Apoio a Trump cresce entre a base e desafia o sistema em 2024
Retorno de Trump à presidência desafia paradigmas e impulsiona populismo global, revelando novas alianças políticas multirraciais e reconfigurando cenários eleitorais
- Data: 13/11/2024 13:11
- Alterado: 13/11/2024 13:11
- Autor: Redação
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Crédito:RS/Fotos Públicas
O recente retorno de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos, derrotando a vice-presidente Kamala Harris, gerou um intenso debate global, desafiando muitos dos paradigmas estabelecidos na análise política contemporânea. Este resultado surpreendente se deu em um cenário onde, geralmente, o descontentamento com o governo vigente, como a baixa aprovação do presidente Biden e as preocupações econômicas, favorece a vitória da oposição.
O triunfo de Trump, uma figura polêmica que desafia as normas democráticas e sociais básicas, tem suscitado uma série de análises não apenas nos Estados Unidos, mas também em diversos outros países. A inesperada vitória trouxe à tona discussões sobre os movimentos populistas que vêm desafiando as democracias em todo o mundo.
Conservadorismo e Populismo
Entre os diversos estudos sobre esse fenômeno, destaca-se a análise do professor Marcus André Melo, publicada no jornal Folha de S.Paulo em 11 de novembro. O texto discute a falibilidade da teoria que atribui o avanço do populismo de direita ao ressentimento dos perdedores da globalização — particularmente os trabalhadores brancos afetados pela concorrência internacional e ameaçados pela imigração.
Enquanto é inegável que a classe operária branca foi um suporte crucial para Trump, garantindo-lhe uma base popular dentro de um partido tradicionalmente elitista, isso não explica completamente o fenômeno eleitoral recente. Patrick Ruffini, em seu livro “Party of the People” (Partido do Povo), publicado em 2023 antes das eleições presidenciais, argumenta que houve uma significativa migração de eleitores cuja situação socioeconômica melhorou — incluindo hispânicos, asiáticos e alguns afro-americanos — para o Partido Republicano. Esta mudança transformou o antigo partido do clã Bush em uma coalizão populista multirracial.
Essa transição sugere um realinhamento político fundamentado mais nas diferenças educacionais e ideológicas do que nas identidades étnicas ou raciais. Observa-se uma divisão entre aqueles com educação média e valores conservadores e as elites urbanas com formação superior e inclinações liberais. Tal polarização transcende as questões identitárias frequentemente associadas ao Partido Democrata.
A habilidade de formar coligações populares amplas e diversas não é exclusiva do movimento liderado por Trump; ela é característica comum dos populismos globais. Esta capacidade lhes confere força política significativa e um potencial considerável para desafiar as instituições das democracias liberais. Assim, este cenário aponta para um novo capítulo na política americana e global, onde coalizões multiétnicas e policlassistas emergem como potências eleitorais disruptivas.