Consumo: Sociedade está amadurecendo seu comportamento de compra

Em 2018, uma matéria do Instituto Claro trazia a informação de que os jovens não estavam tão preocupados com as questões ambientais e sociais relacionadas às suas atividades de compras

  • Data: 15/02/2023 09:02
  • Alterado: 15/02/2023 09:02
  • Autor: Bruna Bozano
Consumo: Sociedade está amadurecendo seu comportamento de compra

Crédito:Freepik

Você está em:

A revelação foi resultado da 5ª Edição da pesquisa “Panorama de Consumo Consciente no Brasil: desafios, barreiras e motivações”.

Entrevistando mais de 1000 pessoas com mais de 16 anos, em 12 capitais brasileiras, descobriu-se que a maior parcela da amostra se considerava indiferente ao impacto social e ambiental causado pelas suas compras.

Os entrevistados que mais se mostraram conscientes em relação ao consumo tinham entre 35 e 49 anos.

À época, Vargas Aron Belinky, coordenador do Centro de Estudos em Sustentabilidade da Fundação Getúlio, defendeu que o motivo do desinteresse dos jovens se dava por causa da falta de confiança na melhoria dos cenários político, econômico e ambiental.

Kavita Hamza, professora de administração da USP, ponderou o fato dizendo que “o comportamento sustentável é, às vezes, vinculado ao imaginário de um custo de vida alto. E esses jovens, que não têm renda, podem não se identificar”.

Em um ponto de vista convergente, ambos ressaltaram que os influencers não cumpriam um papel relevante no tangente às questões socio-ambientais.

Os sonhos e desejos da maioria dos jovens, há 5 anos atrás, era o de ter um estilo de vida saudável, e de ser dono do próprio carro – informações provenientes da pesquisa da Akatu.

Como a comercialização de carros elétricos no Brasil ainda estava longe de se popularizar, o fato dos jovens terem como um de seus principais objetivos a compra de um automóvel, deixava claro que a questão da poluição e dos congestionamentos estava longe de ser uma prioridade.

Na época, o que era levado em conta era a estética, o estilo, o preço, os juros dos financiamentos e o nível de dificuldade imposta pelos bancos na hora de aprovar o crédito.

Possíveis danos ambientais e sociais estavam muito distantes de serem preocupações.

EVOLUÇÃO

Se em 2018 os jovens se consideravam indiferentes às questões sociais e ambientais, 3 anos depois as coisas já eram bem diferentes.

A pandemia impulsionou novos hábitos e as pessoas passaram a refletir sobre a necessidade de ter uma quantidade incontável de roupas e itens caros.

Durante o período em que as pessoas não podiam mais sair para fazer compras presencialmente e optavam por comprar pela internet e receber seus pedidos através dos Correios, ficou muito mais fácil mensurar o comportamento do consumidor.

Cookies, pesquisas em buscadores e o enaltecimento de certas marcas, mostrou que as pessoas estavam procurando conhecer o comportamento das marcas antes de realizarem seus pedidos digitais.

A pesquisa sobre dicas de presentes, perfumes, etc, já apontava que os consumidores estavam levando muito mais em conta se os produtos eram ou não testados em animais, se a marca já havia tido problemas relacionados a trabalho análogo a escravidão, se as embalagens eram sustentáveis ou não, entre outras preocupações relacionadas a possíveis danos ao meio ambiente e outros seres (humanos ou não).

Foi em 2021 que mais ficou evidente entre a população jovem que o consumo consciente não é voto de pobreza. 

Em muitos casos, o preço de um produto ecologicamente correto e socialmente ético é até mais alto do que os produtos convencionalmente encontrados no mercado.

Há marcas que fazem real esforço para utilizar materiais sustentáveis, pagar funcionários de forma digna e destinar resíduos para descarte de forma que seja gerado o menor dano possível ao meio ambiente.

Em 2021, companhias gigantescas passaram a rever suas produções porque já haviam percebido que a mentalidade das pessoas estava mudando.

A Nike, por exemplo, criou uma linha de tênis para corrida produzida com resíduos e sobras do chão da própria fábrica, com o objetivo de reduzir o descarte de produtos que poderiam ser reaproveitados.

Ao contrário do que se pode imaginar, a linha estava longe de ficar entre as mais baratas da marca. Apesar disso, vendeu muito bem.

2023

Depois de 2021, a evolução do pensamento sobre consumo continuou evoluindo e as tendências para 2023 são bastante positivas.

Segundo publicação da organização Proteste, este ano prevalecerão:

Produtos veganos

Produtos que não são testados em animais e que não possuem nenhuma substância desta origem em sua composição.

As marcas que comercializam produtos veganos geralmente realizam seu processo produtivo de forma mais limpa, fazendo descarte consciente e destinando todos seus resíduos sólidos para coleta seletiva.

Compras Locais

O fortalecimento do comércio local e dos pequenos empreendedores tem ganhado força e tudo leva a crer que, em 2023, esse movimento deve ser ainda mais veloz.

A compra de pequenos negócios tem um impacto social muito positivo. Estimula a economia, mantém o fluxo financeiro das comunidades locais, gera empregos para a região e colabora com a redução da criminalidade

Redução do consumismo

O consumo exacerbado já saiu de moda e a compra consciente se tornou realidade.

Não se trata de comprar menos, mas comprar de forma mais inteligente, levando em conta o custo ambiental e social sobre os itens comprados.

Ganha-Ganha

O mercado está mudando e nessa onda de consciência todos saem ganhando.

Por uma questão lógica entende-se que uma marca que faz um produto eco-friendly, não pretende que sua embalagem ou que o próprio produto seja descartado precocemente.

Isso reduz os problemas de obsolescência programada (quando uma marca faz um produto com prazo para que ele se deteriore e deixe de ser útil – a fim de que o consumidor precise comprar outro para substituí-lo)

A consequência é que o consumidor, além de proteger seu ecossistema, também acessa produtos de melhor qualidade. O saldo é positivo para todos os envolvidos.

Compartilhar:

  • Data: 15/02/2023 09:02
  • Alterado: 15/02/2023 09:02
  • Autor: Bruna Bozano









Copyright © 2023 - Portal ABC do ABC - Todos os direitos reservados