Após apagões, gestão Tarcísio terá equipe dentro da Enel para fiscalizar resposta a temporal
O governo estadual terá uma equipe dentro do centro de operações da Enel para acompanhar o desempenho da concessionária na resposta ao temporal previsto para este fim de semana, disse Henguel Ricardo Pereira, secretário-chefe da Casa Militar e coordenador da Defesa Civil do Estado.
- Data: 17/10/2024 17:10
- Alterado: 17/10/2024 17:10
- Autor: redação
- Fonte: Folhapress
Crédito:Reprodução
A decisão foi anunciada no início da tarde desta quinta (17), após reunião no Palácio dos Bandeirantes entre o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), o prefeito Ricardo Nunes (MDB) e os presidentes da Enel Brasil, Guilherme Lencastre, e da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), Sandoval Feitosa.
Questionado sobre o motivo de o estado ter tomado essas medidas somente após dois grandes apagões em menos de um ano, Pereira afirmou que a estratégia agora está direcionada à transparência das concessionárias e que o estado quer acompanhar os deslocamentos das equipes da Enel e de outras concessionárias para “ver se estão chegando na ponta, onde está o problema”.
“O objetivo é acompanhar, passo a passo, para a gente conseguir priorizar onde é preciso realocar recurso para isso. No outro evento não teve essa ação mais efetiva e contundente aqui do estado, agora temos”, respondeu o chefe da Defesa Civil.
Pereira afirmou que as empresas de distribuição deverão apresentar um plano de contingência para eventos climáticos extremos.
No caso específico da Enel, responsável pela capital paulista e parte da região metropolitana, a empresa teria se comprometido a manter de 700 a 1.200 equipes nas ruas neste fim de semana -cada equipe pode ter dois ou mais agentes. A empresa também deverá distribuir geradores em pontos estratégicos, como hospitais.
Existe a possibilidade de que a rede elétrica da região metropolitana, já fragilizada, volte a sofrer danos com a chegada de uma frente fria que provocará temporais a partir desta sexta em todas as regiões do estado. São esperadas rajadas de vento que podem superar os 60 km/h.
O coordenador da Defesa Civil também anunciou a criação de um gabinete de crise a ser instalado a partir das 8h desta sexta-feira (18), que poderá ser mantido durante todo a temporada de chuvas.
Mais cedo, o presidente da Enel havia anunciado o fim da crise gerada pela queda de energia que afetou 3,1 milhões de clientes na Grande São Paulo após o temporal da última sexta-feira (11). No entanto, há ainda 36 mil imóveis sem luz -número considerado perto da normalidade pela empresa.
Ele ainda destacou que na madrugada desta quinta, todos as solicitações de restabelecimentos de energia feitas nos dias 11 e 12 foram atendidas.
As 36 mil solicitações que ainda seguem em aberto, diz o presidente, foram feitas a partir do dia 13 e estão “perto da normalidade” de operação. A prioridade para empresa nesta quarta é restabelecer o fornecimento para os que seguem sem abastecimento ainda.
Segundo Lencastre, o apagão do dia 11 foi o evento climático mais grave enfrentado pela empresa desde 1995.
“Os ventos que nos atingiram foram recordes”, disse, ao descrever as rajadas de até 107 km/h durante as chuvas na Grande São Paulo na última sexta-feira. Só na capital paulista, 389 árvores caíram.
A Enel é responsável pela distribuição de energia elétrica na capital e 24 municípios situados na região metropolitana de São Paulo, em uma área total de 4.526 km². A estrutura soma 163 subestações e 42 mil km de redes de transmissão, abastecendo cerca de 8,2 milhões de usuários diariamente.
Lencastre também afirmou que o contrato de concessão da Enel precisa ser atualizado para prever eventos climáticos e investimentos na adaptação e resiliência da rede.
Quedas de árvores sobre cabos na última sexta-feira (11) são as principais causas do corte do abastecimento de energia na região metropolitana de São Paulo.
Para o temporal previsto para essa sexta, a empresa diz que vai manter suas equipes integralmente mobilizadas. São aproximadamente 2.500 profissionais que atuaram na atual crise.
A Defesa Civil afirmou que a Enel se comprometeu a distribuir 500 geradores em pontos estratégicos.
Na quarta (16), a Justiça deu um prazo de 24 horas para a Enel reestabelecer a energia de todos os imóveis atingidos pelo apagão em São Paulo, sob pena de multa de R$ 100 mil por hora de descumprimento, sem limite de valores em caso de acúmulo horário.
A liminar faz parte de uma ação movida pelo Ministério Público de São Paulo e pela Defensoria Pública estadual contra a Enel por causa da queda de energia em novembro do ano passado e que ainda está em tramitação.
Na terça (15), o ministro do TCU (Tribunal de Contas da União) Augusto Nardes, o governador Tarcísio Freitas e prefeitos da capital e de outros municípios da Grande São Paulo pediram a intervenção na Enel.
O grupo também solicitou a abertura de dados operacionais da companhia e uma revisão de indicadores como os que medem número de unidades consumidores sem energia após o temporal da última sexta.
Sob criticas e pedidos de interrupção do contrato, o presidente da Enel afirmou que a companhia cumpre os critérios técnicos da concessão, sob os quais se apoiam cláusulas que poderiam gerar pedidos de caducidade.
A Enel aguarda, porém, a publicação do decreto federal que irá rever parâmetros das concessões no país para avaliar se tem interesse na renovação do seu contrato.