Marcelo Rubens Paiva diz por que acha que “Ainda Estou Aqui” é um sucesso
Marcelo Rubens Paiva reflete sobre o impacto do filme 'Ainda Estou Aqui', que revela a luta de sua família durante a Ditadura Militar no Brasil.
- Data: 19/03/2025 00:03
- Alterado: 19/03/2025 00:03
- Autor: Redação ABCdoABC
- Fonte: Assessoria
O renomado escritor Marcelo Rubens Paiva discutiu na última terça-feira (18) o impacto significativo do filme “Ainda Estou Aqui”, que retrata a história de sua própria família. Durante uma participação no programa Provoca, da TV Cultura, ele analisou os fatores que contribuíram para o sucesso da obra dirigida por Walter Salles.
Paiva destacou a meticulosidade com que o projeto foi desenvolvido ao longo de sete anos, desde que Salles o contatou para discutir a produção. “Esse filme foi muito bem planejado. Quando Waltinho me procurou, nós tivemos várias conversas e eu estava bastante envolvido com Cinema naquela época”, lembrou o autor.
Em sua análise, ele comentou sobre as particularidades dos filmes que abordam a Ditadura Militar no Brasil, expressando sua crítica: “Filmes sobre Ditadura geralmente carregam um tom raivoso, algo que sempre percebi. Este, no entanto, se trata de uma narrativa familiar, que revela as grandes vítimas desse período: as famílias”. Ele enfatizou a importância de humanizar a história, mostrando uma família comum que teve sua rotina abruptamente interrompida por uma violência sem precedentes.
Paiva lamentou profundamente a perda de seu pai, Rubens Paiva, um dos desaparecidos durante o regime militar. “Meu pai é um morto, uma vítima cuja história permanece sem respostas definitivas. É como um quebra-cabeça em que tentamos juntar as peças, mas nunca conseguimos completar”, desabafou.
O escritor expressou sua surpresa ao ver a recriação da casa onde cresceu com seus pais e irmãos, afirmando que a semelhança com o lar real trouxe à tona memórias intensas e emocionais. O filme apresenta a trajetória da família após o sequestro de Rubens Paiva em janeiro de 1971, interpretado por Selton Mello. A esposa Eunice, vivida por Fernanda Torres, e os filhos são retratados lutando por justiça enquanto tentam reconstruir suas vidas.
A obra cinematográfica alcançou um marco inédito ao se tornar o primeiro filme brasileiro a receber o Oscar na categoria Melhor Filme Internacional no início de março, solidificando ainda mais sua relevância na indústria cinematográfica.

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