Às vésperas da filiação de Bolsonaro, Patriota afasta presidente do partido
Uma convenção nacional do Patriota decidiu nesta quinta-feira, 24, afastar por 90 dias Adilson Barroso da presidência do partido
- Data: 24/06/2021 18:06
- Alterado: 24/06/2021 18:06
- Autor: Redação ABCdoABC
- Fonte: Estadão Conteúdo
Convenção do Patriota afasta o presidente Barroso e o vice
Crédito:Reprodução
A convenção foi convocada pelo vice-presidente da sigla Ovasco Resende, que agora assume o comando de forma interina. A mudança ocorre no momento em que o presidente Bolsonaro negocia a filiação à legenda.
Barroso é a favor da entrada de Bolsonaro no partido e Resende, contra. Antes do novo conflito, aliados do presidente haviam dito que ele planejava se filiar no Patriota até o fim deste mês. “Adilson Barroso foi afastado por 90 dias, podendo haver prorrogação justificada de mais 90 dias. Nosso quórum (participação mínima para reunião ter validade) é legítimo”, disse o presidente interino do Patriota à reportagem.
Barroso afirmou, porém, que a convenção não tem efeito. Disse que, como presidente do partido, já determinara a nulidade da reunião logo que foi publicado o edital de convocação no Diário Oficial da União, na semana passada. “Não tem fundamento. Então, não necessita nem mesmo a gente entrar na Justiça”, reagiu Barroso. “A reunião deles, além de não ter fundamento jurídico e estatutário nenhum, ainda faz um ato de expulsão. É como se um funcionário de uma empresa juntasse cinco ou seis e fizesse uma expulsão de outro funcionário, sem o patrão querer, nem nada”.
A articulação de Bolsonaro para se filiar ao Patriota e controlar diretórios estratégicos deflagrou uma guerra entre correligionários. Barroso, por exemplo, já promoveu duas convenções com o objetivo de abrir caminho para a filiação de Bolsonaro, mas uma ala contesta a validade dos encontros.
A convenção desta quinta-feira é a terceira em menos de um mês. Resende disse ao Estadão que Bolsonaro está exigindo o comando dos diretórios do Patriota em São Paulo, Rio e Minas Gerais, os três maiores colégios eleitorais do País.
Desde que deixou o PSL, em novembro de 2019, o presidente procura uma sigla para abrigar sua candidatura a um novo mandato em 2022. Tentou montar o Aliança pelo Brasil, mas a empreitada não deu certo.
Meio caminho
Apesar da disputa no Patriota, Bolsonaro ainda parece disposto a se filiar ao partido. Recentemente, ele disse a apoiadores que está “quase tudo certo”. No último dia 16, o presidente se reuniu no Palácio da Alvorada com deputados do seu grupo no PSL e afirmou que estava “a meio caminho andado” da filiação.
Filho mais velho do presidente, o senador Flávio Bolsonaro (RJ) foi o primeiro a se filiar ao Patriota, que vive uma briga interna sem fim. Egresso do antigo PRP, o presidente interino do partido classificou o processo para filiar Bolsonaro à legenda como desrespeitoso.