Daiane dos Santos é a convidada do Provocações
A atleta diz que foi injusta sua suspensão por antidoping em 2010. O programa vai ao ar na terça-feira (5/11), às 23h30, na TV Cultura
- Data: 04/11/2013 15:11
- Alterado: 04/11/2013 15:11
- Autor: Redação
- Fonte: Fundação Padre Anchieta
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A ginasta Daiane dos Santos é a convidada do Provocações, que será exibido nesta terça-feira (5/11), às 23h30, na TV Cultura. Ela conta para Antônio Abujamra sobre sua suspensão por antidoping em 2010, das dificuldades da carreira e do preconceito racial.
A medalhista olímpica explica que o esporte entrou casualmente em sua vida. “Na verdade, foi a ginástica que me descobriu, não fui eu quem descobriu a ginástica”. Ela não se considera a maior ginasta em sua categoria e declara: “Sempre acho que fiz parte do segmento de ginastas que atingiram o sucesso no esporte”.
Descoberta tardiamente, aos 11 anos, a esportista revela que a rotina e o caminho para se atingir o auge não é fácil: “O atleta de alto rendimento acaba tendo restrições. Na ginástica, a gente tem a restrição de comer, tem o limite de peso muito pequeno e muito rígido. A gente tem restrição de ver a família”.
Daiane esclarece que na época do exame antidoping, em 2010, ela não estava em competição e nem em treinamento. “Teve todo um julgamento, eu fui até Lausanne, onde tem a sede da FIG (Federação Internacional de Ginástica), e conseguimos constatar que naquela época não seria um doping realmente, porque eu não estava competindo. Na verdade, para ser doping a gente tem que estar em período competitivo ou em período de treinamento e, naquela época, nenhum dos dois eu poderia fazer. Mas, por eu ser uma atleta de seleção… “
Ela ainda ressalta o rigoroso controle de peso durante o período olímpico. “A gente sempre pesa quatro vezes por dia. Uma antes do treino da manhã, uma depois do treino, uma antes do treino da tarde e uma depois do treino da tarde”. Mas, para ela, essa rotina árdua não é em vão: “Tudo o que a gente faz com amor e com dedicação vale a pena. Acho que, como tudo na vida, a gente tem dois pontos. Pra gente ter alguma coisa tem que sacrificar outra coisa”
Segundo a atleta, o esporte no Brasil encontra-se em um momento delicado. “A gente teve uma troca de presidente e isso acabou trazendo situações complicadas para a ginástica. Eu espero que isso seja superado e que a gente tenha uma grande equipe pra 2016”.
Além da conversa sobre ginástica olímpica, Daiane fala também sobre preconceito racial: “Eu acho que não existe um negro que não tenha sido vítima de preconceito no Brasil, só que o preconceito no Brasil é obscuro. Ele vem agregado a outras coisas. As pessoas, às vezes, têm uma ideia errônea de pensar que quando você muda a sua situação financeira esse preconceito vai passar, mas não é bem assim. Eu acho que ele fica. Um pouco camuflado, mas ele está ali, presente”.