Nova armadilha inteligente promete revolucionar o combate ao Aedes aegypti com tecnologia de ponta
Equipamento combina dispositivos de internet das coisas, câmeras de alta resolução e algoritmos de inteligência artificial para capturar e identificar fêmeas do Aedes aegypti, sem afetar outros insetos
- Data: 24/02/2025 11:02
- Alterado: 24/02/2025 11:02
- Autor: Redação
- Fonte: Agência SP
Pesquisadores do Instituto Nacional de Telecomunicações (Inatel), localizado em Santa Rita do Sapucaí, Minas Gerais, apresentaram uma inovadora armadilha inteligente destinada à captura e monitoramento de fêmeas do mosquito Aedes aegypti, conhecido por ser o vetor de doenças como dengue, febre amarela, zika e chikungunya.
Este dispositivo foi desenvolvido por meio de um projeto que conta com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), em colaboração com os ministérios da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e das Comunicações (MC). Os detalhes da pesquisa foram divulgados em um artigo publicado na revista Sensors.
Conforme explicou Samuel Baraldi Mafra, professor no Inatel e coordenador do projeto, a armadilha foi idealizada para ser utilizada por órgãos de vigilância epidemiológica. O objetivo é aprimorar o monitoramento e controle da proliferação do mosquito Aedes aegypti, especialmente em áreas urbanas que apresentam difícil acesso.
A estrutura da armadilha apresenta um formato dodecaédrico e possui 50 centímetros de altura. O dispositivo integra tecnologias de internet das coisas (IoT) com câmeras de alta resolução e sofisticados algoritmos de aprendizado de máquina e visão computacional.
Os insetos são atraídos para a armadilha através de uma mistura composta por água, açúcar e feromônio. Uma câmera interna posicionada no tubo de entrada captura imagens dos insetos em tempo real, utilizando recursos tanto diurnos quanto noturnos. Essas imagens são analisadas por um algoritmo de inteligência artificial que determina a presença dos “prisioneiros“, diferenciando se são mosquitos Aedes aegypti, abelhas ou borboletas.
Segundo Mafra, as características morfológicas do Aedes aegypti, como as manchas brancas e as pernas longas, são facilmente identificáveis pelo algoritmo desenvolvido. Após a identificação do mosquito, ventoinhas localizadas na parte frontal da armadilha são ativadas automaticamente. Esse sistema cria um fluxo de ar que direciona o mosquito para um recipiente com um líquido pegajoso, onde ele permanece preso.
No caso da detecção de abelhas ou borboletas, ventoinhas instaladas na parte traseira expulsam esses insetos para fora do dispositivo, evitando sua captura. Este diferencial de seletividade é destacado por Mafra como uma importante inovação em relação a armadilhas anteriores, pois protege espécies que estão em declínio.
A armadilha também está equipada com um módulo GPS que permite o monitoramento em tempo real da localização do equipamento. Essa funcionalidade facilita a coleta de dados geoespaciais e a análise dos padrões populacionais dos mosquitos. Os pesquisadores enfatizam que isso possibilita intervenções mais ágeis nas ações de saúde pública, fornecendo uma análise detalhada sobre o comportamento dos mosquitos e contribuindo para um controle mais efetivo das doenças transmitidas por eles.
Mafra acrescenta que o sistema de comunicação embutido na armadilha permite acompanhamento remoto sem a necessidade de deslocamentos para verificar a eficácia da captura.
Os testes iniciais realizados pelos pesquisadores incluíram experimentos tanto em laboratório quanto em campo, especificamente em praças públicas e nas proximidades de córregos na cidade. Os resultados mostraram que a armadilha alcançou uma taxa de precisão de 97% na detecção do Aedes aegypti, 100% no reconhecimento de abelhas e 90,1% na classificação correta das borboletas durante os testes laboratoriais.
Embora os resultados sejam promissores, Mafra ressalta a intenção dos pesquisadores em aprimorar o dispositivo. Eles planejam reduzir os custos e desenvolver um protótipo final da armadilha; a versão atual é voltada principalmente para estudos científicos.
A fabricação do protótipo ocorre no Laboratório de Ideação (Fab Lab) do Inatel. Os pesquisadores buscam utilizar materiais mais resistentes às condições climáticas adversas para garantir a proteção das partes eletrônicas do equipamento contra chuvas intensas e altas temperaturas.