“Bolsonarismo Radical” – Adesão de PMs cresce nas redes socais ligadas a Bolsonaro

Pesquisa realizada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública aponta que a adesão às teses mais extremistas do bolsonarismo aumentou 29% nas Polícias Militares

  • Data: 02/09/2021 08:09
  • Alterado: 02/09/2021 08:09
  • Autor: Redação ABCdoABC
  • Fonte: Estadão Conteúdo
“Bolsonarismo Radical” – Adesão de PMs cresce nas redes socais ligadas a Bolsonaro

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Pesquisa “Política entre policiais militares, civis e federais do Brasil” realizada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, aponta que de janeiro a agosto deste ano 48% dos policiais militares brasileiros, da ativa ou da reserva, com perfis abertos em redes sociais interagiram com páginas de conteúdo bolsonarista; 21% estavam em redes moderadas e 27% marcaram presença em redes mais radicais, de conteúdo disruptivo e antidemocrático. Foram analisados 651 usuários de Facebook e Instagram. O levantamento mostra também que a influência bolsonarista está concentrada nas corporações militares. É relativamente baixa a adesão aos ambientes de apoio ao presidente da República na Polícia Civil (13% em 2021 ante 9% em 2020) e na Polícia Federal – 17% neste ano em comparação aos 13% em 2020. 23% do oficialato da PM participou de ambientes radicalizados do bolsonarismo em 2021. Outros 21% dos oficiais interagiram com páginas consideradas de “políticos de direita, que estão dentro da institucionalidade do jogo político partidário”. É o que a pesquisa descreve como “bolsonarismo orgânico”. Somando-se os dois tipos – extremados e orgânicos –, 44% dos oficiais da ativa interagiram com ambientes bolsonaristas.

27% dos PMs do País interagiram em redes sociais em 2021, compartilhando, comentando ou curtindo publicações de páginas do que a pesquisa chama de “bolsonarismo radical”, que pertencem a grupos ou pessoas declaradamente fãs ou militantes do presidente – e que atuam “independentemente do jogo político ou das instituições”. Se compararmos com a população em geral, a diferença é grande. 17% dos “internautas civis” se envolvem, mas além das manifestações cívicas, prisão de ministros do Supremo, do fechamento do Congresso e de outras pautas ilegais são apontadas, informou ao Estadão o sociólogo e diretor-presidente do Fórum, Renato Sérgio de Lima.

Há uma semana, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), afastou o coronel Aleksander Lacerda do comando no interior do Estado após o oficial chamá-lo de “cepa indiana” e ofender ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e outros políticos, além de convocar publicamente os amigos para os atos do Dia da Independência. Tudo por meio de sua conta no Facebook.

Polícia Militar de São Paulo
A exemplo do que foi mostrado pela pesquisa, a Polícia Militar de São Paulo está dividida. A bancada de deputados estaduais e federais eleita em 2018 busca convocar os policiais da reserva e da ativa para o ato na Avenida Paulista, em São Paulo. Mas o entendimento da maioria dos coronéis da corporação e do Ministério Público é de que a presença de policiais na manifestação de caráter político-partidário não é permitida pelo regulamento disciplinar.

Organizadores da manifestação creditaram a presença de PMs na Avenida Paulista – ainda que desarmados e sem farda – a uma espécie de repúdio ao afastamento do coronel Aleksander. O problema é que a decisão de afastar o coronel foi assinada pelo comandante-geral, coronel Fernando Alencar, o que agravaria ainda mais a transgressão disciplinar dos que se dirigirem à manifestação. Os que defendem a ida ao ato alegam que os PMs têm direito à liberdade de expressão garantida pela Constituição. “Querem ter o bônus de ser militar e o de ser civil ao mesmo tempo”, disse Lima. Uma crítica destacada por ele e por outros especialistas ouvidos pela reportagem, os policiais que adotam teses bolsonaristas querem ser tratados como militares diante da Reforma da Previdência, mas desejam ser civis quando devem obedecer ao disposto pelo regulamento disciplinar.

Na tarde de desta quarta-feira, 1º, o tenente-coronel da reserva Paulo Ribeiro, de 58 anos, que trabalhou na Corregedoria da PM, gravou um vídeo alertando aos policiais que a presença no ato pode configurar não só transgressão disciplinar, mas também crime militar.

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  • Data: 02/09/2021 08:09
  • Alterado:02/09/2021 08:09
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  • Fonte: Estadão Conteúdo









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