Greve em São Paulo: Maiores linhas param em SP
Conforme informações da SPTrans, no início da manhã, a operação em todas as garagens dos grupos estrutural e de articulação regional foi interrompida
- Data: 14/06/2022 07:06
- Alterado: 17/08/2023 02:08
- Autor: Redação ABCdoABC
- Fonte: Estadão Conteúdo
SPTrans
Crédito:SPTrans
Motoristas e cobradores de ônibus de São Paulo começaram uma paralisação por 24 horas a partir da zero hora desta terça-feira 14. A negociação com o setor patronal não chegou a um acordo e a greve foi anunciada pelo Sindicato dos Motoristas e Trabalhadores em Transporte Rodoviário Urbano de São Paulo (Sindmotoristas). O SPUrbanuss informou que vai pedir ao Tribunal Regional do Trabalho a antecipação do julgamento do dissídio da greve para esta terça-feira (14), uma forma de evitar a continuidade dos transtornos para o final desta tarde, Em decorrência da deflagração da greve, o rodízio municipal de veículos está suspenso temporariamente e Oouso de faixas de ônibus e corredores de ônibus para carros de passeio está liberado enquanto durar a greve no transporte coletivo urbano.
Conforme informações da SPTrans, no início da manhã, a operação em todas as garagens dos grupos estrutural e de articulação regional foi interrompida. Essas são as linhas de maiores trajetos e que ligam diferentes regiões da cidade.
O chamado grupo local de distribuição, que realiza viagens dentro dos bairros, não havia sido afetado até as 6 horas, de acordo com boletim do órgão da Prefeitura.
De acordo com a SPTrans, o Terminal Grajaú, na zona sul da cidade, foi fechado entre 4 horas e 4h50 por dois veículos posicionados por manifestantes para interromper o fluxo.
Durante a madrugada, 46 linhas do serviço noturno, de um total de 150, operaram normalmente.
No Terminal Grajaú, na zona sul, as linhas de ônibus com destino ao Brás, ao Terminal Santo Amaro, ACD Servidor Público e Água Espraiada não estão operando. As demais linhas, com destino aos bairros, operam normalmente. O fluxo de pessoas é baixo, já que muitos se dirigem à estação de trem para completar o trajeto.
Ângela Maria, auxiliar de empresa, contou que estava esperando o ônibus sentido Brás havia duas horas e meia, desde as 4h30 da manhã. Percebendo que o ônibus não irá chegar, disse que iria voltar para casa. A camareira Margarida Cabral estava desde o mesmo horário aguardando o ônibus para chegar ao centro e contou que, como alternativa, iria pegar o trem e o metrô para chegar ao trabalho.
“No Terminal Campo Limpo, 12 linhas estão sendo estendidas até a Vila Sônia, onde os passageiros podem realizar a integração com o Metrô. As 11 linhas que vão até o Terminal Vila Nova Cachoeirinha estão levando os passageiros até o Metrô Barra Funda”, detalhou o órgão.
No Terminal Corinthians-Itaquera, os ônibus que vão para regiões mais distantes, como Ermelino Matarazzo, e para os terminais Dom Pedro e Bresser, por exemplo, não estão passando por conta da greve. Só estão fazendo viagens os chamados ônibus lotação, que são menores e circulam por dentro de bairros próximos.
O pintor Jovenilton dos Santos, de 42 anos, saiu de casa às 5 horas desta terça sem saber se os ônibus que levam ao seu trabalho, na Vila Formosa, passariam. Mas resolveu tentar.
Ao chegar na estação, no entanto, ele não encontrou ônibus que pudesse pegar. “Eu poderia ir ou no da Vila Carrão ou no do Tatuapé, mas não estão passando”, diz ele.
Pegar metrô, explicou, não compensaria, já que teria de pagar duas passagens. “Agora vou ter que voltar para casa para avisar o patrão”, conta o pintor, que é morador de Guianases.
Trabalhador da construção civil, Sidcley de Oliveira, de 42 anos explicou que só saiu de casa porque mora perto, a cerca de 10 minutos da estação. “Vim tentar a sorte”, disse. “Eu até tinha visto que os ônibus iam parar, mas decidi vir pra ver se arrumava algum que me atenderia.”
Não encontrou. Sidcley contou que também iria voltar para casa para avisar que não conseguiria ir ao trabalho, na região da Vila Carrão. “Infelizmente não tem o que fazer, mas pelo menos tentei.”
Relação de empresas com a operação paralisada em suas garagens
-Santa Brígida (Zona Norte);
-Gato Preto (Zona Norte);
-Sambaíba (Zona Norte);
-Express (Zona Leste);
-Viação Metrópole (Zona Leste);
-Ambiental (Zona Leste);
-Via Sudeste (Zona Sudeste);
-Campo Belo (Zona Sul);
-Viação Grajaú (Zona Sul);
-Gatusa (Zona Sul);
-KBPX (Zona Sul);
-MobiBrasil (Zona Sul);
-Viação Metrópole (Zona Sul);
-Transppass (Zona Oeste); e
-Gato Preto (Zona Oeste).
Relação das empresas operando normalmente – Grupo Local de Distribuição
-Norte Buss (Zona Norte)
-Spencer (Zona Norte)
-Transunião (Zona Leste)
-UPBUS (Zona Leste)
-Pêssego (Zona Leste)
-Allibus (Zona Leste)
-Transunião (Zona Sudeste)
-MoveBuss (Zona Leste)
-A2 Transportes (Zona Sul)
-Transwolff (Zona Sul)
-Transcap (Zona Oeste)
-Alfa Rodobus (Zona Oeste)
Demandas da categoria
“A princípio o setor patronal insistiu em oferecer apenas 10% de reajuste e ainda de modo parcelado. Agora, ofereceram os 12,47%, mas apenas a partir de outubro, o que é inadmissível. Sem o merecido reconhecimento, motoristas, cobradores e profissionais da manutenção cruzarão os braços nesta terça“, avisou o presidente em exercício do sindicato, Valmir Santana da Paz (Sorriso).
As negociações da campanha salarial dos condutores de São Paulo começaram em março, com diversas reuniões com o setor patronal. O pedido de 12,47% de reajuste salarial, referente ao índice do INPC/IBGE, foi aceito, mas só a partir de outubro – o sindicato exige que a proposta pegue a data-base de 1º de maio.
As empresas do transporte rodoviário urbano ofereceram o mesmo aumento de 12,47% também no valor do vale-refeição, mas também a partir de outubro. A negociação foi um pouco melhor do que na anterior, quando foi oferecido 10% de aumento nos mesmo moldes. Além de lutar por um aumento retroativo, o sindicato ainda quer uma Participação nos Lucros ou Resultados (PLR) de R$ 2.500 e fim das escalas com uma hora para refeição sem remuneração, entre outras coisas.
Na tarde da segunda-feira, 13, houve uma mediação das negociações entre as empresas do transporte rodoviário urbano do município de São Paulo e os trabalhadores do setor, com intermediação do desembargador Davi Furtado Meirelles. As tratativas não evoluíram e o sindicato optou por manter a greve de ônibus em São Paulo.
Liminar determinou 80% da frota no pico e prevê multa
O Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região (TRT-2) emitiu uma liminar determinando “a garantia da circulação de 80% do efetivo durante horários de pico (6h às 9h e 16h às 19h) e de 60% nos demais períodos”.
Em caso de descumprimento, haverá multa diária de R$ 50 mil e já está agendado para quarta-feira, 15, o julgamento do dissídio coletivo de greve da categoria.