A Revolução da inteligência artificial no mercado de trabalho: oportunidades e desafios

Pesquisadores dizem que aprendizado e qualificação são fundamentais para os trabalhadores se adaptarem e não perder competitividade

  • Data: 03/03/2025 08:03
  • Alterado: 03/03/2025 08:03
  • Autor: Redação
  • Fonte: Agência SP
A Revolução da inteligência artificial no mercado de trabalho: oportunidades e desafios

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O cenário do mercado de trabalho está passando por uma transformação significativa, impulsionada pelo avanço das tecnologias de inteligência artificial (IA). Os efeitos dessa revolução tecnológica são cada vez mais perceptíveis, influenciando profissões existentes e criando novas oportunidades. Embora algumas funções possam desaparecer, como os cargos de operadores de call center e tradutores, a expectativa é que novas ocupações surjam em resposta às demandas emergentes.

Pesquisas recentes sugerem que a inteligência artificial poderá gerar um número maior de empregos do que aqueles que serão extintos. Um estudo da PwC, reconhecida consultoria em gestão de riscos corporativos, estima que a IA possa criar cerca de 2,7 milhões de postos de trabalho líquidos no Reino Unido até 2037. Adicionalmente, uma pesquisa da Zendesk revela que 75% dos consumidores acreditam que a IA já está transformando os serviços oferecidos pelas empresas.

Em meio a essas mudanças, o professor Evandro Eduardo Seron Ruiz, especialista em Ciências da Computação na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da USP, salienta as novas profissões que podem emergir ou ser potencializadas pela tecnologia. No entanto, ele também alerta sobre o risco de eliminação de determinadas funções. Segundo Ruiz, “A inteligência artificial tem o potencial de criar novos empregos e melhorar funções já estabelecidas, especialmente nas áreas de tecnologia da informação, marketing digital, ciência de dados e assistência virtual. Contudo, funções que dependem predominantemente de tarefas repetitivas tendem a desaparecer com o tempo”.

O professor enfatiza a importância das habilidades necessárias para prosperar nesse novo ambiente laboral. “A alfabetização digital é fundamental, pois envolve o entendimento e domínio das ferramentas digitais disponíveis. Além disso, a adaptabilidade e a flexibilidade são essenciais para se ajustar às inovações tecnológicas e ambientes de trabalho dinâmicos”, destaca.

Impactos Econômicos

O professor Luciano Nakabashi, da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA-RP) da USP e especialista em crescimento econômico, analisa os efeitos econômicos gerados pela inteligência artificial. Embora reconheça as consequências imediatas dessas transformações, Nakabashi observa que o crescimento econômico está intimamente ligado ao avanço tecnológico, que impulsiona a produtividade. “Embora os efeitos gerais sejam positivos, há sempre ganhadores e perdedores no curto prazo. As novas tecnologias podem substituir certos tipos de trabalho e produtos, criando desafios para alguns setores”, explica.

Para Nakabashi, aqueles que utilizarem a IA para aumentar sua produtividade terão vantagens competitivas. Ele ressalta que o Brasil ainda não está totalmente preparado para enfrentar essas mudanças: “O país enfrenta desafios relacionados à qualificação da mão de obra e à capacitação dos empresários. Contudo, é crucial aproveitar as oportunidades criadas pela nova tecnologia. A formação contínua será vital para fortalecer a economia e gerar novos postos de trabalho”.

Educação e Formação Profissional

Diante das rápidas transformações proporcionadas pela inteligência artificial, o professor José Eduardo Santarem Segundo, também da FFCLRP e especialista em Tecnologia da Informação, destaca a necessidade urgente de adaptar o sistema educacional para preparar os profissionais para esta nova realidade. “É essencial incorporar gradualmente disciplinas que introduzam os alunos ao universo da IA, uma vez que ela se faz presente em todas as áreas do conhecimento”, afirma.

O professor sugere práticas concretas para essa adaptação curricular: “Deve-se reservar espaço nas grades acadêmicas para disciplinas que complementem o ensino em estatística e promovam o desenvolvimento prático em projetos com dados”. Ele também identifica três linhas principais de formação profissional necessárias para capacitar os trabalhadores neste novo mercado:

  • A primeira linha relaciona-se à computação, matemática e estatística, voltada para quem busca aprimorar algoritmos e modelos de aprendizado.
  • A segunda linha é mais aplicada e destina-se aos profissionais responsáveis pela infraestrutura necessária à implementação da IA.
  • A terceira linha é voltada aos cientistas de dados — especialistas em análise interpretativa de dados para oferecer soluções estratégicas.
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  • Data: 03/03/2025 08:03
  • Alterado:03/03/2025 08:03
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  • Fonte: Agência SP









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