Animais silvestres ganham ‘picolé’ de frutas e banho de chuva artificial para enfrentar tempo seco

Medidas foram adotadas em centro de reabilitação para melhorar o conforto térmico; filhotes ficam em sala com ar-condicionado

  • Data: 13/09/2024 16:09
  • Alterado: 13/09/2024 16:09
Animais silvestres ganham ‘picolé’ de frutas e banho de chuva artificial para enfrentar tempo seco

Animais silvestres ganham 'picolé' de frutas

Crédito:Semil

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Os animais silvestres em atendimento no Centro de Triagem e Reabilitação (Cetras) do Parque Ecológico do Tietê, em São Paulo, estão recebendo tratamento especial para minimizar os impactos das condições climáticas dos últimos dias. Ar-condicionado para os filhotes, “picolé” no palito, banho, frutas refrescantes, sombra e muita água fresca estão sendo disponibilizados aos bichinhos para minimizar os efeitos das altas temperaturas e o tempo seco.

As medidas foram adotadas pela Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística do Estado de São Paulo (Semil) para melhorar o conforto térmico e também como forma de enriquecimento ambiental: “Oferecer frutas em diferentes formatos, texturas e temperaturas são importantes estímulos aos animais na busca por alimentos”, explicou a diretora técnica do Cetras, Sayuri Fitorra.

Um jovem macaco-prego e um sagui-de-tufo-branco gostaram das novidades. Pelo menos uma vez ao dia, eles se lambuzam com uma espécie de “picolé no palito” oferecida pelos tratadores. Não são sorvetes de verdade, são pedaços de frutas congelados com água de coco ou suco de fruta. “É um alimento nutritivo e refrescante”, explica Sayuri.

Os jabutis do abrigo também aproveitam o “banquete” de frutas, principalmente quando encontram melancias, uma das preferidas desses bichinhos. A espécie ocorre da região nordeste à sudeste do Brasil, mas não chega a São Paulo. O Cetras-SP recebe esses animais, mas faz o trabalho de repatriação ao seu local de origem.

Maternidade

Para garantir um ambiente mais fresco para uma arara adulta que chegou ao local há cerca de três meses, foi improvisada uma cobertura de folhas naturais sobre o viveiro. Com mais sombra, ela passou a ficar muito mais confortável e curiosa com o item novo. A ave continua em processo de reabilitação e tem grandes chances de voltar à natureza.

Para o bem-estar dos bichos, troca frequente de água, cubos de gelo nas vasilhas, ambiente climatizado na maternidade e banhos com pulverizadores também estão entre as adaptações feitas no espaço. Uma iguana há dois meses no centro tem se refrescado diariamente com a água que sai do equipamento como se fosse chuva. O réptil chegou ao Cetras apresentando queimaduras por lâmpadas de aquecimento, mas já se recupera bem.

Essas espécies, assim como a maioria dos animais em atendimento no Cetras-SP, são originárias do tráfico de animais silvestres. “Este é um dado preocupante. O tráfico de animais é altíssimo no Brasil e só vem crescendo. Estamos sempre em campanha para disseminar informações e contribuir para aumentar a consciência de toda a sociedade sobre a gravidade do problema”, concluiu Sayuri.

Além de todo o atendimento diário a animais silvestres que sofreram impacto de alguma ação, de atividade humana ou do tráfico, o Cetras-SP também faz parte uma rede estruturada pela Semil para receber animais vítimas de incêndios florestais que estão atingindo todo o estado de São Paulo. Desde 24 de julho, quando foi instaurado o gabinete de crise pelo governo paulista para combater as queimadas, as 26 unidades da rede espalhadas pelo estado receberam 80 animais. Desses, 44 morreram e 36 estão em tratamento.

A orientação para a população que encontrar algum animal silvestre ferido ou debilitado é não mexer no animal e imediatamente entrar em contato com a Polícia Militar Ambiental (190), Corpo de Bombeiros (193) ou Guarda Municipal para o resgate.

Números do Cetras-SP no primeiro semestre de 2024

Total de animais recebidos: 4.040, sendo 3.228 aves, 259 mamíferos, 550 répteis e 3 anfíbios

Foram 188 diferentes espécies de animais silvestres

Oriundos de apreensões (2.422), entregas voluntárias de animais que estavam em cativeiro irregular (445) e resgates (1.151)

Dos animais reabilitados, 78,76% foram destinados para soltura

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