Aumento dos tiroteios no Rio de Janeiro impacta unidades de saúde
Tiroteios interrompem atendimentos e geram R$ 57 milhões em prejuízo
- Data: 10/01/2025 15:01
- Alterado: 10/01/2025 15:01
- Autor: Redação
- Fonte: G1
Operação policial
Crédito:Fernando Frazão/Arquivo/Agência Brasil
Nos últimos anos, profissionais da saúde têm seguido diretrizes estabelecidas pelo programa da Cruz Vermelha Internacional, voltadas para garantir serviços essenciais em regiões afetadas por conflitos armados. Dados recentes indicam um aumento alarmante no número de alertas vermelhos nas unidades de saúde do Rio de Janeiro, que saltaram de 272 em 2021 para 978 em 2022.
O cenário se agrava em 2024, com a ocorrência de tiroteios nas proximidades das unidades de saúde triplicando, o que tem gerado um impacto significativo nos atendimentos. Segundo o secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz, foram registradas 3.493 notificações relacionadas a esses incidentes, resultando na interrupção de cerca de 628 mil consultas e gerando um prejuízo estimado em R$ 57 milhões ao sistema de saúde.
A implementação do programa “Acesso Mais Seguro” visa mitigar os efeitos da violência armada nas áreas urbanas. Os profissionais de saúde que atuam em contextos de risco passam por treinamentos específicos para aprender a reconhecer e lidar com situações potencialmente perigosas. Karen Cerqueira, coordenadora do programa, ressaltou que embora não exista um risco zero, o treinamento capacita os trabalhadores a identificarem ameaças e adotarem medidas preventivas adequadas.
A comunicação entre as unidades é essencial; os funcionários trocam informações sobre os níveis de alerta e atualizam a situação conforme necessário. As classificações de risco são divididas da seguinte forma:
- Verde: Indica risco baixo e funcionamento normal.
- Amarelo: Risco médio; atividades externas são suspensas.
- Laranja: Risco alto; pode levar ao fechamento temporário.
- Vermelho: Risco crítico; fechamento imediato da unidade é necessário.
Um levantamento realizado pelo RJ1 revelou que os alertas amarelos também cresceram consideravelmente, passando de 799 em 2021 para 2.515 no ano passado. Esse aumento substancial reflete uma realidade preocupante para os atendimentos médicos na cidade.
A situação se torna ainda mais crítica em áreas como o Morro dos Macacos, onde ocorreram 80 tiroteios somente em 2024. O Centro Municipal de Saúde Maria Augusta Estrella, localizado em Vila Isabel, teve seu atendimento suspenso por dois dias devido à violência entre facções rivais. Uma paciente que estava no local descreveu o medo vivido durante um tiroteio: “Eu fui embora correndo com ela [a neta], com medo porque aqui já foi atingido o posto várias vezes. Está muito perigoso”.
Funcionários expressam sua apreensão diante da incerteza constante: “Isso acontece a qualquer hora do dia; é um sentimento de medo”, comentou Daniela Amorim, recepcionista da unidade.
Em Jacarepaguá, a situação não é diferente. Com conflitos entre traficantes e milicianos durando quase um ano, as unidades de saúde em Rio das Pedras e Gardênia Azul frequentemente suspendem seus atendimentos durante os confrontos. Joaquim Monard, médico e diretor técnico de uma clínica da família, afirma: “Desde que cheguei aqui há nove anos, um dos maiores desafios é lidar com essa violência”.
A Polícia Militar informou que suas operações em comunidades são baseadas em inteligência e buscam preservar vidas, apesar da necessidade ocasional de intervenções durante confrontos armados entre criminosos nas áreas afetadas.