura que funciona independente da figura de Lula. O que não ocorre no caso do bolsonarismo, que respira o rosto de seu garoto propaganda, ou seja, vive no em tono de Jair Messias Bolsonaro. Portanto, não haveria como subsistir sem sua figura, mesmo que quisesse, até por não ter trilhado uma longa jornada política relevante politicamente, mesmo tendo sido deputado, antes da presidência, Jair Bolsonaro não existia nacionalmente.
Ambos, são um a antítese do outro, portanto aqui repousa o grande problema do tal sufixo do “ismo”, que se refere a um conjunto ideológico presente na sociedade, ou seja, na percepção de um caráter quase que baseado em algo messiânico, de uma fé que cega de maneira incondicional, acima de qualquer coisa. E este elemento, de longe, não é saudável para nenhum dos lados, ainda que em direções opostas, que tanto insistem em fugir de uma atração quase que inevitável, neste tal de afinal de contas, sempre serão os mesmos ligados pelos interésses, como vovó e Brizola já diziam.