Após visita de Zelensky, EUA confirmam mísseis Patriot e US$ 2 bi para Ucrânia
A visita e o envio dos armamentos foram vistos pela Rússia como um sinal de agressão
- Data: 22/12/2022 14:12
- Alterado: 22/12/2022 14:12
- Autor: Redação ABCdoABC
- Fonte: Estadão Conteúdo
Crédito:Reprodução
Na primeira viagem internacional do presidente da Ucrânia desde o começo da invasão russa ao país, em fevereiro, Volodymyr Zelensky conversou com o presidente dos EUA, Joe Biden, discursou no Congresso dos EUA e recebeu a promessa de um envio de US$ 2 bilhões em ajuda, além do importante sistema antiaéreo de mísseis Patriot.
A visita e o envio dos armamentos, o mais avançado que o Ocidente mandou para a Ucrânia até agora, foram vistos pela Rússia como um sinal de agressão. Nesta quarta-feira, 21, antes mesmo do encontro entre Zelensky e Biden, o presidente russo, Vladimir Putin, disse que seu país continuará desenvolvendo seu potencial militar e que vai deixar suas forças nucleares “prontas para o combate”. Em uma coletiva de fim de ano, com participação de quase 15 mil oficiais, o presidente disse que as novas entregas de armas à Ucrânia agravarão o conflito. Também anunciou que a Marinha terá novos mísseis de cruzeiro hipersônicos Zircon no início de janeiro, desenvolvidos nos últimos anos por Moscou.
A visita de Zelensky aos Estados Unidos ocorre quando a guerra está perto de completar 10 meses e será acompanhada de uma nova ajuda “significativa” de Washington a Kiev, que incluirá um sistema antiaéreo Patriot. Semanas atrás, o anúncio da medida provocou reação do Kremlin, que prometeu ataques preventivos contra os carregamentos americanos, sem deixar claro se tentariam destruir os mísseis ainda em posse dos americanos, antes da chegada deles ao país do Leste Europeu.
Em discurso no Congresso, Zelensky foi aplaudido de pé pelos parlamentares. O líder ucraniano citou o Natal como um símbolo da situação dos ucranianos. “Celebraremos o Natal, talvez à luz de velas. Não porque seja romântico, mas porque os russos cortaram a eletricidade”, afirmou.
Os sistemas de mísseis Patriot são considerados um dos melhores sistemas de escudo antiaéreo do mundo. Analistas militares consideram o envio um “ponto de virada” na guerra – algo que o presidente ucraniano busca há meses para aumentar as defesas aéreas de seu país. Mas especialistas em armamentos bélicos e sistemas de defesa alertam que a eficácia do sistema é limitada e sua operação é complexa
Cada bateria do Patriot consiste em um sistema de lançamento montado em caminhão com oito lançadores que podem conter até quatro interceptadores de mísseis cada, um radar terrestre, uma estação de controle e um gerador. O Exército americano disse que atualmente tem 16 batalhões Patriot. Um relatório do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos de 2018 descobriu que esses batalhões operam 50 baterias, que possuem mais de 1.200 interceptadores de mísseis.
O sistema Patriot “é um dos sistemas de defesa de mísseis aéreos mais amplamente operados, confiáveis e testados que existe”, e a capacidade de defesa de mísseis balísticos pode ajudar a defender a Ucrânia contra mísseis fornecidos pelo Irã, disse Tom Karako, diretor do Missile Defense Projetct do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais.
Ao longo dos anos, o sistema Patriot e os mísseis utilizados por ele foram continuamente modificados. O atual míssil interceptador para o sistema Patriot custa aproximadamente US$ 4 milhões (R$ 21,3 milhões) por disparo e os lançadores custam cerca de US$ 10 milhões (R$ 53,3 milhões) cada, informou o CSIS em seu relatório de defesa antimísseis de julho. A esse preço, não é rentável ou ideal usar o Patriot para abater os drones iranianos, muito menores e muito mais baratos, que a Rússia tem comprado e usado na Ucrânia. “Disparar um míssil de um milhão de dólares contra um drone de US$ 50.000 é uma proposição sem sentido”, disse Mark Cancian, coronel da reserva aposentado do Corpo de Fuzileiros Navais e conselheiro sênior do CSIS.