Antes de ser solto, tamanduá-bandeira passa por adaptação em uma fazenda no interior de SP

Tamanduá-bandeira Jorginho será o primeiro de sua espécie a voltar à natureza segundo a metodologia da soltura branda; iniciativa é fruto de parceria entre o Centro de Medicina e Pesquisa em Animais Selvagens da Unesp e a ONG Instituto de Defesa da Fauna

  • Data: 08/04/2024 18:04
  • Alterado: 08/04/2024 18:04
  • Autor: Redação
  • Fonte: Jornal da Unesp
Antes de ser solto, tamanduá-bandeira passa por adaptação em uma fazenda no interior de SP

Tamanduá-bandeira

Crédito:Divulgação

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Em 2022, o Centro de Medicina e Pesquisa em Animais Selvagens (Cempas) da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ) da Unesp, campus de Botucatu, recebeu um novo habitante: Jorginho, um tamanduá-bandeira resgatado da natureza após um atropelamento. Jorginho residiu na instituição durante 16 meses. Lá, completou seu ciclo de crescimento e agora se prepara para outro passo importante. Neste mês de abril, ele deve se tornar o primeiro indivíduo da sua espécie a ser retornado ao ambiente natural segundo a metodologia chamada de soltura branda.

Desde dezembro, a casa do tamanduá-bandeira é um recinto de 400 metros quadrados construído especialmente em uma fazenda na região de Pardinho, a 30 km de Botucatu. Nestes meses, Jorginho incluiu na dieta cupins e formigas, num preparativo para seu retorno ao seu ambiente original. Aos poucos, os insetos substituem as rações que constituíram a base de sua alimentação desde sua chegada ao Cempas. A boa notícia é que ele está se adaptando bem ao cardápio natural, e obtendo um significativo ganho de massa muscular. O tamanduá-bandeira é uma espécie em risco de extinção no Brasil por diversos fatores, que vão da perda de habitat à caça.

“O Jorginho chegou aqui em setembro de 2022 nas costas da mãe, que havia sido atropelada em uma estrada na região do Lajeado”, diz Gabriel Correa de Camargo, médico-veterinário do Cempas e aluno de mestrado da Unesp em Botucatu. A mãe não sobreviveu, e os veterinários se viram diante do desafio de promover a sobrevivência da cria. “O principal cuidado que adotamos foi alimentá-lo com fórmulas específicas, uma vez que não podia mais mamar na mãe”, diz Camargo.

A avaliação dos pesquisadores é que a intervenção se mostrou extremamente eficaz, o que pode ser visto pelos indicadores de saúde. Quando chegou ao Cempas junto com sua mãe, ele pesava 5kg. Quando deixou as dependências da Faculdade de Medicina Veterinária de Botucatu, em dezembro de 2023, seu peso já havia chegado aos 35kg.

Desde 2020, a ONG Instituto de Defesa da Fauna (IDF) estabeleceu uma parceria com o Cempas envolvendo os cuidados com os tamanduás-bandeiras. Só em 2023 foram levados cerca de 30 indivíduos ao Cempas, muitos deles filhotes encontrados ao lado de mães mortas. Rogério Zacariotti, diretor-científico do IDF, explica as diferenças entre as metodologias mais usuais de soltura e o novo método em uso com Jorginho.

“Na chamada soltura ‘hard’, simplesmente se abre a caixa e o animal é praticamente largado na natureza. Neste método que chamamos de soltura branda, e será a primeira vez que vamos fazer isso, há todo um período para a adaptação do animal, até que o recinto seja aberto e ele possa ir para a natureza”, diz.

Como um cuidado adicional, depois de solto, o animal ainda será monitorado por mais dois anos, por meio de um colete com transmissor. Segundo os veterinários, nem todos os animais têm condições de voltar para a natureza. “Como o Jorginho chegou pequeno, conseguiu um bom ganho de peso e teve uma fratura no braço tratada sem maiores complicações, reuniu condições para a soltura”, diz Zacariotti.

Segundo os registros dos pesquisadores, o atropelamento em estradas e rodovias não é o único risco para os tamanduás que vivem na região de Botucatu. Ataques por cães e episódios de caça, na maioria das vezes, involuntária, também são problemas reais. A região abriga grande quantidade de javalis, espécie cuja caça é autorizada pelo governo devido aos estragos que causam nas plantações, e que muitas vezes redundam em conflitos nas zonas rurais dos municípios. Na perseguição aos javalis, os caçadores acabam atirando em animais selvagens para que os cães que apoiam as caças não saiam machucados. Até por isso outro pilar de atuação do Cempas-Unesp é a educação ambiental.

“Neste ano vamos receber muitas escolas da região exatamente para mostrar a importância de preservar a vida dos tamanduás”, afirma a professora Cláudia Brandão, coordenadora de pós-graduação em animais selvagens da Unesp em Botucatu.

Leia a íntegra desta reportagem no Jornal da Unesp.

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  • Data: 08/04/2024 06:04
  • Alterado:08/04/2024 18:04
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  • Fonte: Jornal da Unesp









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