Além da vacinação, Saúde adotará tecnologias para enfrentar a escalada de casos de dengue
Em entrevista a radialistas, Nísia Trindade abordou o novo plano de enfrentamento à dengue e outras arboviroses, cujo objetivo é diminuir casos das doenças no próximo período sazonal
- Data: 25/09/2024 17:09
- Alterado: 25/09/2024 17:09
- Autor: Redação
- Fonte: Governo Federal
Ministra Nísia Trindade (Saúde) durante o Bom Dia, Ministra desta quarta-feira, 25 de setembro
Crédito: Diego Campos / Secom PR
O trabalho de combate à dengue e as ações federais postas em prática para diminuir os casos da doença foram assuntos tratados nesta quarta-feira, 25 de setembro, no programa Bom Dia, Ministra, com a titular da Saúde, Nísia Trindade. A ministra afirmou que o aumento nos casos da doença atestam um dos impactos claros da mudança climática: este ano, de janeiro a agosto, foram notificados 6,5 milhões de casos prováveis no país.
“Cada vez mais países têm casos de dengue. Houve uma escalada de casos (antecipada inclusive) em função desse aumento de temperatura e das chuvas intensas. Esse é um cenário que deve ser o tal ‘novo normal’ — cada vez mais conviver com arboviroses — e isso nos leva a ações de antecipação nos três níveis de governo (federal, estado e municípios) e da população como um todo”, salientou Nísia.
Um plano de ação foi lançado na última semana pelo governo brasileiro para reduzir os impactos da dengue e outras arboviroses no próximo período sazonal no Brasil. Serão investidos cerca de R$ 1,5 bilhão para diminuir os números de casos por dengue, chikungunya, zika e oropouche. “Este plano parte de ações iniciais de prevenção, na nossa linha da saúde de que sempre é melhor prevenir que remediar. É um conjunto de ações, mas o mais importante neste momento é evitar a proliferação de mosquitos”, disse Nísia.
O plano de ação para redução dos impactos das arboviroses trabalha em seis eixos de atuação, que serão implementados neste segundo semestre do ano — entre eles, a prevenção, o controle vetorial, a organização da rede assistencial e a comunicação e participação comunitária.
O documento foi construído com a participação de pesquisadores, gestores e técnicos dos estados e municípios, além de profissionais de saúde que atuam na ponta, em contato direto com as comunidades e que conhecem os desafios em cada região, com atenção às áreas de maior vulnerabilidade social.
USO DE TECNOLOGIAS — Um dos objetivos específicos do plano é incluir novas tecnologias de controle vetorial nos municípios. Toda essa iniciativa está baseada nas evidências científicas mais atualizadas, novas tecnologias e representa um pacto para o enfrentamento a essas doenças.
Em resposta às questões feitas pelos radialistas, a ministra destacou o uso de uma tecnologia chamada Wolbachia, que será expandida para todo o país. O Ministério da Saúde explica que essa é uma bactéria presente em cerca de 60% dos insetos, que impede que os vírus da dengue, zika, chikungunya e febre amarela se desenvolvam dentro dele.
“São várias tecnologias que anunciamos, que também partem sempre da relação com estados, municípios e a população. Métodos que impedem a transmissão do vírus pelos mosquitos. Estamos trabalhando com a prevenção de forma tradicional, que é muito importante, mas também com tecnologias que o Brasil vem testando, que estavam com escalas muito locais”, detalhou Nísia. O método Wolbachia, desenvolvido em uma parceria entre a FioCruz e universidades brasileiras, mostrou excelentes resultados no município de Niterói/RJ. “É um dos métodos que nós vamos usar, garantindo que haja polos de produção em todas as regiões do Brasil”, acrescentou.
VACINAS – A vacinação é uma das estratégias importantes no combate à dengue. Além de abordar as diversas ações contidas no plano de ação, a ministra da Saúde ressaltou a necessidade de conscientização da população, inclusive para a segunda dose da vacina destinada ao público de 10 a 14 anos. Nísia destacou que a abordagem para a vacinação contra a dengue será a mesma praticada pelo Movimento Nacional. Dados do Programa Nacional de Imunizações apontam que menos da metade dos adolescentes que foram vacinados contra a dengue tomaram a segunda dose. Foram aplicadas 2,2 milhões de primeiras doses e apenas 636 mil doses adicionais.
“Há um trabalho intenso. Contamos com o trabalho das escolas, a campanha já começou. É um movimento. Então, nós estamos indo a vários estados e municípios para difundir essas estratégias, para fortalecer as ações do município, porque é muito importante pensar que as principais ações se dão nos bairros, nas cidades, nos logradouros públicos e também, claro, com uma mensagem nas escolas, que foi uma grande parceria ao longo desse ano e que nós vamos intensificar no próximo”, ressaltou a ministra.
Nísia ainda destacou a nova vacina contra a dengue em dose única, desenvolvida pelo Instituto Butantan. Nísia disse que a vacina “depende da submissão e análise pela Anvisa” e reforçou que “todas as vacinas feitas no Brasil passam por esse processo”. A ministra também destacou o apoio do Governo Federal a esses institutos e laboratórios para que o país tenha mais autonomia no atendimento à população.
“Aguardamos a submissão pelo Instituto Butantan de uma nova vacina em dose única, que tem mostrado bons resultados nos estudos publicados. É uma expectativa, mas que ainda depende da submissão e análise pela Anvisa. Tudo que o Ministério da Saúde puder apoiar, nós faremos, como temos feito em várias outras ações ligadas a medicamentos e a vacinas”, afirmou.
QUEM PARTICIPOU — O “Bom Dia, Ministra” é um programa semanal, realizado pela Empresa Brasil de Comunicação (EBC) e pela Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom PR). Participaram desta edição as rádios Centro América (Cuiabá/MT); Hora (Campo Grande/MS); Nacional de Brasília (EBC); Difusora Acreana (Rio Branco/AC); Liberal (Belém/PA); Conecta (Ribeirão Preto/SP); Norte FM (Manaus/AM) ; Meio Norte (Palmas/TO); Samaúma FM (Cacoal/RO).