Baía de Guanabara: Laboratório de inovação destina R$ 800 mil para três projetos
Laboratório de inovação gerou soluções exequíveis, replicáveis e economicamente sustentáveis para a conservação da biodiversidade e para a segurança hídrica na região
- Data: 07/12/2022 09:12
- Alterado: 15/08/2023 14:08
- Autor: Redação
- Fonte: Fundação Grupo Boticário
Área de Proteção Ambiental de Guapimirim
Crédito:Tânia Rêgo/Agência Brasil
Três projetos que apresentam soluções inovadoras para a restauração ecológica na região hidrográfica da Baía de Guanabara são os selecionados pelo LAB Viva Água, uma iniciativa da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza com o apoio do Movimento Viva Água.
As iniciativas receberão um total de até R$ 800 mil em apoio financeiro para serem desenvolvidas e colocadas em prática por um período de 18 a 30 meses, a partir de 2023. Esta edição da Teia de Soluções contemplou, por meio de um laboratório de inovação, dois desafios relacionados à restauração ecológica: desenvolver mecanismos e soluções financeiras e utilizar as cadeias produtivas sustentáveis.
Realizado de forma on-line e totalmente gratuito, o laboratório de inovação contou com 162 participantes de todo país, sendo 80% dos líderes das iniciativas com atuação no estado do Rio de Janeiro. O processo envolveu encontros de cocriação de projetos, workshops e mentorias com especialistas em diversas áreas para o aperfeiçoamento das propostas. Participaram do LAB pesquisadores, engenheiros, urbanistas, ambientalistas, acadêmicos, entre outros profissionais interessados em contribuir com ideias para restaurar e proteger a região hidrográfica da Baía de Guanabara, que engloba 17 municípios do estado do Rio de Janeiro.
“Sabemos que a recuperação da Baía de Guanabara é complexa, mas acreditamos que a natureza possui soluções para diversos desafios sociais e econômicos da região. Por isso, continuamos unindo forças, gerando conhecimento, estabelecendo conexões e espaços de convergência para promover um impacto positivo e concreto para toda a população do território”, afirma André Ferretti, gerente sênior de Economia da Biodiversidade da Fundação Grupo Boticário, uma das organizações integrantes do movimento Viva Água, acrescentando que a restauração ambiental da região é fundamental para garantir a segurança hídrica para a população.
O diferencial desse processo foi a coconstrução de soluções com a ampla participação de atores locais. “O envolvimento de profissionais, ONGs e empresas que conhecem bem os desafios da região e estão comprometidos com o desenvolvimento sustentável local foi fundamental para a qualidade dos projetos. Observamos que 72% dos líderes das equipes participantes do LAB tinham experiência prévia em ações na Baía de Guanabara”, destaca Ferretti, que também é membro da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza (RECN).
Os projetos
Um dos projetos selecionados é o Mangue Doce, que busca contribuir para a melhoria da sociobiodiversidade com ações consorciadas de restauração e conservação de manguezais na APA de Guapi-Mirim, em São Gonçalo. O objetivo é favorecer a restauração do ecossistema e gerar renda para as famílias da região por meio da produção de mel. O projeto trabalhará em três eixos: restauração ecológica dos serviços ambientais; capacitação em meliponicultura para a geração de renda; e educação ambiental. Proposta pela Instituição Guardiões do Mar, a iniciativa prevê o plantio de cerca de 2,5 mil mudas de espécies nativas do manguezal, com o envolvimento de professores e estudantes e, também, a mobilização de pescadores e moradores do território para a criação de uma cooperativa de apicultura voltada à geração de renda.
Já a Trilha Comunitária pela Restauração da Natureza busca fomentar a economia local baseada na regeneração da biodiversidade e na restauração florestal por meio do desenvolvimento de uma trilha de ecoturismo de base comunitária em parte do território da “Baixada Verde”. O trajeto de Duque de Caxias até Cachoeiras de Macacu passa por unidades de conservação e pretende incentivar a restauração florestal, a biodiversidade e o desenvolvimento de cadeias produtivas agroecológicas. Proposta pelo Instituto Sinal do Vale, trilha, além de catalisar a regeneração, permitirá conhecer as espécies que perduraram pesar dos diversos ciclos econômicos que impactaram a região. Do ponto de vista da conservação florestal, as capacitações propostas com foco em fortalecer a atuação dos viveiros de produção de mudas nativas contribuirão para a restauração dos ecossistemas ao longo da trilha, assim como a implantação de duas unidades demonstrativas de agrofloresta com espécies nativas frutíferas.
Por fim, o ZIP Flor pretende implementar e aprimorar um modelo replicável para a restauração ecológica de matas ciliares e nascentes, por intermédio de sistemas agroflorestais e da restauração ecológica assistida. O projeto também prevê a geração de trabalho e renda na região, além da educação ambiental, agroecologia, conservação e ecoturismo. A proposta do Instituto Cultural Tecnologia e Arte (Tecnoarte) deve ser implementada em áreas estratégicas para a segurança hídrica e conservação da biodiversidade, especialmente no entorno do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, localizado entre os municípios de Teresópolis, Petrópolis, Magé e Guapimirim, e no entorno do Parque Estadual dos Três Picos, que abrange os municípios de Teresópolis, Nova Friburgo, Guapimirim, Silva Jardim e Cachoeiras do Macacu.