A dura realidade dos trabalhadores no carnaval

Enquanto a elite se diverte no Sambódromo, trabalhadores lutam com jornadas longas e salários baixos, revelando a dura realidade por trás da folia

  • Data: 03/03/2025 09:03
  • Alterado: 03/03/2025 09:03
  • Autor: Redação
  • Fonte: G1
A dura realidade dos trabalhadores no carnaval

Sambódromo do Anhembi

Crédito:SPTurismo/Divulgação

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Enquanto um seleto grupo de aproximadamente 7,5 mil pessoas desfruta das festividades nos camarotes do Sambódromo do Anhembi, em São Paulo, um contingente considerável de trabalhadores se dedica incansavelmente para garantir a infraestrutura do evento. Com ingressos que podem chegar a R$ 3.760 por dia, o contraste entre a diversão dos foliões e a árdua rotina dos funcionários é notório.

Os trabalhadores desempenham funções essenciais, como limpeza, segurança e serviços de alimentação, passando horas em pé para proporcionar conforto e entretenimento aos convidados. Por exemplo, as equipes encarregadas da limpeza dos banheiros iniciam seu turno às 17h30 de sábado (1°), e permanecem no local até cerca das 8h do domingo (2), quando o último cliente deixa o espaço.

Bruno Silva, um ajudante-geral de 19 anos que viajou de Suzano, na Grande São Paulo, destaca que sua jornada de trabalho lhe renderá R$ 120. Apesar das dificuldades enfrentadas após ter sido demitido no ano passado, ele expressa gratidão pela oportunidade: “Esses trabalhos temporários têm ajudado a pagar as contas em casa”, relata Bruno.

Ao ser informado sobre o preço elevado dos ingressos, ele demonstra surpresa: “É muito dinheiro para uma noite de diversão!” A percepção sobre a disparidade econômica é compartilhada por outros trabalhadores do evento.

Lucas Durães, motorista de aplicativo e também funcionário no evento, menciona que sua diária é de R$ 240 por 12 horas de trabalho. Junto com sua esposa Lívia, eles tentam equilibrar as contas enquanto aproveitam a oportunidade de ouvir música ao vivo: “É uma realidade distante pagar mais de R$ 3 mil por uma noite”, afirma Lucas.

A situação é ainda mais desafiadora para Lívia, técnica em enfermagem sem emprego fixo. Ambos concordam que essas oportunidades temporárias são vitais para complementar a renda familiar.

Por outro lado, as promotoras de eventos presentes nos camarotes recebem diretamente das marcas e possuem uma remuneração superior à média dos demais trabalhadores. Cícera da Silva, psicóloga e promotora, revela que seu valor diário é de R$ 500 e destaca a possibilidade de acompanhar os desfiles das escolas de samba durante os intervalos: “A dedicação é fundamental para suportar as longas horas de festa”, explica.

No setor de segurança do evento, os vigilantes enfrentam desafios próprios. Douglas Ferreira menciona que recebe R$ 180 por dia, enfatizando a exigência física do trabalho: “Quanto mais rico é o público, maior é a pressão sobre nós. As revistas devem ser rigorosas e não podemos relaxar durante nosso turno”, observa.

A experiência dos trabalhadores nos camarotes do Anhembi expõe uma faceta pouco visível das festividades: enquanto os foliões desfrutam da celebração, uma rede inteira de profissionais luta para tornar essa experiência possível, muitas vezes em condições desafiadoras e com remunerações que refletem as desigualdades sociais presentes na sociedade.

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  • Data: 03/03/2025 09:03
  • Alterado:03/03/2025 09:03
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