Taxa de Inadimplência no ABC alerta necessidade de trabalharmos educação financeira
Artigo de Alexandre Damasio, presidente da CDL de São Caetano do Sul e advogado.
- Data: 11/05/2022 11:05
- Alterado: 17/08/2023 04:08
- Autor: Redação
- Fonte: CDL de São Caetano do Sul
Alexandre Damasio- Presidente da CDL São Caetano do Sul
Crédito:Divulgação
De acordo com um levantamento realizado pela Câmara de Dirigentes Lojistas de São Caetano do Sul, em conjunto com o SPC Brasil, 38% das pessoas que moram no ABC têm seus nomes negativados em birôs de crédito. Estamos falando de, ao todo, mais de 390 mil pessoas com ‘nome sujo’ no primeiro trimestre de 2022, com faixa etária entre 18 e 65 anos.
O sistema financeiro brasileiro propicia que o comportamento do brasileiro em relação ao dinheiro seja incompatível com seu orçamento familiar. Estamos acostumados a confundir crédito com receita e, no caso das pequenas e médias empresas, o dinheiro destinado aos investimentos, geralmente, são custeados por meio de financiamentos bancários.
Com isso, o número de inadimplentes na região passa a ser um dado importante para a implementação de políticas públicas que busquem estimular o consumo para a indústria e o varejo. Embora políticas de transferência de renda, auxílios emergenciais, desonerações das folhas de pagamento, adiantamento de salários, isenções fiscais e criação de programas de parcelamento de débitos tenham sido feitas nos últimos anos, a retomada econômica não aconteceu.
A diminuição média da renda, os altos índices de endividamento e de desemprego, além do encarecimento do crédito contribuíram para as famílias diminuírem o consumo, e os reflexos já estamos vendo: desaceleração econômica, aumento da evasão escolar e queda nas expectativas futuras.
A concessão de crédito como incentivo ao consumo interno tornou-se inviável diante da quantidade de indivíduos inadimplentes, do aumento sucessivo do custo de vida e do alto custo do dinheiro.
Nesse sentido, a educação financeira aparece como alternativa para um consumo consciente das famílias, em que os vieses comportamentais dão lugar a uma forma mais racional de enxergar o dinheiro. Nesse momento de incerteza da economia brasileira, cabe às organizações do mercado financeiro conscientizar o consumidor sobre a importância de se falar sobre dinheiro, por meio de treinamentos e ferramentas de planejamento. Só assim conseguiremos desenvolver nas famílias a capacidade de organizar dívidas, entender gastos e se capacitar para gerar mais renda.
Iniciativas como o programa de educação financeira do Banco Central, plataformas educativas: O Meu Bolso Feliz da CDL/SPC Brasil, Meu Bolso em Dia da Febraban, Se Liga Finanças do Sicoob ABC e a inclusão do tema Educação Financeira na base curricular das escolas são essenciais para uma sociedade creditícia e consumidora saudável.