Aumenta o número de mulheres detidas por tráfico no aeroporto de SP
Em 2024, 174 indivíduos foram interceptados tentando transportar drogas dentro do corpo
- Data: 07/03/2025 11:03
- Alterado: 07/03/2025 11:03
- Autor: Redação
- Fonte: SBT News
O Aeroporto Internacional de São Paulo, localizado em Guarulhos, tem se tornado um ponto crítico no que diz respeito ao tráfico internacional de drogas, com um número alarmante de mulheres estrangeiras sendo detidas. As circunstâncias que levam essas mulheres a aceitarem o risco de se tornarem “mulas do tráfico” são frequentemente marcadas por situações de desespero e arrependimento.
Em 2024, 174 indivíduos foram interceptados tentando transportar drogas dentro do corpo, uma elevação superior a 300% em relação ao ano anterior. Dentre esses casos, a maioria das mulheres presas é de nacionalidade boliviana, com 63 detidas na Penitenciária Feminina Santana, em São Paulo. Muitas delas, como uma sul-africana de 38 anos, compartilham relatos comoventes sobre os motivos que as levaram a essa escolha arriscada. Ela revelou: “Todos os dias me arrependo do que fiz”, enquanto cumpre prisão preventiva após ser flagrada transportando cerca de 10 quilos de cocaína.
A advogada criminalista Achley Wzorek esclarece que as mulheres aliciadas para o tráfico geralmente não possuem antecedentes criminais e recebem compensações financeiras modestas para realizar o transporte. Segundo ela, “elas não têm vínculo direto com as organizações criminosas”. O diretor da penitenciária, Osvaldo Martins Bueno, também enfatiza que muitas dessas mulheres são réus primários e ingressam no sistema penitenciário pela primeira vez.
Um caso específico destaca o impacto devastador dessa realidade. A sul-africana mencionada anteriormente aceitou transportar drogas na esperança de arrecadar fundos para custear seu tratamento contra câncer. Após sua detenção e subsequente operação cirúrgica, ela agora se prepara para iniciar a quimioterapia.
Outro relato é o de uma mulher sul-africana que lida com problemas graves de saúde mental devido à sua situação. Com quatro filhos esperando por ela em casa, sua família desconhece seu estado atual. “Me garantiram que eu estaria segura”, afirmou ela entre lágrimas, refletindo sobre as promessas vazias feitas pelo traficante antes de embarcar.
A legislação brasileira prevê penas que variam entre 5 e 15 anos para crimes relacionados ao tráfico de drogas; entretanto, as chamadas “mulas do tráfico” podem ter suas penas atenuadas devido à sua condição. Wzorek menciona que é possível haver uma redução significativa da pena, podendo chegar a um terço da sentença original, especialmente em casos considerados privilegiados.
Infelizmente, muitas das detidas não têm acesso a advogados particulares e dependem exclusivamente da Defensoria Pública da União para obter assistência legal. Essa realidade agrava ainda mais a situação das mulheres presas no Brasil, revelando um sistema que muitas vezes falha em proteger aqueles mais vulneráveis às garras do crime organizado.