Bebê considerada a menor prematura extrema a sair com vida de UTI neonatal no SUS tem alta
Durante cinco meses de internação, Emanuelly Yasmin, que nasceu no Hospital Municipal Vila Santa Catarina, recebeu cuidados de uma força-tarefa envolvendo a equipe de obstetrícia
- Data: 21/04/2023 14:04
- Alterado: 01/09/2023 17:09
- Autor: Redação
- Fonte: Prefeitura de São Paulo
Emanuelly recebe aplausos da equipe médica no momento de sua alta do hospital
Crédito:Divulgação
O sonho de Camila Soares, 27 anos, de ir para casa com sua filha nos braços se concretizou no dia 13 de abril, após deixar o Hospital Municipal Vila Santa Catarina – Dr. Gilson de Cássia Marques de Carvalho, onde Emanuelly Yasmin passou quase cinco meses internada para vencer a prematuridade extrema. Manu, como carinhosamente é chamada, nasceu no dia 18 de novembro do ano passado, com 26 semanas e 2 dias de gestação, pesando apenas 335 gramas.
Foi necessário fazer uma cesárea de urgência porque a mãe, que já havia tido dois abortamentos espontâneos anteriormente, estava com um quadro grave de pressão alta e doença da placenta, o que colocava a vida da bebê em risco.
“A mãe procurou o nosso pronto atendimento por pressão alta e restrição do crescimento da bebê na barriga. A equipe diagnosticou doença da placenta com risco para a bebê, e a internou para acompanhamento diário da vitalidade do feto”, relembra a coordenadora médica da pediatria, terapia intensiva pediátrica e da neonatologia do hospital, Luísa Zagne Braz.
Quatro dias depois da internação, em decorrência do aumento da pressão arterial e sinais de sofrimento fetal agudo identificados em ultrassom, a equipe de obstetrícia, em concordância com a mãe, decidiu pela realização da cesárea de urgência. Ao nascer, diante da extrema prematuridade, a bebê foi intubada com a menor cânula disponível no mercado e recebeu a passagem de cateter umbilical para garantir uma via confiável para nutrição e medicação, bem como para monitorização.
Segundo Renata Chopard, referência técnica da neonatologia do hospital, a equipe a colocou, então, em cuidados proporcionais, quadro no qual cada conduta invasiva era ponderada por um time multidisciplinar e focada na recém-nascida. “Era necessário adaptá-la à nova condição com mínima manipulação. Não podíamos, por exemplo, realizar coletas de exames frequentes, a fim de que ela continuasse seu desenvolvimento como se ainda estivesse dentro da barriga”, explica, sobre o período em que Manu passou na incubadora, que simulava o útero da mãe.
O caso foi gerenciado desde o início por uma força-tarefa envolvendo a equipe de obstetrícia e neonatologia do Vila Santa Catarina em parceria com a Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein, que administra o hospital, a fim de garantir um cuidado multidisciplinar individualizado.
Todo o procedimento também contou com um equipamento que captava a pequena quantidade de ar para ventilar adequadamente os pulmões prematuros e depois a atividade do diafragma para o suporte ventilatório adequado à bebê, necessário durante sua passagem pela UTI neonatal.
“A equipe materno-infantil do Hospital Municipal Vila Santa Catarina atua de forma integrada com a organização parceira Einstein, seguindo os mesmos protocolos assistenciais, incluindo o mesmo formato de acompanhamento pré-natal. Em casos considerados únicos ou delicados, como esse, é comum os times compartilharem práticas e realizarem discussões sobre o suporte necessário para o melhor desfecho da paciente”, afirma a neonatologista Romy Schimidt Brock Zacharias, coordenadora médica do Serviço de Neonatologia do Einstein.
Extubada no dia 8 de fevereiro deste ano, aos 2 meses e 22 dias de vida e pesando 1,3 kg, a bebê recebeu alta da UTI neonatal na ocasião e seguiu sendo acompanhada na Unidade de Cuidados Intermediários Neonatais (Ucin), onde foram realizadas terapia motora e respiratória com fisioterapia, além de fonoaudiologia para treinamento e progressão para a dieta oral.
Suporte multidisciplinar continua
Atualmente, Manu pesa 2,3 kg e está com 5 meses de vida. A bebê é considerada a menor prematura extrema com desfecho positivo a sair de uma UTI neonatal no Sistema Único de Saúde (SUS), tendo recebido alta hospitalar em abril.
O acompanhamento das equipes de saúde, no entanto, continua: a bebê segue recebendo cuidados por meio da Unidade Básica de Saúde (UBS) de referência e também de uma equipe multidisciplinar do hospital (pediatra, fisioterapeuta e enfermeira), que a visita semanalmente, como parte do programa Melhor em Casa. Ela também tem suporte de oxigênio instalado em domicílio.
“Eu sempre quis ser mãe, e tudo o que a equipe do hospital fez e continua fazendo pela Manu permitiu que este sonho se realizasse”, diz Camila.
Sobre o Hospital Municipal Vila Santa Catarina
Entregue em 2015, o Hospital Municipal Vila Santa Catarina – Dr. Gilson de Cássia Marques de Carvalho foi a primeira unidade de alta complexidade da rede municipal de São Paulo. Hoje, conta com 253 leitos operacionais e estrutura para atendimentos oncológicos e maternidade. A unidade é referência em alta complexidade e pré-natal de alto risco para gestantes.
Em maio do ano passado o hospital ganhou ainda o Centro de Alta Tecnologia em Diagnóstico e Intervenção Oncológica Bruno Covas, com oferta de 2.580 exames de diagnóstico por mês, 300 vagas de consultas para novos casos, cirurgia robótica e teleoncologia.