A pátria não se vende, grita multidão contra reformas de Javier Milei na Argentina
Uma multidão ocupou as ruas do centro de Buenos Aires que circundam o Congresso Nacional, onde a partir desta quinta (25) deputados votarão um pacotão de leis proposto pelo presidente ultraliberal.
- Data: 24/01/2024 15:01
- Alterado: 24/01/2024 15:01
- Autor: Júlia Barbon
- Fonte: FOLHAPRESS
Crédito:Luis Robayo/AFP
A mesma praça onde milhares de apoiadores de Javier Milei ouviam seu discurso de posse, há apenas um mês e meio, foi tomada por manifestantes contra o presidente argentino nesta quarta-feira (24). Dezenas de imagens de leões, então, deram lugar a placas com os dizeres “a pátria não se vende”.
Uma multidão ocupou as ruas do centro de Buenos Aires que circundam o Congresso Nacional, onde a partir desta quinta (25) deputados votarão um pacotão de leis proposto pelo presidente ultraliberal. O projeto desregulamenta a economia e corta gastos públicos, abrindo caminho para a privatização de 40 empresas estatais.
O protesto faz parte de uma greve geral que paralisou diversos setores no país nesta quarta, como bancos, aeroportos, serviços públicos e indústrias, principalmente das 12h à 0h. Parte dos comércios e empresas, porém, seguiu aberta, e os transportes na capital argentina funcionarão até as 19h, aguardando o fim do ato.
A paralisação foi convocada há semanas pela CGT (Confederação Geral dos Trabalhadores), maior central sindical do país, contra a chamada “lei ônibus” e também contra um decreto de Milei com 366 artigos que impôs uma série de reformas liberais no país. Ao longo dos dias, centenas de outros grupos foram se somando.
A partir das 12h, eles marcharam em colunas separados em grupos, como de praxe pela avenida de Maio, uma das principais da cidade, até a frente do Congresso, ocupando uma área de mais de um quilômetro. Diversas ruas do entorno também ficaram tomadas por manifestantes, parte deles sem ligação com nenhuma organização.
O ato colocou mais uma vez à prova o “protocolo antipiquetes” criado por Milei e sua ministra da Segurança, Patricia Bullrich. Alvo de controvérsias, esse protocolo consiste em usar forças de segurança federais para impedir o bloqueio de vias durante protestos, estratégia recorrente no país.
Na prática, grande parte da região ficou com o trânsito bloqueado para carros mesmo assim, pela quantidade de gente. Barreiras de policiais, no entanto, conseguiram evitar que algumas pequenas ruas e grandes avenidas como a Nova de Julho fossem completa e permanentemente bloqueadas.