Balanço da Brock – 28/07/2022

A quem serviu?

Em entrevista a essa colunista, o pré-candidato a governador de São Paulo, Fernando Haddad, fez uma afirmação que vale uma análise mais profunda. Disse Haddad que o PSDB histórico não está hoje ao lado do governador Rodrigo Garcia, mas sim ao lado do PT. E que Rodrigo Garcia não é PSDB histórico. De fato, ele está há pouco tempo no partido, desde maio desse ano, pois era do DEM.   A afirmação de Haddad procede. Então façamos uma análise. 

Um dos nomes mais emblemáticos do partido, o do ex-governador Geraldo Alckmin, deixou o PSDB há poucos meses e foi para o PSB para disputar com Lula as eleições presidenciáveis de outubro. Fez isso por pressão do ex-governador João Doria, que levou Rodrigo Garcia para esvaziar as chances de Alckmin ser candidato no PSDB. 

Alckmin deixou o PSDB, mas trouxe juntamente com ele diversas lideranças históricas do partid que já declararam apoio para Lula e para Haddad. É o caso de Aloysio Nunes, ex-senador, ex-secretário estadual, ex-ministro e também ex-deputado, que defende o voto em Lula. Alckmin também trouxe para o seio petista diversos prefeitos tucanos, antigos aliados seus, além de deputados. 

Deu em nada

Há um ditado na política que diz: na política o definitivo é provisório. A tentativa de João Doria de esvaziar o poder de Geraldo Alckmin pode ser vista como um tiro que saiu pela culatra. Ao saber da saída de Alckmin do PSDB em dezembro do ano passado, Doria, que ingressou na política pelas mãos de Geraldo Alckmin se limitou a desejar felicidades ao ex-governador. Mas Alckmin é daqueles políticos que sabem esperar a hora: foi para o PSB, esvaziou o PSDB, assistiu a saída desastrosa de João Doria da vida pública, que deixou a disputa porque seu nome não decolava nas pesquisas de intenções de votos para presidente e assiste de camarote hoje o PSDB cada vez mais isolando Doria. 

Gatos pingados 

Agora Rodrigo Garcia, atual governador, que busca descolar sua imagem de João Doria, segue com o desafio de disputar as eleições através de um partido absolutamente rachado, que pela primeira vez na sua história não apresentará nome para a disputa a presidente, lembrando que o PSDB governou o país com Fernando Henrique Cardoso por dois mandatos. 

Enfim, serviu ao PT

Ironicamente, depois de tantas críticas ao PT e a Lula, a briga de João Doria com Geraldo Alckmin acabou beneficiando somente o Partido dos Trabalhadores, que ganhou diversas lideranças do PSDB com a vinda de Geraldo Alckmin, hoje no PSB, mas que permaneceu no ninho tucano por 33 anos, tendo sido um dos fundadores do partido. Doria ajudou quem ele sempre criticou: o PT.